Sérgio Soares – i online
No dia 11 de
Novembro de 1975, Agostinho Neto proclamou a independência de Angola sob um céu
raiado por balas tracejantes
Angola celebra
amanhã o 37.o aniversário da sua independência, pela primeira vez totalmente em
paz, com instituições democráticas em funcionamento e desenvolvimento económico
acelerado.
Este aniversário da
independência será festejado sob o lema “Todos juntos promovamos o bem-estar
dos angolanos”.
A jornada
comemorativa, cujo acto central vai decorrer na província do Namibe, litoral
sul de Angola, será seguida por diversas inaugurações de infra-estruturas um
pouco por todo o país, actividades políticas, recreativas, desportivas e
culturais.
A delegação do
governo central que participa no acto nacional integra o ministro da
Comunicação Social, José Luís de Mato, e o ministro do Ensino Superior, Adão do
Nascimento.
De norte a sul do
país, os angolanos vão comemorar a data de uma maneira nunca antes possível
devido à guerra contra as agressões do então Zaire e FNLA, das sucessivas
ocupações sul-africanas e posterior guerra civil com a UNITA.
O lema escolhido
para a cerimónia indicia que o governo angolano promete apostar na consolidação
do estado democrático e nas suas instituições para que a voz dos mais
desfavorecidos seja mais ouvida, assim como a satisfação das suas necessidades,
o que não tem acontecido apesar do surto de desenvolvimento que o país vive.
No seu acto de
posse, o presidente José Eduardo dos Santos disse que no mandato agora
iniciado, a primeira prioridade do executivo vai ser manter a estabilidade
política, mediante a promoção, a defesa e a consolidação da paz.
“Inscrevem-se nesta
perspectiva o aprofundamento da democracia, em que a liberdade de expressão e
de criação, a igualdade de oportunidades e a justiça social se entrelaçam com
os programas e as acções multidisciplinares para o de-senvolvimento da cultura
nacional e do homem”, prometeu
Diálogo com a
juventude O chefe de Estado disse também que, “para a realização desta
prioridade serão reforçados os mecanismos de diálogo com sindicatos, as
organizações sociais e profissionais, as igrejas, os empresários e outros
parceiros sociais, a fim de se obter a sua colaboração na definição das
políticas de desenvolvimento e das estratégias para a sua aplicação”.
Segundo o
presidente, “um lugar privilegiado vai ser atribuído ao diálogo” com a
juventude. “A nossa juventude precisa de canais eficientes para se envolver na
solução dos problemas que afectam toda a sociedade, contribuindo com o seu
dinamismo, o seu entusiasmo e a sua criatividade.”
As promessas
presidenciais são indícios da vontade de ouvir as aspirações de mais democracia
por parte da juventude e maior democracia na gestão da coisa pública.
O director-geral
para a área científica da Escola Superior do Bié considera que o 11 de Novembro
“constitui o dia mais relevante para os angolanos, na medida em que nessa data
cada um se revê quer como cidadão quer como construtor do país”.
Foi no dia 11 de
Novembro que o então presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA), António Agostinho Neto, proclamou a independência do novo país
africano.
A batalha de
Kifangondo recebe o destaque do general na reserva António dos Santos França
“Ndalu” como o meio que garantiu a proclamação da independência.
Para este militar,
foi o desfecho favorável da célebre batalha de Kifangondo que permitiu que o
futuro presidente da República Popular de Angola, Agostinho Neto, proclamasse a
independência às zero horas do dia 11 de Novembro de 1975.
França “Ndalu”
reviveu esta semana a epopeia militar vivida pelas FAPLA e pelos soldados
cubanos quando falava a propósito da efeméride, sublinhando que “as tropas que
com ele participaram nos combates ficaram maravilhadas quando ouviram, pela
rádio, as palavras de Agostinho Neto proclamando o fim da colonização
portuguesa”.
“Naquela noite, os
combatentes sentiram que ao travar os mercenários e as tropas zairenses, apoiadas
pelas forças militares afectas à FNLA, com intuito de impedir a proclamação da
independência, também tinham ajudado a que a cerimónia decorresse de forma
pacífica”, disse.
“Foi uma noite
memorável”, sublinhou o general, também ex-embaixador nos Estados Unidos,
realçando ainda a acção militar desencadeada pelos seus companheiros, que, na
zona sul do país, combatiam contra as forças sul-africanas, na altura ainda
afectas ao regime de apartheid, que entretanto se desintegrou.
“Lembro-me que,
quando o presidente Agostinho Neto começou a falar, através da rádio, houve
combatentes que, de tanta emoção, começaram a disparar e muita gente na cidade
de Luanda pensou que eram combates contra as forças inimigas”, lembrou.
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