JSD – JMR - Lusa
Mindelo, Cabo
Verde, 09 nov (Lusa) - Os responsáveis por várias fundações do espaço lusófono,
reunidos no Mindelo, em
Cabo Verde , alertaram hoje para o risco de "regressões e
desigualdades sociais, económicas, políticas e culturais" em vários
países, entre eles Portugal, provocadas pela crise internacional.
Segundo o site do
jornal A Semana, o alerta é uma das conclusões saídas do IX Encontro das
Fundações da Comunidades dos Países da Língua Portuguesa, que decorreu na
quinta-feira no Centro Cultural do Mindelo, na ilha de São Vicente, salientada
pelos participantes num debate em torno do tema "Espaços Crescentes para
Atores da Sociedade Civil".
Outro alerta foi
feito pelo presidente do Centro Português de Fundações, Artur Santos Silva, que
defendeu que só a estabilidade política, macroeconómica e social, aliada ao
fator cultural, poderá travar esse fenómeno de regressão e desigualdade e
contribuir para uma sociedade civil ativa e autónoma nos respetivos países.
A questão foi
abordada sobretudo pelo presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires,
ex-chefe de Estado de Cabo Verde (2001/11), que lembrou que, desde que
abandonou a política para se integrar na sociedade civil, passou a adotar uma
postura "politicamente incorreta".
Pedro Pires,
vencedor do Prémio Mo Ibrahim 2010 de Excelência na Liderança Africana,
salientou que a nova postura tem como propósito provocar, "de forma
frontal", o debate de ideias sobre temas delicados e contribuir para a
busca de soluções para os problemas e constrangimentos que afetam as diferentes
sociedades.
Para o antigo
presidente cabo-verdiano, o risco existente é um "fenómeno novo" que
terá de ser travado para que os ganhos conseguidos com as liberdades
conquistadas não sejam postos em causa.
A título de
exemplo, Pedro Pires citou o caso de Portugal, que, com a implementação do
programa de ajustamento imposta pela "troika", "é já visível um
"retrocesso drástico" dos direitos adquiridos dos cidadãos,
principalmente nos planos sociais e económicos.
"Os cidadãos e
as sociedades são chamados a mobilizarem-se e a apropriarem-se deste exercício
político, cultural e social, porquanto os riscos de regressão são reais e manifestam-se
quando e onde menos se espera", alertou Pedro Pires.
O caminho a seguir,
acrescentou, passa pela solidariedade social, que poderá atenuar as
desigualdades, criar oportunidades e contribuir para a construção progressiva
da igualdade de tratamento e de oportunidades para todos.
O encontro reuniu
nas ilhas de Santo Antão e de São Vicente 80 representantes de 30 fundações de
cariz lusófono - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
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