sábado, 10 de novembro de 2012

Portugal: AO SOM DE…

 

Fernanda Mestrinho* – i online, opinião
 
Vítor Gaspar gosta de trabalhar com música clássica. “Rinaldo”, de Haendel, será uma das suas óperas preferidas. Imagino-o deleitado enquanto faz o Orçamento de 2013. Falhou nas contas do anterior, mas insiste nos cortes dos salários e no aumento de impostos. Saberá ele o que é viver com 200, 400, 600 ou 1000 e tal euros por mês? Só com feitiço, como na sua ópera…
 
O resto do país prefere a “Aida” de Verdi, o coro dos escravos. Ele aumenta o som para não ouvir o clamor dos protestos, fecha-se no ministério, mas estes sobem de tom.
 
Todos, até Silva Peneda ou Teodora Cardosa, tudo menos perigosos esquerdistas ou do reviralho, dizem que a austeridade excessiva dá cabo do país e dos portugueses. Nem estes eles querem ouvir.

Merkel está cá umas horas na próxima segunda-feira, a greve geral é na quarta. Ora acontece que o primeiro--ministro resolveu dar uma lição de boas maneiras ao país: temos de receber bem a chanceler alemã. Não há pachorra para tanta subserviência, ou então, como se dizia na altura, “Cristo morreu, Marx também e alguém neste governo não se sente lá muito bem”.
 
Também a troika chega esta semana. Vão ouvir os parceiros sociais para lhe contarem o outro e verdadeiro lado da história. O país afunda-se em miséria social, na retirada de salários e pensões, no desemprego, e as previsões do governo são pura ficção. Enquanto isto, alguns querem voltar a brincar à caridadezinha. . .
 
*Jornalista/advogada - Escreve ao sábado
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana