JEF – VC, com foto
João Relvas/Lusa
Coimbra, 10 nov
(Lusa) – Adriano Moreira afirmou hoje, em Coimbra, que “se a definição do
estado social for eliminada” da Constituição, se “elimina o alicerce da
construção do futuro”.
A construção do
futuro “é justamente a esperança, a vontade, a confiança de que o sacrifício
vale a pena”, sublinhou o professor universitário, que participava na segunda
sessão das Conferências Políticas, subordinadas ao tema “A democracia e o
futuro”, promovidas pela Divisão de Ação Cultural da Câmara Municipal de Coimbra
(CMC).
“Na minha vida, que
é tão comprida, nunca vi uma situação tão severa na vida portuguesa como hoje e
quando se pede a mobilização da população” é necessário que haja um objetivo.
Para isso, impõe-se
a existência de “conceito estratégico do Estado” (mas “o Estado português não
tem conceito estratégico, não o definiu”) e que haja “esperança de que o
sacrifício vale a pena e vai nessa direção”, sustentou.
“Se a definição do
Estado social for eliminada, acho que se elimina o alicerce da construção do
futuro, que é justamente a esperança, a vontade, a confiança de que o
sacrifício vale a pena”.
Antes, Adriano
Moreira afirmou-se “preocupado” com “o sentido da palavra” ‘refundação’, pois
“é extremamente equívoco”.
“Peço desculpa” por
recorrer ao Dicionário da Academia das Ciências porque “tenho um pouco de
responsabilidade nele”, mas nem aí “encontro facilmente uma diretiva para
entender o que é isso de refundação do estado”, disse Adriano Moreira.
Mas “aquilo que eu
sei”, salientou, “é que ontem [sexta-feira] os reitores das universidades
públicas leram, à mesma hora”, os seus respetivos estabelecimento de ensino, um
documento referindo que “pelo meio do ano que vem as universidades não poderão
pagar salários ao pessoal”.
É claro, concluiu
Adriano Moreira, que “há um remédio para isto muito fácil, que é começar a
diminuir ou a eliminar aquilo que são diretivas da própria Constituição”
portuguesa.
“O que está a
acontecer com esta orientação, que a senhora Merkl (chanceler alemã] professa,
é atirar a esperança pela janela”, salientou.
Na sessão, que se
prolongou até ao final da tarde e encheu por completo a sala polivalente da
Casa Municipal de Cultura de Coimbra, participaram também, sob moderação da
jornalista da RTP Fátima Campos Ferreira, António Arnaut, Avelãs Nunes,
Carvalho da Silva e José Miguel Júdice.
As conferências
políticas, organizadas pela CMC, em cooperação com a Fundação Bissaya Barreto,
integram-se nas comemorações dos 300 anos do nascimento do filósofo iluminista
Jean-Jacques Rosseau e dos 250 anos da primeira publicação de ‘O Contrato
Social’, obra que, como referem os promotores da iniciativa, “promove e defende
conceitos como a inalienável liberdade do Homem ou a soberania do Povo, dois
alicerces teóricos da Democracia contemporânea”.
Sem comentários:
Enviar um comentário