sábado, 10 de novembro de 2012

Fundações da CPLP alertam para o risco de regressões e desigualdades

 

JSD – JMR - Lusa
 
Mindelo, Cabo Verde, 09 nov (Lusa) - Os responsáveis por várias fundações do espaço lusófono, reunidos no Mindelo, em Cabo Verde, alertaram hoje para o risco de "regressões e desigualdades sociais, económicas, políticas e culturais" em vários países, entre eles Portugal, provocadas pela crise internacional.
 
Segundo o site do jornal A Semana, o alerta é uma das conclusões saídas do IX Encontro das Fundações da Comunidades dos Países da Língua Portuguesa, que decorreu na quinta-feira no Centro Cultural do Mindelo, na ilha de São Vicente, salientada pelos participantes num debate em torno do tema "Espaços Crescentes para Atores da Sociedade Civil".
 
Outro alerta foi feito pelo presidente do Centro Português de Fundações, Artur Santos Silva, que defendeu que só a estabilidade política, macroeconómica e social, aliada ao fator cultural, poderá travar esse fenómeno de regressão e desigualdade e contribuir para uma sociedade civil ativa e autónoma nos respetivos países.
 
A questão foi abordada sobretudo pelo presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires, ex-chefe de Estado de Cabo Verde (2001/11), que lembrou que, desde que abandonou a política para se integrar na sociedade civil, passou a adotar uma postura "politicamente incorreta".
 
Pedro Pires, vencedor do Prémio Mo Ibrahim 2010 de Excelência na Liderança Africana, salientou que a nova postura tem como propósito provocar, "de forma frontal", o debate de ideias sobre temas delicados e contribuir para a busca de soluções para os problemas e constrangimentos que afetam as diferentes sociedades.
 
Para o antigo presidente cabo-verdiano, o risco existente é um "fenómeno novo" que terá de ser travado para que os ganhos conseguidos com as liberdades conquistadas não sejam postos em causa.
 
A título de exemplo, Pedro Pires citou o caso de Portugal, que, com a implementação do programa de ajustamento imposta pela "troika", "é já visível um "retrocesso drástico" dos direitos adquiridos dos cidadãos, principalmente nos planos sociais e económicos.
 
"Os cidadãos e as sociedades são chamados a mobilizarem-se e a apropriarem-se deste exercício político, cultural e social, porquanto os riscos de regressão são reais e manifestam-se quando e onde menos se espera", alertou Pedro Pires.
 
O caminho a seguir, acrescentou, passa pela solidariedade social, que poderá atenuar as desigualdades, criar oportunidades e contribuir para a construção progressiva da igualdade de tratamento e de oportunidades para todos.
 
O encontro reuniu nas ilhas de Santo Antão e de São Vicente 80 representantes de 30 fundações de cariz lusófono - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
 

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