domingo, 11 de novembro de 2012

Líder dos Socialistas Europeus no PE sugere "aliança" dos países do sul com Hollande

 

ACC – HB - Lusa
 
Bruxelas, 11 nov (Lusa) - O líder dos Socialistas Europeus no Parlamento Europeu, Hannes Swoboda, considera que Portugal deveria "aliar-se" com outros países do sul e com a França de François Hollande para tentar convencer a chanceler alemã a mudar de política.
 
Em declarações a jornalistas portugueses em Bruxelas, o dirigente austríaco criticou a política de austeridade defendida por Angela Merkel e imposta pela 'troika', que classifica de "destroika, pois só destrói", e apontou que "é difícil para um país como Portugal", sozinho, opor-se à Alemanha, "mas juntamente com outros países, poderia fazer algo".
 
"Os países do sul poderiam aliar-se, e aliar-se com (o presidente francês, François) Hollande, para deixar claro a Merkel que este tipo de política não é aceitável", sustentou, em vésperas da visita da chanceler alemã a Portugal.
 
Defendendo que uma aliança entre Portugal, Espanha, Itália, Grécia e França formaria uma "voz forte" que Berlim teria de escutar, o líder parlamentar dos Socialistas Europeus reiterou as críticas à política de Merkel, por ser apenas focada na disciplina orçamental, comentando que "há muita gente, mesmo na Alemanha, de esquerda mas também de centro, que considera que as propostas de governação vão na direção errada e deveria haver um maior equilíbrio".
 
Para Swoboda, a necessidade de reformas estruturais é real, mas para países como Portugal deveriam ser concebidos programas de reformas "duros mas realistas, que gerassem crescimento a curto prazo, e não apenas recessão", e geridos politicamente com a participação dos parceiros sociais, e não pela 'destroika', que não tem "legitimidade democrática" e "não é responsável perante ninguém".
 
O responsável político defende ainda que deveria ser dado mais tempo aos países resgatados para pagarem os empréstimos, e com taxas de juro mais baixas, pois as atuais são incomportáveis, e deu o exemplo do seu país, a Áustria, que pagou durante décadas os empréstimos que teve de contrair durante as duas Grandes Guerras.
 
Observando que a Alemanha tem o "trauma" da inflação - embora defenda que o "desastre" nazi surgiu devido ao desemprego, e não por causa da inflação -, Swoboda disse ainda assim esperar que o país assuma uma posição "mais flexível" depois das eleições do próximo ano, mesmo que Merkel seja reeleita, não só porque as sondagens apontam para que os socialistas (SPD) obtenham um bom resultado, mas porque também acabam as "guerras internas", na base de muitas posições assumidas por Berlim no contexto europeu.
 
Os Socialistas Europeus (grupo que inclui a delegação do PS) formam o segundo maior grupo político da assembleia europeia, com 190 deputados, atrás do Partido Popular Europeu (a "família" de Merkel, que inclui as delegações do PSD e CDS-PP), que ocupa 270 assentos, e à frente dos Liberais, com 85 lugares.
 

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