ACC – HB - Lusa
Bruxelas, 11 nov
(Lusa) - O líder dos Socialistas Europeus no Parlamento Europeu, Hannes
Swoboda, considera que Portugal deveria "aliar-se" com outros países
do sul e com a França de François Hollande para tentar convencer a chanceler
alemã a mudar de política.
Em declarações a
jornalistas portugueses em Bruxelas, o dirigente austríaco criticou a política
de austeridade defendida por Angela Merkel e imposta pela 'troika', que
classifica de "destroika, pois só destrói", e apontou que "é
difícil para um país como Portugal", sozinho, opor-se à Alemanha,
"mas juntamente com outros países, poderia fazer algo".
"Os países do
sul poderiam aliar-se, e aliar-se com (o presidente francês, François)
Hollande, para deixar claro a Merkel que este tipo de política não é
aceitável", sustentou, em vésperas da visita da chanceler alemã a
Portugal.
Defendendo que uma
aliança entre Portugal, Espanha, Itália, Grécia e França formaria uma "voz
forte" que Berlim teria de escutar, o líder parlamentar dos Socialistas
Europeus reiterou as críticas à política de Merkel, por ser apenas focada na
disciplina orçamental, comentando que "há muita gente, mesmo na Alemanha,
de esquerda mas também de centro, que considera que as propostas de governação
vão na direção errada e deveria haver um maior equilíbrio".
Para Swoboda, a
necessidade de reformas estruturais é real, mas para países como Portugal
deveriam ser concebidos programas de reformas "duros mas realistas, que
gerassem crescimento a curto prazo, e não apenas recessão", e geridos politicamente
com a participação dos parceiros sociais, e não pela 'destroika', que não tem
"legitimidade democrática" e "não é responsável perante
ninguém".
O responsável
político defende ainda que deveria ser dado mais tempo aos países resgatados
para pagarem os empréstimos, e com taxas de juro mais baixas, pois as atuais
são incomportáveis, e deu o exemplo do seu país, a Áustria, que pagou durante
décadas os empréstimos que teve de contrair durante as duas Grandes Guerras.
Observando que a
Alemanha tem o "trauma" da inflação - embora defenda que o
"desastre" nazi surgiu devido ao desemprego, e não por causa da
inflação -, Swoboda disse ainda assim esperar que o país assuma uma posição
"mais flexível" depois das eleições do próximo ano, mesmo que Merkel
seja reeleita, não só porque as sondagens apontam para que os socialistas (SPD)
obtenham um bom resultado, mas porque também acabam as "guerras
internas", na base de muitas posições assumidas por Berlim no contexto
europeu.
Os Socialistas
Europeus (grupo que inclui a delegação do PS) formam o segundo maior grupo
político da assembleia europeia, com 190 deputados, atrás do Partido Popular
Europeu (a "família" de Merkel, que inclui as delegações do PSD e
CDS-PP), que ocupa 270 assentos, e à frente dos Liberais, com 85 lugares.
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