domingo, 11 de novembro de 2012

Portugal: PCP disponível para “governo de esquerda”, PS recusa “rasgar compromissos

 


Reacções à VIII Convenção do BE
 
Público - Lusa
 
O PCP está disponível para um governo de esquerda com todos os que queiram romper com a política de “desgraça”. Armindo Miranda, da Comissão Política do PCP, disse no entanto que “dificilmente” o PS o poderá integrar devido à sua prática governativa. Os socialistas recusam o que diz ser a destruição de financiamento da economia.
 
“Nós estamos disponíveis para falar com todos os democratas, todas as forças, todos os sectores, que estejam disponíveis, convicta e seriamente, para romper com esta política que tanta desgraça trouxe ao nosso povo”, declarou o dirigente comunista, no final da VIII Convenção do Bloco de Esquerda (BE), em Lisboa.

Armindo Miranda
assumiu a necessidade de um governo de esquerda para “retirar o sofrimento” e, questionado sobre se é possível incluir os socialistas nesse governo, afirmou que “o PS é que tem de decidir”. Ainda assim, acusou os socialistas de terem “um compromisso de sangue com os banqueiros e os grupos económicos”.

“Em relação ao que propomos achamos que a grande maioria dos apoiantes do PS está de acordo connosco, em relação à direcção do PS já temos muitas dúvidas”, declarou. João Assunção Ribeiro, que chefiou a delegação do PS naquela convenção, confirmou-o: os socialistas recusam tanto o que entende ser o caminho de destruição das condições de financiamento da economia como a via do Governo de “destruição do estado social”.

João Assunção Ribeiro falava aos jornalistas no final da VIII Convenção do Bloco de Esquerda, no pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, onde chefiou a delegação do PS presente na sessão de encerramento deste evento político.

Durante os dois dias de convenção, a direcção do BE colocou ao PS a condição de “romper com o memorando” da troika para a existência em Portugal de uma convergência política, tendo em vista a formação de um governo de unidade de esquerda.

Perante esta exigência dos bloquistas, João Ribeiro, membro do Secretariado Nacional do PS, advertiu que “seria uma irresponsabilidade pôr em causa o financiamento de Portugal”. “Seria uma irresponsabilidade rasgar compromissos de estado. Não é esse o caminho do PS.”

O porta-voz do PS voltou a criticar o BE ao referir-se aos episódios políticos que estiveram na origem da queda do executivo socialista em Março de 2011. “Esta convenção não vai rever a história numa coisa que não se pode esquecer: O Bloco de Esquerda também tem responsabilidade na existência de um governo e de uma maioria de direita em Portugal. O PS não esquece isso”, advertiu.

Trabalhadores devem “juntar forças e vontades”

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, defendeu por seu lado que os trabalhadores devem “juntar forças e vontades” em torno do que os pode “unir”, “independentemente dos posicionamentos políticos ou sindicais”, para encontrar “outro caminho para Portugal”.

“Em vez de centrarmos a nossa discussão naquilo que nos divide, o que é importante é juntarmos as nossas forças e vontades em torno do que nos pode unir, é nisto que trabalhamos todos os dias na CGTP, independentemente dos posicionamentos políticos ou sindicais que os trabalhadores e outras pessoas que vivam em Portugal tenham, o que importa é unirmo-nos e avançar”, declarou o líder sindical.

O secretário-geral da Intersindical considerou, no final da sessão de encerramento da convenção, que “os dois problemas de fundo” do país “são o memorando e a política de direita” e deixou um apelo à participação na greve geral da próxima quarta-feira.

“Temos já esse grande desafio que é a greve geral, demonstrar que estamos descontentes, estamos indignados, mas que temos esperança e confiança de que com as nossas propostas, as nossas soluções, possamos encontrar outro caminho para Portugal”, disse.
 

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