sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Guiné-Bissau: NÃO HÁ DINHEIRO PARA PROFESSORES, JOVENS EM “PÉ DE GUERRA”

 

 
Escolas públicas da Guiné-Bissau continuam encerradas, professores à espera de dinheiro
 
08 de Novembro de 2012, 14:13
 
Bissau, 08 nov (Lusa) - As escolas públicas da Guiné-Bissau continuam hoje encerradas, dois dias depois de sindicatos dos professores e Governo terem assinado um acordo para pôr fim à greve no setor que dura há quase dois meses.
 
"O início das aulas não depende de nós, depende do Governo ou do Ministério da Educação", disse hoje à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINAPROF), Luís Nancassa.
 
Na terça-feira, o sindicalista já tinha avisado que apesar do acordo assinado com o Governo de transição as aulas só começariam quando os professores recebessem um mês de ordenado, nuns casos, ou diuturnidades em atraso, noutros casos. Nesse dia, o Governo, através do secretário de Estado do Tesouro, Gino Mendes, prometeu que os ordenados iam ser pagos na quarta-feira.
 
"O secretário de Estado disse-me na quarta-feira que o Ministério das Finanças já colocou o dinheiro à disposição do Ministério da Educação, mas até agora não estão a pagar", disse Luís Nancassa, frisando que a greve só é levantada quando os professores tiverem o dinheiro no bolso.
 
É que, justificou, os professores "já estão habituados a promessas não concretizadas" e se até ao início da tarde de hoje "não há dinheiro" a greve naturalmente mantém-se.
 
Os professores marcaram o início de uma greve de dois meses para 17 de setembro, coincidindo com o dia de abertura do ano letivo. Exigem, nomeadamente, pagamentos de salários em atraso, menor carga horária e turmas com menos alunos.
 
Após negociações com o Governo, os sindicatos (SINAPROF e Sindicato Democrático dos Professores, SINDEPROF) aceitaram desconvocar a greve mediante o pagamento de um mês de salários aos professores de novos ingressos, contratados e doentes, e de cinco diuturnidades aos restantes.
 
FP // VM.
 
Empresário sul-coreano compra "Maracanã" de Bissau e deixa jovens em "pé de guerra"
 
08 de Novembro de 2012, 16:23
 
Mussá Baldé, da Agência Lusa
 
Bissau, 08 nov (Lusa) - Os jovens do bairro de Pluba, arredores de Bissau, estão "em pé de guerra" depois de um empresário sul-coreano ter comprado o terreno onde se situa o "estádio Maracanã", receando a destruição do "campo de sonhos".
 
O futebol é o desporto-rei entre os jovens guineenses mas nos últimos dias no populoso bairro de Pluba o tema de conversa tem sido a compra do campo de jogos, o histórico "Maracanã".
 
"Como foi possível a Câmara Municipal deixar que alguém compre um campo de jogos tão antigo e muito importante para o nosso bairro e arredores?", questionava-se Quebá Jabi, rodeado de vários jovens.
 
Ao certo, os jovens não sabem explicar como foi possível vender o "Maracanã" ao empresário coreano. Sabem apenas que num dia, quando chegaram ao campo para o treino matinal, viram um contentor e um monte de areia no terreno de jogo. Dizem que ouviram dizer que o coreano quer construir uma casa ou uma escola no local.
 
Os jovens até não estão contra a construção da escola, mas não admitem que seja no seu local de culto.
 
"Foi uma confusão total no bairro. Os jovens queriam tirar o contentor do campo e ainda ameaçaram tomar outras medidas. Tivemos que os conter", contou à Lusa Arafam Cissé, tido como "pai" espiritual dos rapazes do bairro de Pluba.
 
Ainda ameaçaram organizar uma marcha até a Câmara Municipal de Bissau para aí exigir explicações sobre a venda do campo de jogos, contou Arafam Cissé que teve que falar "quase um por um com todos os jovens", até os demover da manifestação.
 
Quem não tem mãos a medir para convencer os jovens do bairro de Pluba a não fazerem "qualquer asneira" é o treinador Mamadi Cassamá, que apesar de compreender a angústia destes também quer acreditar que o governo ou a Câmara Municipal vão arranjar uma solução.
 
"Este 'Maracanã' existe aqui desde sempre. Nasci e vi este campo aqui, joguei aqui, agora treino os rapazes. Nestas redondezas os jovens de Pluba, Mpantcha, Caliquir, Takir, Antula Bono, todos jogam aqui e é o único campo de jogos num raio de mais de 20 quilómetros", explicou o 'mister' Cassamá.
 
"Ou a Câmara Municipal volta atrás com a decisão de admitir a venda deste espaço ou então arranja um outro local para passarmos a jogar. Se não, nem quero pensar o que os jovens irão fazer", disse o treinador que nestes dias quase não descansa.
 
Os efeitos da venda do "Maracanã" já se fazem sentir. No último campeonato de defeso (torneios entre bairros realizados no interregno do campeonato oficial) os jovens de Pluba tiveram de jogar no bairro de Luanda porque não tinham campo próprio.
 
O "Maracanã" de Bissau, ou de Pluba, não passa de um terreno baldio sem relvado (na Guiné-Bissau existem apenas dois campos relvados, um sintético e outro com relva natural), com duas balizas de ferro e uma bancada composta de um muro de cimento.
 
Mesmo sem ter as condições e a fama do mítico estádio brasileiro com o mesmo nome, os jovens de Pluba têm o recinto como sendo um local sagrado e de encontro permanente, no sonho de um dia aí se fazerem craques da bola.
 
MB // HB.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
Leia mais sobre Guiné-Bissau (símbolo na barra lateral)
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana