terça-feira, 31 de julho de 2012

MOÇAMBIQUE: PLANTAÇÃO DE CANABIS, ECONOMIA E JUVENTUDE INDIGNADA




População ameaça voltar a plantar 'cannabis' após insucesso de outras culturas

31 de Julho de 2012, 17:57

Chimoio, 31 jul (Lusa) - A população de um distrito de Manica, no centro de Moçambique, onde foram destruídas 18 toneladas de 'cannabis' em 2011, ameaça retomar o cultivo da droga face à inexistência de mercado para as culturas alternativas.

"Felizmente constatamos que em Calombolombo já não há produção de soruma ['cannabis'], mas há muito milho e hortícolas sem mercado. A população está a entrar em desespero e chega-se a dizer que se não resolvem estes problemas voltam a cultivar soruma.", disse hoje à Lusa Agostinho Rotuto, procurador chefe provincial de Manica.

No ano passado, cerca de 200 hectares de campos de cultivo de 'cannabis' foram desativados e a produção incinerada. Ninguém foi detido, porque quase "toda a gente" estava envolvida.

A justiça concedeu "amnistia à população envolvida", respondendo os apelos do governo, que desde então estimulou a produção de culturas alimentares, disponibilizando sementes e tratores, para a população deixar de cultivar 'cannabis', a sua principal fonte de rendimento.

Mas volvido um ano a população pede mercado para colocar a sua produção e outras infraestruturas básicas, como estradas, escolas e centros de saúde, para deixar de recorrer aos serviços prestados pelas entidades do vizinho Zimbabué.

"Chamamos a população à consciência de que sendo eles produtores da 'cannabis sativa 'poderiam estar a contas com a lei. Portanto, há algumas questões que julgamos que, com algum esforço acrescido, o governo pode contribuir para que a população não volte a plantar a soruma", declarou Agostinho Rotuto.

A população produzia a droga para consumo, comercialização e exportação, que foi descoberta e apreendida em grandes campos de cultivo na região de Calombolombo, norte de Guro, numa operação governamental para travar a produção daquele estupefaciente, proibido no país.

Nos campos de cultivo de 'cannabis', geralmente em matas densas, os populares sobrepunham a cultura de milho, para disfarçar.

A droga tinha como mercados preferenciais a áfrica do Sul e o Zimbabué.

AYAC

Economia moçambicana é "uma boa aposta" - Barclays

31 de Julho de 2012, 14:14

Maputo, 31 jul (Lusa) - O banco britânico Barclays considerou hoje a economia moçambicana "uma boa aposta", apesar de fortemente influenciada pela banca portuguesa, que a instituição financeira pretende evitar por receio de contágio, por alegado "risco de redenominação".

Na semana passada, o Barclays reduziu em 22 por cento a exposição aos países do euro em dificuldades, como Portugal, nos primeiros seis meses do ano, alegando "risco de redenominação", ou seja, saída do euro, destes países.

O "risco de redenominação" é explicado pelos financeiros do banco com as potenciais perdas com a mudança de divisa destes países para moeda local e consequente desvalorização.

A maior quota da banca moçambicana é detida por bancos de capitais de origem portuguesa.

Questionado hoje Lusa em Maputo sobre o impacto da medida adotada a Portugal na economia moçambicana, o administrador delegado do Barclays em Moçambique, Faisal Mkize, considerou que "qualquer companhia que opera em Moçambique detida por capitais da zona euro sofrerá o impacto de alguma forma".

Mas, lembrou que "a economia moçambicana tem crescido sete por cento ao ano e nos próximos será oito por cento de Produto Interno Bruto (PIB)", pelo que "é claro que esta economia merece uma aposta do Barclays".

O objetivo do Barclays "é trazer mais capital e investimento" a Moçambique, até porque "o PIB tem crescido na SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) e este país é um futuro destinatário para os investimentos estrangeiros. Acho que não há motivos para estar preocupado", disse Faisal Mkize.

O banco inglês realizou hoje o primeiro Fórum Económico sobre as últimas tendências que estão a marcar a Economia Global e Perspetivas Macroeconómicas da África Subsaariana, incluindo Moçambique um dos países cujo "ambiente de negócios é positivo".

A nível mundial, o quarto maior banco britânico já suprimiu 2.100 empregos na banca de investimento, gestão de fundos e banca privada, uma medida que, no entanto, não terá reflexo em Moçambique, garantiu à Lusa Faisal Mkize.

"Basicamente, sobre Moçambique, temos um plano claro. Não temos um plano para redução de pessoal, temos um plano para ver como melhor gerir o pessoal. Se acontecer alguma redução, isso acontecerá num processo normal de gestão, mas estamos estáveis para manter o quadro de pessoal", assegurou.

MMT.

Parlamento Juvenil "indignado" com atribuição de habitações sociais à elite

31 de Julho de 2012, 16:03

Maputo, 31 jul (Lusa) - A organização moçambicana Parlamento Juvenil criticou hoje o governo de Maputo por atribuir habitações sociais, destinadas a jovens desfavorecidos, a ministros e figuras políticas da Frelimo, partido no poder, que, entretanto, as terão cedido a terceiros.

Em nota enviada à Lusa, o Parlamento Juvenil de Moçambique mostrou-se "indignado, mas não surpreendido" com uma decisão do executivo moçambicano de atribuir a membros do Governo, nomeadamente aos antigos combatentes, parte dos apartamentos da Vila Olímpica, local onde decorreram os Jogos Africanos, em 2011.

"Denunciamos as férias de memória da classe política nacional e repudiamos com veemência a falta de humildade e de solidariedade desta elite política em relação aos milhões de moçambicanos jovens e antigos combatentes para os quais a pobreza absoluta é uma realidade do dia-a-dia", refere a organização não-governamental, que debate assuntos de juventude.

O Parlamento Juvenil lembra que o Governo tinha decidido colocar à venda ao público por 150 mil dólares a pronto pagamento os apartamentos da Vila Olímpica, mas não houve interessados em pagar esta quantia pelo que, tendo em conta o baixo rendimento dos destinatários, decidiu subsidiar a compra através do Orçamento do Estado.

Aliás, as autoridades moçambicanas abriram espaço para que os antigos combatentes concorressem às casas, assegurando subsidiar 38 por cento do valor dos apartamentos da Vila Olímpica do Zimpeto e oferecer juros bonificados de apenas cinco por cento com prazo de 25 anos para o pagamento, de modo a prover habitação social para cidadãos de rendimento médio e baixo.

No entanto, "o processo de candidatura tutelado pelo Ministério dos Antigos Combatentes esteve enfermo de várias irregularidades e desonestidade política ao permitir que um cidadão se candidatasse e outro fosse beneficiário", acusa o Parlamento Juvenil.
É que, entre os beneficiários, constam nomes de ministros, deputados e quadros seniores da Frelimo, segundo denúncias feitas pelo jornal Canal de Moçambique, já confirmadas em comunicado pelo Fundo de Fomento de Habitação (FFH) de Moçambique.

De acordo com a nota daquela instituição governamental, "apenas seis dos 63 antigos combatentes candidatos e beneficiários dos apartamentos da Vila Olímpica é que assinaram os contratos em seu nome, sendo que os restantes doaram-nas a prováveis parentes e amigos".

"É ultrajante este comportamento do FFH ao consentir a atribuição de apartamentos a quem não concorreu e provavelmente não precisa, e isto convoca a sociedade à indignação", considerou o Parlamento Juvenil.

"Temos sérias dúvidas de que o valor investido na construção da Vila Olímpica, fruto dos impostos e sacrifícios do povo moçambicano, será revisto pelo que os candidatos honestos apurados é que irão carregar a fatura das casas oferecidas", acrescentou.

MMT.

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