domingo, 11 de novembro de 2012

Portugal: ATIVISTAS QUEREM PANOS NEGROS CONTRA MERKEL

 

Fabíola Maciel - Público
 
Incerteza sobre o percurso da visita da chanceler alemã obriga movimentos a organizar manifestações em vários locais de Lisboa. Apesar da dispersão geográfica, todos têm o mesmo objectivo: mostrar a Angela Merkel que não é bem-vinda a Portugal.
 
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho pediu aos portugueses que recebam bem a chanceler alemã Angela Merkel, mas alguns portugueses – que segundo Vítor Gaspar são o “melhor povo do mundo” –, não lhe vão fazer a vontade. Um pouco por todo o país, as pessoas vão sair à rua para mostrar que estão contra a austeridade.

Lisboa será o centro dos protestos. O secretismo sobre o itinerário da visita levantou uma onda de manifestações dispersas por vários locais da capital, desde a Assembleia da República até ao Centro Cultural de Belém (CCB).

É para esse local, onde Merkel fará o encerramento de um fórum económico, que está marcada a primeira manifestação do dia, às 10 horas. Sem ligações a sindicatos nem a movimentos de cidadãos, o protesto convocado no Facebook tem confirmado mais de duas mil pessoas. No mesmo local, o grupo Geração em luta apela a uma concentração no Palácio Nacional de Belém, às 10h30, que seguirá para o CCB três horas depois.

Por volta dessa hora, o movimento Que se lixe a troika reúne-se na Praça do Calvário com o mote “A Merkel não manda aqui!”. E porque a chanceler alemã não percebe a língua portuguesa, o grupo seguirá para Belém a gritar palavras-de-ordem em alemão. João Camargo, um dos membros do Que se lixe a troika, sublinhou ao PÚBLICO que o intuito é “mostrar que o repúdio dos portugueses não é só ao governo nacional, mas também aos actores internacionais que contribuem decisivamente para o estado do país”.

O Movimento 12 de Março (M12M) também vai juntar-se aos manifestantes em Belém e São Bento. A principal preocupação, segundo João Labrincha, é “centrar a contestação na imagem da Merkel e não no povo alemão”, de modo a “evitar a xenofobia que se propaga nestas alturas”.

Mais perto do centro da cidade, no Largo de Camões, a CGTP organiza uma concentração intitulada “Nem Merkel nem troikas” a partir das 15h. Armando Farias, membro da comissão executiva da central sindical, disse que o protesto foi convocado “em defesa da soberania e da independência nacional”.

O protesto da CGTP prolonga-se num desfile até São Bento, ao qual se vai juntar a Associação Projecto Ruído, que enviou, a 30 de Outubro, uma carta a Merkel. Hoje, o mote será: “Vamos todos mandar a Merkel para a troika que a pariu!”

Também o Movimento Sem Emprego (MSE) vai integrar o protesto da CGTP. Têm uma mensagem genérica – “Com estas políticas de austeridade os portugueses não podem comprar os produtos que a Alemanha produz e quer exportar” – e alguns cartazes. Ana Rajado, a porta-voz, antecipa alguns: “Quem deve aqui dinheiro é o banqueiro”, “FMI fora daqui” e “Esta dívida não é nossa”.

Todos querem mostrar o descontentamento com a situação actual do país, mas, apesar de estarem em sítios diferentes, os manifestantes terão uma característica comum: o luto contra a austeridade. Nas redes sociais circulam apelos, promovidos por movimentos ou cidadãos, para que hoje os portugueses se vistam de negro e cubram monumentos, lojas, janelas, carros e autocarros com panos e plásticos pretos. O objectivo é transformar a data da visita de Angela Merkel a Portugal no “dia em que a dignidade se cobre de negro”. A chanceler alemã estará apenas em Lisboa, mas a CGTP convocou manifestações para Braga, Porto e Faro.
 

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