Fernanda Mestrinho* – i online, opinião
Vítor Gaspar gosta
de trabalhar com música clássica. “Rinaldo”, de Haendel, será uma das suas
óperas preferidas. Imagino-o deleitado enquanto faz o Orçamento de 2013. Falhou
nas contas do anterior, mas insiste nos cortes dos salários e no aumento de
impostos. Saberá ele o que é viver com 200, 400, 600 ou 1000 e tal euros por
mês? Só com feitiço, como na sua ópera…
O resto do país
prefere a “Aida” de Verdi, o coro dos escravos. Ele aumenta o som para não
ouvir o clamor dos protestos, fecha-se no ministério, mas estes sobem de tom.
Todos, até Silva
Peneda ou Teodora Cardosa, tudo menos perigosos esquerdistas ou do reviralho,
dizem que a austeridade excessiva dá cabo do país e dos portugueses. Nem estes
eles querem ouvir.
Merkel está cá umas horas na próxima segunda-feira, a greve geral é na quarta. Ora acontece que o primeiro--ministro resolveu dar uma lição de boas maneiras ao país: temos de receber bem a chanceler alemã. Não há pachorra para tanta subserviência, ou então, como se dizia na altura, “Cristo morreu, Marx também e alguém neste governo não se sente lá muito bem”.
Também a troika
chega esta semana. Vão ouvir os parceiros sociais para lhe contarem o outro e
verdadeiro lado da história. O país afunda-se em miséria social, na retirada de
salários e pensões, no desemprego, e as previsões do governo são pura ficção.
Enquanto isto, alguns querem voltar a brincar à caridadezinha. . .
*Jornalista/advogada
- Escreve ao sábado
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