sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Brasil O NOVO DESAFIO DE LULA

A elaboração dos principais pontos de seu programa de governo já vem sendo preparada. O quadro a ser enfrentado pelo futuro governo será, com toda a certeza, bem mais crítico do que aquele vivido durante a transição entre 2002 e 2003.

Paulo Kliass*, de Brasília | Correio do Brasil | opinião

A campanha eleitoral de Lula representou de forma bastante fiel o sentimento da maioria da população brasileira quanto ao governo Bolsonaro e sua natureza fascista. Em especial, foi essencial a construção desta ampla frente democrática no segundo turno para impedir a continuidade desta aventura golpista da extrema direita por mais quatro anos em nosso país. Não havia outra liderança política capaz de dar cabo de tal tarefa, aglutinando em torno de sua candidatura o apoio de figuras como Guilherme Boulos e Fernando Henrique Cardoso, Marina Silva e Simone Tebet, José Sarney e Flávio Dino, Armínio Fraga e Luiz Belluzzo, Geraldo Alckmin e Renan Calheiros, Amoedo e Roberto freire, para citar apenas algumas.

#Publicado em português do Brasil

As primeiras etapas da longa caminhada têm sido bem exitosas até o presente momento. Foi possível o registro da candidatura junto ao Justiça Eleitoral após o reconhecimento tardio pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da injustiça e da ilegalidade cometidas pelo ex juiz Sérgio Moro, para impedir Lula de concorrer em 2018. Em seguida, a formação da chapa “Brasil pela Esperança” com Geraldo Alckmin na vice-presidência e a participação de nove partidos apoiando a iniciativa desde o início. A vitória em 2 de outubro e os riscos envolvidos na disputa do segundo turno despertaram a consciência de forma ampla no interior das diferentes correntes de opinião em nossa sociedade e a confirmação da maioria obtida em 30 de outubro consolidaram alguns desafios e abriram a via para o fim do pesadelo a partir de início janeiro próximo.

No entanto, as dificuldades para Lula apresentar resultados positivos logo no início de seu novo governo continuam presentes, agravadas ainda mais pela postura golpista e criminosa do derrotado nas urnas. A construção da equipe do futuro governo é uma tarefa que exige bastante habilidade e capacidade de articulação, atributos que não faltam a Lula, felizmente. Como ele mesmo tem afirmado, seu time deverá ser o retrato das forças e personalidades que estiveram com ele para viabilizar a vitória eleitoral. A elaboração dos principais pontos de seu programa de governo já vem sendo preparada e a coordenação deverá contar, neste terceiro mandato, com um olhar e presença mais próximos por parte do Chefe do Executivo. O quadro a ser enfrentado pelo futuro governo será, com toda a certeza, bem mais crítico do que aquele vivido durante a transição entre 2002 e 2003.

Ministro Luis Barroso, do STF, é atacado e tem casa cercada por bolsonaristas em SC

Ministro (juiz pt) do STF estava em restaurante quando foi identificado por bolsonaristas, que acionaram grupos de Whatsapp e cercaram a casa onde Barroso estava. Ele deixou o local durante a madrugada.

#Publicado em português do Brasil

O ministro (juiz pt) Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi hostilizado e teve a casa de veraneio em Porto Belo, litoral norte de Santa Catarina, cercada por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) na noite desta quinta-feira (3) após ter sido identificado jantando em um restaurante da cidade.

A presença de Barroso no local foi pulverizada em grupos bolsonaristas da cidade, que foram até o restaurante hostilizar o ministro, que teve que sair sob escolta.

Ao chegar, a casa no bairro Vila Nova foi cercada por bolsonaristas. Policiais federais e militares se uniram para proteger a residência do ministro, que teria deixado a cidade, segundo a polícia, por volta das 4h.

Cerca de 300 bolsonaristas cercaram a casa de Barroso gritando chavões propagados por Bolsonaro, como “Supremo é povo”.

O ato terminou por volta das 3h45 desta sexta, quando o ministro foi escoltado até Tijucas, rumo ao aeroporto de Florianópolis.

Veja vídeos divulgados nas redes sociais.

 Plínio Teodoro | Desacato

ÁFRICA NÃO QUER SER UM NOVO TERRENO FÉRTIL PARA A GUERRA FRIA

Vijay Prashad  | Tricontinental:Institute for Social Research | em Consortium News

Os esforços dos EUA e da OTAN para atrair a África para seus conflitos geopolíticos levantam sérias preocupações, escreve Vijay Prashad.

#Traduzido em português do Brasil

Em 17 de outubro, o chefe do Comando Africano dos EUA (AFRICOM), General do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Michael Langley,  visitou o  Marrocos. Langley se reuniu com altos líderes militares marroquinos, incluindo o inspetor-geral das Forças Armadas marroquinas Belkhir El Farouk.

Desde 2004, o AFRICOM realizou seu “maior e principal exercício anual”,  o Leão Africano , parcialmente em solo marroquino. Em junho passado, 10 países  participaram  do Leão Africano 2022, com observadores de Israel (pela primeira vez) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

A visita de Langley faz parte de um esforço mais amplo dos EUA no continente africano, que documentamos em nosso  dossiê  nº 42 (julho de 2021), “Defending Our Sovereignty: US Military Bases in Africa and the Future of African Unity”, uma publicação conjunta com Grupo de Pesquisa do Movimento Socialista do Gana.

Nesse texto, escrevemos que os dois princípios importantes do pan-africanismo são a unidade política e a soberania territorial e defendemos que a “presença duradoura de bases militares estrangeiras não simboliza apenas a falta de unidade e soberania; também impõe igualmente a fragmentação e subordinação dos povos e governos do continente.”

Em agosto, a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, viajou para Gana, Uganda e Cabo Verde. “Não estamos pedindo aos africanos que façam escolhas entre os Estados Unidos e a Rússia”,  disse ela  antes de sua visita,  mas , acrescentou, “para mim, essa escolha seria simples”.

Essa escolha, no entanto, está sendo impelida pelo Congresso dos EUA ao deliberar a Lei de Combate às Atividades Russas Malignas na África, um projeto de lei  que sancionaria os estados africanos se fizessem negócios com a Rússia (e possivelmente se estenderia à China no futuro).

Para compreender esta situação que se desenrola, os nossos amigos da  No Cold War  prepararam o seu briefing n.º 5, “NATO Claims Africa as Its 'Southern Neighbourhood'”, que analisa como a OTAN começou a  desenvolver  uma visão proprietária da África e como os EUA o governo considera a África uma linha de frente em sua  Doutrina Monroe Global . Esse briefing pode ser baixado  aqui .

Em agosto de 2022, os Estados Unidos publicaram uma nova estratégia de política externa   voltada para a África. O documento de 17 páginas apresentava 10 menções à China e à Rússia combinadas, incluindo uma promessa de “combater atividades prejudiciais da [República Popular da China], Rússia e outros atores estrangeiros” no continente, mas não mencionou uma única vez o termo “ soberania."

Embora o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, tenha  declarado  que Washington “não ditará as escolhas da África”, os governos africanos  relataram  enfrentar “bullying paternalista” dos estados membros da OTAN para tomar seu lado na  guerra na Ucrânia . À medida que as tensões globais aumentam, os EUA e seus aliados sinalizaram que veem o continente como um campo de batalha para travar sua Nova Guerra Fria contra a China e a Rússia.

OS BOLSONAROS DE ANGOLA E O ANTIQUÁRIO

 

Artur Queiroz*, Luanda

Muito obrigado ao senhor Jair Bolsonaro por mostrar aos angolanos de uma forma tão clara, tão expressiva, o que é a UNITA quando os eleitores dão força aos inimigos da democracia e os aproximam de uma vitória eleitoral. Os sicários do Galo Negro perdem as eleições e mesmo antes dos votos já gritam que houve fraude. Bolsonaro dá uns grunhidos no mesmo sentido. A única diferença com Adalberto da Costa Júnior, Chivukuvuku ou Filomeno é que ele olha para o céu e diz que deus está acima de tudo.  

Bolsonaro preparou as suas tropas, durante meses, para partirem tudo se ele perdesse a eleição presidencial. A UNITA fez exactamente a mesma coisa. São marionetas forjadas na mesma oficina, pelos mesmos manipuladores. Bonecos articulados, falantes, mas vazios de valores democráticos. Bolsonaro está cheio de deus, Adalberto repleto de Savimbi, alma gémea do diabo. Duas faces da mesma moeda, com o devido respeito aos crentes. Estou a seguir o guião do livro “Poemas de Deus e do Diabo” do inigualável poeta português José Régio, que escreveu estas palavras espantosas (cito de memória): E eu que nunca princípio nem acabo, nasci do amor existente entre Deus e o Diabo”.

Mal ele sabia que do mesmo amor nasceram seres humanos repugnantes que em nome do Criador fazem tudo para matar, destruir, espezinhar, domar a liberdade à sua imagem e matar a liberdade dos outros. Quem não é por mim, é contra mim. Bolsonaro acha que manifestações nas ruas e praças do Brasil exigindo um golpe militar é democrático. Adalberto e seus parceiros da frente da porcaria unida também pensam que fazer cair o poder na rua, é legítimo. E quem contrariar os seus intentos, está a atentar contra o regime democrático. 

Bolsonaro até hoje não reconheceu a derrota eleitoral nem felicitou o vencedor. Mas já assinou com o seu partido um acordo que lhe garante um salário milionário, casa, e apoio jurídico de valor ilimitado, para enfrentar os mais de 50 processos que correm contra ele na Justiça e só esperam que perca a imunidade devida ao cargo de Presidente da República.

Neste aspecto, os sicários da UNITA estão bem melhor. Quando a organização nasceu em 1966, o governo colonialista e fascista de Lisboa garantia toda a protecção a Jonas Savimbi. Uma vez derrotada a guerrilha do MPLA, ele era nomeado governador do distrito do Moxico. Quando os colonos se conformassem com a nomeação de um preto, ia mesmo a governador-geral. Os sicários da UNITA comiam e bebiam do bom e do melhor. Quando Savimbi estava doente, era tratado no hospital militar do Luena (Luso). 

Depois a UNITA alugou as armas ao regime racista de Pretória. O estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) ajudou os nazis a criarem o acampamento da Jamba, que rapidamente se transformou num entreposto dos negócios da droga, diamantes e marfim. Dinheiro em sangue! Uma ala do Hospital de Pretória foi reservada, pelos serviços secretos, ao pessoal da UNITA. Foi nessa ala que trataram o filho do Mário Soares quando partiu a cornadura no desastre de avião na Jamba. Às vezes o tráfico de diamantes dá para o torto. 

O Presidente José Eduardo dos Santos, em nome da paz e reconciliação nacional, amnistiou todos os sicários da UNITA, mesmo aqueles que tinham cometido terríveis crimes de guerra. Permitiu que uma seita de fanáticos fosse transformada em partido político. E como todas as seitas, a do Galo Negro considera-se acima de tudo e de todos. Excepto de Savimbi. Só deixarão de invocar fraude eleitoral quando tomarem o poder. Depois, adeus eleições. Vão fazer do edifício da Assembleia Nacional, o memorial de Jonas Savimbi. E vai ser obrigatório que todos os cidadãos lhe rendam homenagem, pelo menos uma vez por ano. Quem não ajoelhar, vai para fogueira.

As pessoas mais crédulas dizem que a UNITA hoje é diferente. Já nada tem a ver com os tempos em que alinhou com os colonialistas portugueses e os racistas de Pretória. Com os bandoleiros que apontaram as suas armas à democracia, quando perderam as eleições. Já nada tem a ver com os bandidos de delito comum que entre 1992 e 2002 cometeram crimes gravíssimos contra o Povo Angolano. Puro engano de alma. Hoje a UNITA é mil vezes pior. Os seus dirigentes são ainda mais fanáticos. Estão mais frustrados. Querem mais dinheiro. Estão mais sedentos de sangue. Sonham com mais destruições. Por isso não hesitaram em mobilizar as quadrilhas organizadas nas grandes cidades, contra a democracia. 

Bolsonaro apostou tudo na mentira e na falsificação da informação. A UNITA faz exactamente a mesma coisa. Vou dar um exemplo. Uma delegação parlamentar angolana visitou Moçambique. A deputada Webba, quando regressou a Luanda, contou que a FRELIMO e a RENAMO acordaram atribuir ao maior partido da oposição o lugar de segundo vice-presidente do Parlamento: “O MPLA não respeita as regras, não deu à UNITA a segunda vice-presidência da Assembleia Nacional”. Esta é jurista. Sabe o que diz, não é apenas uma fanática das fogueiras da Jamba. Mas não hesita em mentir e manipular. Como a FRELIMO fez um acordo, ele passou a ser “as regras”. Mentem descaradamente.

A UNITA não respeita o Poder Judicial e está permanentemente a violar o princípio da separação de poderes. Esta direcção política do Galo Negro é melhor do que as anteriores? Perigosa ilusão. É mil vezes pior. Porque em 1966, em 1975 e em 1992, imperava entre os dirigentes do Galo Negro a boçalidade, a ignorância, a traição pura e dura. Hoje manda e comanda o instinto assassino o ódio, o espírito de vingança. E a maioria das e dos dirigentes tem formação. Já não são os ignorantes do passado. Querem muito ser criminosos. E praticam!

Hoje a TPA mostrou-nos o cemitério municipal do Luena. Um capinzal cheio de mandioqueiras. Túmulos arrasados. Abandono e desleixo. Mas o tema da reportagem não foi o desmazelo das autoridades. Anda um grupo organizado a profanar os túmulos e a roubar ossadas. Sabem quem começou esse negócio macabro? Um tal Francisco Queiroz. Às tantas, os “restos mortais” (há restos imortais?) dos assassinos golpistas de 27 de Maio de 1977 foram compradas no Luena e vendidas aos familiares como autênticas. Grande negociata.

Na Rua dos Mercadores, ao lado do Hotel Luanda, existia um antiquário. Entre o material em exposição tinha dos crânios, um pequenino e outro grande. Mas não estavam à venda. Um dia perguntei-lhe porquê. E ele disse-me que eram relíquias! O crânio pequenino era da Rainha Jinga ainda criança e o grande, já mulher! O Francisco Queiroz aprendeu com esse artista!

*Jornalista

Bloqueio a Cuba | O mundo novamente com Cuba e Israel outra vez contra com os EUA

A Ilha voltou a alcançar uma vitória na luta que mantém contra o bloqueio norte-americano, obtendo o apoio esmagador (185 votos) à resolução que apresentou na Assembleia Geral da ONU.

Estados Unidos e Israel – o fiel aliado – foram os únicos países que votaram contra o texto sobre a necessidade de pôr fim ao cerco a Cuba, apresentado, pela 30.ª vez, no 77.º período de sessões na Assembleia Geral das Nações Unidas. Brasil e Ucrânia abstiveram-se.

A votação desta quinta-feira foi antecedida pelos discursos de representantes de múltiplos países e organizações regionais, que, desde o dia anterior, vincaram a importância de acabar com a política do cerco económico, comercial e financeiro, que sobreviveu a 11 administrações da Casa Branca e é classificada como o principal obstáculo ao desenvolvimento do país caribenho.

Ao intervir, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez, sublinhou que o bloqueio procura infligir o máximo dano possível às famílias cubanas, que se trata de uma medida «cruel e desumana», e que constitui um acto de guerra económica para destruir a capacidade do país de dar resposta às necessidades da população.

«Deixem Cuba em paz. Cada família cubana estaria melhor sem bloqueio. Os Estados Unidos seriam um país melhor sem o bloqueio. O mundo seria melhor sem o bloqueio», frisou, citado pela Prensa Latina.

Direita judaica | Benjamin Netanyahu, o "rei Bibi" prestes a voltar ao trono em Israel

EXTREMA-DIREITA JUDAICA VAI GOVERNAR

Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro que mais tempo governou na história de Israel e foi alcunhado como "rei Bibi", considera que proteger o país dos inimigos é a missão da sua vida.

Ao fim de 14 anos no poder no país (1996-1999 e 2009-2021), prepara-se para voltar à chefia do Governo após as eleições legislativas de 01 de novembro, que deram ao seu partido, o Likud, coligado com partidos ultraortodoxos e uma aliança de extrema-direita, a maioria absoluta no Knesset (parlamento) de 120 lugares, com 64 assentos parlamentares.

Na campanha para o escrutínio, o quinto em três anos e meio, Netanyahu obteve, como é habitual, a unanimidade num ponto: a sua incansável energia ao serviço da vontade de governar.

Aos 73 anos, este homem tão venerado como odiado percorreu o país num "Bibimobile", um camião totalmente envidraçado e blindado, inspirado no veículo do Papa.

Pela primeira vez desde 2009, Netanyahu não se candidatava como primeiro-ministro cessante, depois de ter sido, em junho de 2021, destronado por uma coligação de partidos de todas as tendências formada pelo centrista Yaïr Lapid com o objetivo assumido de o retirar do poder.

Político hábil, negociador duro e líder carismático, Netanyahu é o sustentáculo de um bloco de direita que está a ganhar cada vez mais eleitores e que, no último escrutínio, possibilitou a entrada no Knesset de partidos extremistas, abertamente racistas e homofóbicos, com os quais o "Rei Bibi" não tem quaisquer escrúpulos em negociar.

ACONTECEU E DIZ-SE SOBRE A 31ª CIMEIRA DA LIGA ÁRABE REALIZADA NA ARGÉLIA

RÚSSIA FOI O GRANDE VENCEDOR – politólogo português

Argélia acolhe cimeira inédita da Liga árabe

Miguel Martins | RFI

A Argélia acolhe entre estas terça e quarta-feira a cimeira da Liga árabe, a primeira em três anos. Ausentes estão pesos pesados, como o vizinho Marrocos, mas também muitos dirigentes do Golfo. A organização, muito influente na década de 70 do século passado, vive momentos de divisão, nomeadamente em torno da questão israelo-palestiniana.

Ivo Sobral, especialista do mundo árabe e professor nos Emirados Árabes unidos, alega que é a própria organização que se arrisca a ficar caduca dadas as divisões no seio dos países que a compõem.

"Obviamente há algumas ausências que vão existir nesta conferência ao mais alto nível. Em particular por parte da Arábia Saudita, assim como de outros países do Golfo que não vão estar com a representação completa na Argélia. Obviamente eu acho que é uma clara indicação que a Argélia tem uma agenda que inclui seguramente a causa palestiniana o que pode causar algum mal-estar em capitais como Rabat, Riade e Abu Dhabi.

Que essas têm alguma tradição de cooperação com o Israel nomeadamente?

Exactamente. Neste momento há aqui esta frente do Golfo do mundo árabe está a distanciar-se cada vez mais do mundo tradicional, da Liga Árabe: uma organização bastante tradicional que com o seu apogeu nos anos 70 ainda está carregada desta tradição do mundo árabe.

Acha que há aqui um risco de que caducidade da própria organização?

Exactamente. Sem dúvida. É esse o problema".

Este especialista do mundo árabe, docente em Abu Dhabi, admite tratar-se de um momento importante para a diplomacia de Argel, realçando, porém, que se trata para a Argélia de romper algum isolamento internacional dado o seu contencioso com Rabat e a o seu apoio inflexível à causa palestiniana, logo anti-israelita.

"É um momento bastante importante para a Argélia. A Argélia está a fazer uma ofensiva diplomática bastante forte. Um pouco também para romper um certo isolamento, em particular com o seu vizinho:  o seu problema eterno com o seu vizinho que é Marrocos !

E, ao mesmo tempo, um certo isolamento que a Argélia neste momento está a sofrer por causa da sua posição relativamente à Palestina. Será a primeira conferência do mundo árabe após o coronavírus, assim como a primeira conferência desde que existiram os acordos entre países do Golfo e Israel e, também, neste caso Marrocos.

No entanto a Argélia foi obrigada a ter que prescindir do regresso da Síria.

A Argélia está aqui um pouco a tentar ajudar o seu mais forte aliado mundial que é a Rússia. As relações entre a Rússia e a Argélia permanecem e estão cada vez mais fortes. E em relação à Síria a Rússia tinha um grande papel reaproximando a Síria via a Argélia junto da Liga Árabe.

Obviamente se calhar é bastante cedo isso acontecer. Existem ainda muita contestação em muitos países árabes relativamente à Síria e isso passou para segundo plano, muito rapidamente."

Imagem: Bandeiras dos países da Liga árabe em Argel, incluindo obviamente a do Estado anfitrião, a Argélia, para a cimeira da organização, que começa a 1 de Novembro de 2022. REUTERS - RAMZI BOUDINA

UM “JOGO PERIGOSO, SANGRENTO E SUJO” -- SCOTT RITTER

O discurso de Vladimir Putin no Valdai Club na semana passada, logo após o lançamento do governo Biden  de sua Estratégia de Segurança Nacional, mostra como as linhas de batalha foram traçadas.

 Scott Ritter* - especial para o Consortium News

O discurso principal do presidente russo Vladimir Putinno Valdai Club na quinta-feira passada parece ter colocado a Rússia em rota de colisão com a "Ordem Internacional Baseada em Regras" (RBIO) liderada pelos EUA .

#Traduzido em português do Brasil

O governo Biden, duas semanas antes, divulgou sua Estratégiade Segurança Nacional (NSS) de 2022, uma defesa completa da RBIO que praticamente declara guerra aos “autocratas” que estão “trabalhando horas extras para minar a democracia”.

Essas duas visões do futuro da ordem mundial definem uma competição global que se tornou existencial por natureza. Em suma, só pode haver um vencedor.

Dado o fato de que os principais jogadores nesta competição são as cinco potências nucleares declaradas, como o mundo administra a derrota do lado perdedor, em grande parte, determinará se a humanidade sobreviverá na próxima geração.

“Estamos agora nos primeiros anos de uma década decisiva para a América e o mundo”, escreveu o presidente dos EUA, Joe Biden, na introdução do NSS 2022. “Os termos da competição geopolítica entre as grandes potências serão definidos… a era pós-Guerra Fria está definitivamente encerrada, e uma competição está em andamento entre as grandes potências para moldar o que vem a seguir.”

A chave para vencer esta competição, declarou Biden, é a liderança americana: “A necessidade de um papel americano forte e proposital no mundo nunca foi tão grande”.

O NSS de 2022 estabeleceu a natureza dessa competição em termos rígidos. Biden afirmou: “Democracias e autocracias estão engajadas em uma competição para mostrar qual sistema de governança pode oferecer melhor para seu povo e para o mundo”.

O XADREZ DA CHINA NA GUERRA DOS CHIPS

Em batalha comercial aberta, Biden proíbe toda transferência de tecnologia em semicondutores avançados. Pode sair pela culatra: Xi dobra a aposta na inovação e na força do mercado interno. Próxima década pode definir os contornos do século

Michael Roberts*, no Next Recession blog | em Outras Palavras | Tradução: Maurício Ayer

No mesmo instante em que Xi Jinping prometia ao congresso do Partido Comunista que seu país “ganharia resolutamente a batalha” em áreas-chave da tecnologia, funcionários de empresas de tecnologia na China e em outros lugares estavam sendo instruídos a baixar as ferramentas. Milhares de executivos e engenheiros com cidadania americana ou green cards que trabalham no setor de semicondutores da China, muitos deles nascidos na China, foram instruídos por seus empregadores – sejam empresas estrangeiras ou chinesas – a parar de trabalhar enquanto seus empregadores buscam esclarecimentos sobre uma nova regra dos EUA que impede cidadãos e residentes dos EUA de apoiar a indústria de fabricação de chips avançada da China sem licença.

#Publicado em português do Brasil

Agora está claro que os EUA, habilitados por um consenso bipartidário em Washington, estão determinados a impedir que a China se atualize tecnologicamente. Isso tem implicações enormes para as ambições de Pequim em áreas como inteligência artificial e direção autônoma. A nova Lei de Chips introduzida pelo governo Biden é acompanhada por um relatório de 139 páginas divulgado pelo Escritório de Indústria e Segurança do Departamento de Comércio.   

O relatório visa não apenas o envolvimento de empresas dos EUA na venda de produtos de tecnologia para a China, mas também pessoas dos EUA (ou seja, qualquer pessoa com passaporte ou green card dos EUA). Isso coloca os muitos fundadores de empresas de tecnologia chinesas que estudaram nos EUA, e adquiriram um passaporte americano nesse processo, em uma posição aparentemente difícil. Também tornará muito mais difícil para as empresas de tecnologia chinesas atrair talentos. Da mesma forma, os laboratórios de P&D criados por algumas empresas chinesas nos EUA agora parecem vulneráveis. A Alibaba possui laboratórios de pesquisa em Seattle e no Vale do Silício, enquanto a Tencent também possui um laboratório de pesquisa em Seattle. E a pressão dos EUA será exercida para impedir que as empresas holandesas ASML e japonesas seja fornecedoras da China.

Todos os itens acima deixam claro até que ponto a China é agora tratada como “um inimigo” dos EUA. Isso vai muito além do que costumava ser chamado de “contenção”. Também levanta a questão de quanto tempo Pequim continua dando a outra face, uma vez que, até agora, não fez nada para dificultar a vida das empresas americanas que operam na China, exceto por suas restrições ao Covid, na visão de que deseja continuar incentivando Investimento estrangeiro direto.

O movimento dos EUA em chips também tem grandes implicações para a TSMC e outras empresas de Taiwan, dada a quantidade de semicondutores que Taiwan exporta para o continente. As exportações de chips (circuitos integrados) de Taiwan para a China totalizaram US$ 155 bilhões em 2021 e US$ 105 bilhões nos primeiros oito meses de 2022 e representaram 36% e 38%, respectivamente, do total de importações chinesas de chips. De fato, o aspecto mais interessante da viagem de Nancy Pelosi a Taiwan no início de agosto foi seu encontro com o fundador da TSMC, Morris Chang, e o presidente Mark Liu, mais particularmente no contexto da legislação sobre semicondutores aprovada pelo Congresso no final de julho, que fornecerá US$ 52,7 bilhões em subsídios para incentivar os fabricantes de chips a construir fábricas nos Estados Unidos.

A TSMC já está construindo uma fábrica no Arizona. A construção da fábrica começou em junho de 2021 e sua instalação principal já está concluída, enquanto a produção está programada para começar em 2024. De acordo com a legislação de chips, a TSMC será obrigada a transferir sua tecnologia para os EUA.

Ao contrário das tentativas anteriores das administrações Trump e Biden de impedir que empresas chinesas específicas acessem tecnologias avançadas (a proibição da Huawei foi o exemplo clássico), as novas regras abrangem efetivamente todas as entidades chinesas. Eles, ou seus fornecedores americanos ou estrangeiros, terão que solicitar uma licença para obter ou fornecer acesso a tecnologias avançadas de chip.

Se a estratégia dos EUA for eficaz – e a resposta de uma ampla gama de empresas não chinesas que operam no setor no congelamento de negócios com a China sugere que poderia ser – ela cortaria a China dos blocos de construção críticos da maioria das tecnologias do século XXI.

Por que os EUA estão aplicando essas medidas drásticas contra o comércio e a tecnologia da China? É o medo de que a China possa se tornar não apenas uma fonte de manufatura e importação para os consumidores dos EUA, mas um rival em todas as áreas da hegemonia dos EUA sobre a economia mundial.

O que desencadeou particularmente essa nova política dos EUA sobre a China foi o colapso financeiro global e a Grande Recessão. Sob seu modelo controlado pelo Estado, a China sobreviveu e se expandiu enquanto o capitalismo ocidental entrava em colapso. A China estava rapidamente se tornando não apenas uma economia de manufatura e exportação de mão de obra barata, mas uma sociedade urbanizada de alta tecnologia com ambições de estender sua influência política e econômica, mesmo além do Leste Asiático. Isso passou da conta para as economias imperialistas cada vez mais fracas. 

China e Tanzânia elevam laços e destacam benefício mútuo

Dois países para levar adiante a boa tradição, melhorar a cooperação 

Global Times

O presidente chinês, Xi Jinping, se encontrou com o presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, em Pequim na quinta-feira, e os dois líderes concordaram em elevar as relações bilaterais para uma parceria de cooperação estratégica abrangente. Observando que Hassan é o primeiro chefe de Estado africano a ser recebido pela China após o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, Xi disse que isso mostra plenamente a proximidade das relações China-Tanzânia e o importante status dos laços China-África na China. diplomacia geral.

#Traduzido em português do Brasil

Durante a reunião, os dois líderes concordaram em manter a comunicação de alto nível e fortalecer a cooperação em vários níveis entre os poderes legislativos e os partidos políticos. Os dois também concordaram em expandir a escala comercial, impulsionar a cooperação em projetos de infraestrutura e dar as mãos em outros campos, como desenvolvimento verde e economia digital. 

Especialistas chineses acreditam que a atualização dos laços aproximará a China e a Tanzânia em vários campos, quando o país africano enfrenta vários desafios. Além disso, ser o primeiro chefe de Estado de uma nação africana a visitar a China após a conclusão bem-sucedida do 20º Congresso Nacional do PCC mostra o endosso da Tanzânia à cooperação passada com a China, e a confiança e a crescente vontade de cooperar com a China darão a este africano país, bem como todo o continente, um impulso muito necessário para a recuperação econômica em meio à epidemia de COVID-19, e ajudar esses países a desenvolver com sucesso seu próprio caminho de crescimento, disseram especialistas. 

Os dois presidentes elogiaram a amizade tradicional entre a China e a Tanzânia e observaram com satisfação os resultados frutíferos das relações China-Tanzânia e sua cooperação amistosa nos últimos 58 anos desde o estabelecimento das relações diplomáticas. A visita de Hassan não apenas demonstra o reconhecimento da cooperação da Tanzânia com a China nos últimos anos, mas também mostra a crescente disposição do país africano de aprofundar os laços com a China, já que a economia da Tanzânia, juntamente com muitos países africanos, foi devastada pelo COVID-19 pandemia, e sua segurança alimentar foi abalada pelo conflito Rússia-Ucrânia em andamento, disse Song Wei, professor do instituto de relações internacionais da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, ao Global Times. 

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