domingo, 11 de novembro de 2012

Soberania dos Estados e poder político “estão capturados pelos poderes económicos"

 

JEF -  VC – Lusa, com foto
 
Coimbra, 10 nov. (Lusa) – António Arnaut, advogado e antigo ministro dos Assuntos Sociais, afirmou hoje, em Coimbra, que “a soberania dos Estados” e “o poder político estão capturados pelos poderes económicos”.
 
“Porque não se tocou nas PPP [parcerias público-privadas], porque não se foi buscar dinheiro às rendas das empresas de energia, porque cedemos 'golden share' de graça?”, questionou Arnaut, que intervinha num debate sobre “a democracia e o futuro”.
 
“Falamos de sustentabilidade do Estado social, mas deixamos as PPP com rendimentos” que equivalem a “juros de 15 ou 20%”, sublinhou.
 
“Não tributamos as grandes fortunas e os grandes rendimentos”, com o argumento de não se provocar, assim, a deslocalização de empresas para outros países, mas “19 das 20 empresas do PSI 20 [índice Euronext Lisboa] têm sede no estrangeiro”, criticou o fundador do Serviço Nacional de Saúde.
 
Os países do sul da Europa estão “numa situação de emergência”, é legítimo que, “por sobrevivência se levantem e ergam a sua voz”, indo, “se for preciso, para a rua”, sustentou Arnaut.
 
“Não podem ser os grandes senhores da banca a mandarem nos governos”, sublinhou, considerandos que “os governantes, salvo algumas exceções, que as há, também em Portugal, normalmente estão ao serviço das grandes empresas”, acusou.
 
“O povo tem de tomar o poder da palavra” e, “como dizia Miguel Torga, o povo tem o terrível poder de dizer não”.
 
Defendendo que “a chanceler Merkl deve ser bem recebida”, no dia 12, em Lisboa, pois “é nossa convidada”, António Arnaut considerou que isso não significa, no entanto, que não haja manifestações – “ainda nos podemos manifestar”.
 
Na sessão, a segunda do ciclo Conferencias Políticas, subordinado ao tema “a democracia e o futuro”, que decorreu na sala polivalente da Casa Municipal de Cultura de Coimbra, participaram também, sob moderação da jornalista da RTP Fátima Campos Ferreira, António Arnaut, Avelãs Nunes, Carvalho da Silva e José Miguel Júdice.
 
As Conferências políticas, organizadas pela Câmara Municipal de Coimbra, em cooperação com a Fundação Bissaya Barreto, integram-se nas comemorações dos 300 anos do nascimento do filósofo iluminista Jean-Jacques Rosseau e dos 250 anos da primeira publicação de ‘O Contrato Social’, obra que, como referem os promotores da iniciativa, “promove e defende conceitos como a inalienável liberdade do Homem ou a soberania do Povo, dois alicerces teóricos da Democracia contemporânea”.
 

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