domingo, 31 de maio de 2020

EUA | Silicon Valley viola a liberdade de expressão. Está na hora de acabar


Robert Bridge* | Strategic Culture

Em algum lugar ao longo do caminho do desenvolvimento da América, as empresas foram abençoadas não apenas com a "personalidade", mas com o poder de sancionar que tipo de mensagem era permitido entrar no domínio público. Sejamos claros: esse tipo de controle corporativo, que beira o puro fascismo, não tem lugar na democracia.

Não há necessidade de perguntar. Não há necessidade de ser educado. Não há necessidade de debater. Só é necessário apontar a Primeira Emenda da Constituição dos EUA para que esse direito humano fundamental, inscrito na lei há mais de 200 anos, seja devolvido ao povo americano.

“O Congresso não fará nenhuma lei respeitando um estabelecimento de religião ou proibindo o livre exercício do mesmo; ou abreviar a liberdade de expressão ou de imprensa; ou o direito do povo de se reunir pacificamente, e de pedir ao governo uma reparação de queixas. ”

Então, como aconteceu que um comando tão direto e inequívoco se tornou tão inatingível na realidade?

 principal fonte de nossa situação atual é que os Pais Fundadores não tinham ideia de em que grau as empresas viriam a dominar cada centímetro quadrado de nossas vidas públicas e privadas. Se eles tivessem sido avisados ​​de alguma maneira dos piratas que se aproximavam logo no horizonte com sérios eixos políticos a triturar, não há dúvida de que eles teriam ajustado as velas da Constituição para se preparar para a invasão. Infelizmente, essa clarividência estava muito além dos poderes psíquicos de qualquer indivíduo na época.

Eis o sistema que é preciso destruir


Como os bancos centrais inundam de dinheiro o cassino financeiro global. A moeda do mundo, criada do nada, em favor do 0,1%. O papel dos EUA. A ascensão subversiva da China. Uma estudiosa do “novo” capitalismo conta tudo

Ann Pettifor | Outras Palavras | Tradução de Simone Paz

Greenback, greenback, dollar bill
Just a little piece of paper, coated with chlorophyll

—Ray Charles

(“Nota de dólar, nota de dólar verde
Apenas um pedacinho de papel, revestido com clorofila”
)

Conhecemos a história porque Henry Paulson, que já foi executivo-chefe da Goldman Sachs e, também, secretário do Tesouro dos EUA durante a última crise, está reunindo os capitalistas do mundo para defender a globalização contra o reshoring, o protecionismo e os controles de imigração. Paulson entende isso como uma guerra de ideias. Nas colunas do Financial Times, defendeu que “a iminente batalha colocará as forças de abertura — enraizadas nos princípios de mercado — contra as de fechamento, em quatro dimensões: comércio, fluxos de capital, inovação e instituições globais”.

Essa “batalha iminente” já se inclina a favor da classe dos credores do mundo — com o apoio dos bancos centrais e, em particular, o dos EUA, o Federal Reserve, que emprega sua arma mais potente: o dólar americano, aquele “pedacinho de papel revestido com clorofila”. Suas ações deixam claro que pode não haver um comitê internacional para salvar as pessoas de uma pandemia global, mas existe um comitê internacional criando uma “grande rede de segurança” para salvar as finanças privadas, por causa da pandemia. Os dirigentes dos bancos centrais engajaram-se em uma ação decisiva, expansiva e coordenada internacionalmente para salvar o capitalismo rentista, enquanto os governos de presidentes como Trump, Bolsonaro, Modi e Johnson divertem-se, lidando da pior maneira com a crise da covid-19.

A ascensão do nacionalismo e do protecionismo, que levou esses líderes autoritários ao poder, juntamente com ações extraordinárias dos bancos centrais em apoio aos cassinos financeiros de Wall Street e da City [centro financeiro de Londres], são reações e consequências de “externalidades negativas” típicas da globalização: conectividade e integração. A pandemia não deixa de ser também uma consequência dos riscos sistêmicos à saúde, inerentes à conectividade e à integração do projeto de globalização.

Onde ficam os progressistas nesse debate de ideias que envolve globalização e políticas monetárias? A julgar pelo tom e nível do debate público ocidental, a esquerda se mantém à margem da arena de batalha entre os pró-globalização e os contrários a ela. Tanto a campanha eleitoral liderada por Jeremy Corbyn, quanto a candidatura presidencial de Bernie Sanders nos Estados Unidos, ofereceram uma análise sólida, além de uma profunda compaixão e solidariedade às vítimas da globalização e do colapso climático. Mas suas campanhas costumavam focar, com frequência, em questões domésticas — tais como sistemas de saúde, moradia acessível, a nacionalização das ferrovias, a atenção para os pobres e sem-teto — e ignoraram tanto a infraestrutura financeira globalizada (que torna praticamente impossível a reforma desses setores), como o establishment político que lutará até a morte para defender o sistema.

Essa ignorância sobre os elementos nocivos do sistema monetário internacional e seus impactos no Sul Global abafa o debate e inibe possibilidades radicais. Afinal de contas, não é possível transformar um sistema e redesenhar sua arquitetura financeira internacional, enquanto esse sistema não for compreendido, discutido e debatido.

Em outras palavras, para decidir nosso rumo, precisamos entender como chegamos até aqui.

Cântico de Zacarias


César Príncipe

Bendigamos

As bobinas de papel higiénico. Restarão para a posteridade como metáfora do açambarcamento-confinamento no brotar da Pandemia-19. As populações urbanas interiorizaram que o desfecho seria dirimido entre Sanitas & ETAR`S. As populações rurais sempre dispuseram de uma folha de couve nas hortas de subsistência. Haverá que apurar a fonte do pânico e quais os interesses ocultos das corporações ou se apenas emergiu no contexto de um rumor relacionado com o inimigo invisível (embora o mundo esteja prenhe de agentes excre(mentais) tão ou mais tenebrosos que ele, o mundo, o que não enxerga Trumps & Bolsonaros). Uma interrogação decorre desta corrida consumista. Ao que parece, perdida a Fé nos Homens, em vez de fazer cumprir o disposto no Novo Testamento, o Criador envenenou os criados com as próprias fezes. O Apocalipse acaba de ser reescrito em Rolos W.C. por João de Patmos. O apóstolo catastrofista.

Covid-19 | Jovens infetados são a nova preocupação na região de Lisboa


A ministra da Saúde lembrou, este domingo, que os jovens são "o novo grupo de infetados" em Lisboa e Vale do Tejo, apelando para que estes fiquem em casa se forem infetados com a covid-19. O ministério vai "reforçar a intervenção" na região.

De visita a Sintra, onde reuniu com Basílio Horta, presidente da Câmara local, Marta Temido ouviu o autarca dizer que tem havido "um défice de comunicação" quanto ao número de infetados. A ministra admitiu que "é difícil passar algumas mensagens", mas considerou ser necessário "persistir".

A governante acrescentou ter percebido "com muita clareza" que é preciso "comunicar com públicos mais jovens", uma vez que estes constituem "o novo grupo de infetados em Lisboa e Vale do Tejo". Na sexta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) revelou que 92% dos novos infetados na Grande Lisboa pertencem a esta faixa etária.

Temido lembrou que, nestes casos, "a doença tende a ser mais ligeira em termos de sintomas", mas reforçou: "por favor, se estiverem doentes fiquem em casa e não contactem ninguém".

Portugal | No saguão do teletrabalho


Manuel Carvalho Da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Está em curso uma discussão sobre o teletrabalho muito suportada por opiniões superficiais, sem reflexão acerca do contexto económico, social e político em que vamos viver, sem suporte em estudo científico e empírico indispensáveis.

São, em grande medida, pronunciamentos embalados pelo fascínio da tecnologia e algumas tentativas de credibilizar objetivos particulares de curto prazo. O assunto é sério, tem de ser estudado, nas suas vantagens e inconvenientes, tomando a experiência forçada de muitos milhares de trabalhadores, mas muito para além do observável nessa experimentação.

Em pouco tempo emergiram vantagens e inconvenientes. Questões muito delicadas ao nível do uso do tempo, um dos bens fundamentais sobre o qual não podemos perder o controlo. Há que distinguir, e criar barreiras, entre tempo de trabalho e tempo pessoal para a vida plena em todas as suas dimensões. Concomitantemente, tornaram-se evidentes as dificuldades de gestão do espaço doméstico e a tendência para sacrificar condições de vida de elementos da família em favor da prestação de trabalho de outrem.

Num tempo em que tanto se fala da necessidade de trabalho em equipa, se constata a necessidade de maior socialização, em que é preciso reforçar o coletivo contra o individualismo exacerbado e, quando é imberbe a regulação e regulamentação do teletrabalho, há muito a estudar para que o seu incremento não venha a ser mais prisão, amputação das liberdades e fragilização da democracia. E como estruturar bem a gestão de equipas à distância? E quais os impactos na distribuição territorial dos/as trabalhadores/as e suas implicações?

Vamos viver (já estamos) um tempo em que imensas pessoas têm menores rendimentos e o elevado desemprego coloca os trabalhadores numa situação de fragilidade: os desempregados forçados a aceitarem trabalho sem poderem proteger-se minimamente; e quase todos os outros mais expostos a chantagens, porque há um exército de mão de obra disponível. Por outro lado, como se vai confirmando a cada dia que passa, o choque da pandemia só foi simétrico no susto inicial: as desigualdades e as vulnerabilidades estão a agravar-se e os poderes a desequilibrarem-se em desfavor dos trabalhadores.

A utilização do teletrabalho vai ser influenciada até pela geopolítica, num quadro de incremento da automação, debaixo de falsos determinismos tecnológicos, e com as plataformas digitais e outras a tentarem camuflar dependências hierárquicas e funcionais, gerando a ilusão de estarmos perante uma proliferação de "atividades" ocasionais substitutivas do emprego.

E como vai ser feita a desincrustação da crise nos planos sociopolítico e institucional? O Estado e as instituições vão sair com mais força? As instituições de intermediação e regulação imprescindíveis em democracia, como os sindicatos, vão ser defendidas e reforçadas nas suas missões ou desvalorizadas?

É preciso fazer-se a caraterização funcional das diversas profissões, analisar mudanças para a organização do trabalho na perspetiva patronal mas, de igual modo, do ponto de vista do trabalhador. Este estudo não pode substituir aquele que identifique as exigências e limites no espaço privado. O perigo de se desvalorizar o teletrabalho é real. E ele não pode tornar-se trampolim de transferência de responsabilidades.

*Investigador e professor universitário

Portugal | PS de Costa no limiar da maioria absoluta e Chega ultrapassa o Bloco


Sondagem da Pitagórica para o JN e a TSF projeta um resultado de 44,8% e deixa os socialistas ainda mais longe do PSD (24,1%). O Chega está em queda (6,4%) mas rouba o terceiro lugar ao Bloco (6,1%).

Os passos trocados de António Costa e Mário Centeno não resultaram no trambolhão que se poderia esperar. Bem pelo contrário. Segundo a mais recente sondagem da Pitagórica para o JN e a TSF, o PS está no limiar de uma maioria absoluta (44,8%) e cada vez mais longe do PSD, que até recupera (24,1%). Outro dado assinalável é que o Chega, mesmo em queda, consegue passar para terceiro (6,4%), ultrapassando o BE (6,1%). A CDU melhora e entra na luta pelo pódio (5,8%). Seguem-se o PAN, em recuperação (3,3%), o CDS, que estanca as perdas (2,8%), e a Iniciativa Liberal, em baixa (1,6%).

O país político e mediático entusiasmou-se, em maio, com a novela à volta do pagamento de 850 milhões de euros ao Novo Banco; com a evidente falta de sintonia entre o primeiro-ministro e seu ministro das Finanças; e ainda mais quando o presidente da República consolou Costa e vergastou Centeno. As elites partidárias e jornalísticas entusiasmaram-se, o país real, aparentemente, não. Pelo menos a julgar pelos resultados da última sondagem da Pitagórica, cujos inquéritos foram recolhidos entre 16 e 24 de maio, já depois da conclusão dos episódios.

PS BATE RECORDE

O PSD de Rui Rio, que pediu a demissão do ministro das Finanças, até sobe um ponto percentual entre os barómetros de abril e maio (para 24,1%), mas o PS de António Costa, que recusou demitir Mário Centeno, sobe três pontos (para 44,8%). É o valor mais alto desde que se iniciaram estes barómetros para o JN, em abril do ano passado.

Um resultado que deixaria os socialistas, se estivéssemos em tempo de eleições, a roçar a maioria absoluta. Recorde-se que António Guterres conseguiu 44% (menos 8 décimas) em 1999 e ficou a um deputado do controlo do Parlamento; mas que José Sócrates marcou 45% (mais duas décimas) em 2005, conseguindo a única maioria socialista em 46 anos de democracia.

O fosso entre os dois maiores partidos continua por isso a alargar-se: nas legislativas de outubro passado foi de cerca de nove pontos percentuais e, de acordo com a projeção atual, já ultrapassaria os 20 pontos, em favor do PS.

Mas o atual clima de paz social entre os dois maiores partidos (o drama com Centeno foi a exceção) também autoriza a leitura de que o chamado "bloco central" ganha dimensão: a soma de socialistas e sociais-democratas nas legislativas de 2019 dava 64 pontos percentuais, e está agora em quase 70 pontos. Esse ressurgimento do "centrão" fica mais evidente quando se percebe que a maioria dos outros partidos (com a notável exceção do Chega) valem menos do que em outubro passado.

ESQUERDA AMARGA

Destacam-se em particular os partidos à Esquerda do PS. Bloquistas e comunistas somaram, nas últimas legislativas, cerca de 16 pontos; hoje valem 12 (menos quatro pontos). Nos barómetros de março e abril, o BE mostrava maior capacidade de resistência, mas os resultados de maio são piores, aproximando-o da CDU (estão separados por três décimas). Parece ser evidente que o PS canibaliza o eleitorado dos seus antigos parceiros.

É diferente o cenário à Direita. O valor conjunto de Chega, CDS, Iniciativa Liberal e Aliança é de 11 pontos: menos dois do que há um mês, mas mais três do que nas eleições de outubro passado. Ao contrário do PS, o PSD está a perder para os seus rivais mais pequenos. Se a projeção de resultados para Rui Rio se confirmasse em eleições, seria o pior resultado de sempre dos sociais-democratas (Sá Carneiro marcou 24,3% em 1976).

CHEGA AINDA SOMA

Quando se comparam os resultados das legislativas de 2019 com a projeção atual, há apenas dois partidos com razão para celebrar: os socialistas, porque estão no limiar de uma maioria absoluta, e os radicais de direita do Chega, agora em terceiro lugar.

Mesmo tendo em conta que a formação de André Ventura está em queda desde março (já perdeu quase dois pontos percentuais), o que é verdadeiramente importante é que soma mais cinco pontos do que em outubro passado.

São sondagens e não resultados reais, é certo. Mas revelam tendências. Acresce que o Chega mantém-se estável em Lisboa, ou seja, no maior círculo eleitoral do país.

21%
Tal como em março e abril, o PS está à frente do PSD em todos os segmentos (excluindo a faixa dos 45/54 anos, com um empate). Essa diferença é maior entre as mulheres (mais 21 pontos para os socialistas) do que entre os homens (mais 13 pontos)

29,9%
A região Norte continua a ser o melhor bastião dos sociais-democratas (29,9%), ainda que estejam abaixo dos socialistas (33,2%). No Grande Porto o caso muda de figura: o PS tem uma vantagem de quase 26 pontos relativamente ao PSD.

16,2%
O número de indecisos continua em queda: são agora 16,2%, com destaque para os homens (16,9%), os que têm entre 18 e 24 anos (25%) e os que residem no Grande Porto (23,5%).

21,4%
Os portugueses que votaram no Bloco de Esquerda continuam a revelar-se menos féis, numa tendência que permanece constante há três meses e que ajuda a explicar os maus resultados: ao todo, 21,4% estão agora indecisos.

Rafael Barbosa | Jornal de Notícias | Imagem: José Sena Goulão / EPA

Covid-19 | Índia regista mais de oito mil novos casos num único dia


A Índia registou mais de oito mil novos casos de covid-19 num único dia, um novo recorde desde o início da pandemia no país, foi hoje anunciado.

O número de casos confirmados de covid-19 na Índia subiu para 182.143, registando-se 5.164 mortes, incluindo 193 nas últimas 24 horas, anunciou hoje o Ministério da Saúde indiano.

Mais de 60% dos óbitos causados pela covid-19 tiveram origem em dois estados indianos - Maharashtra, um centro financeiro, e Gujarat, o estado de onde é originário o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

Os novos casos concentram-se em seis estados indianos, incluindo a capital Nova Deli, sendo que a taxa de mortalidade associada à covid-19 naquele país se situa nos 2,8%.

No sábado, a Índia, um país com 1,3 mil milhões de habitantes, anunciou um desagravamento significativo das medidas de confinamento a partir de 08 de junho, com exceção para as regiões do país onde a pandemia da covid-19 continua a ter um elevado número de contágios.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 366 mil mortos e infetou mais de 6 milhões de pessoas em 196 países e territórios

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Notícias ao Minuto | Lusa | © Getty Images


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Rússia ultrapassa os 400 mil infetados, no dia em que regista 138 mortes


A Rússia registou 9.268 infetados, sendo esta a primeira vez que a contagem diária ultrapassou os 9.000 casos de infeção por covid-19, ao mesmo tempo que registou o menor número de mortes, 138, em vários dias, foi hoje revelado.

Os números totais relativos à pandemia do novo coronavírus na Rússia apontam que este país regista 405.843 casos e 4.693 mortes por covid-19.

A taxa de mortalidade relativamente baixa em comparação com outros países levou ao ceticismo no país e no exterior.

Para dissipar as suspeitas de que as autoridades estão a tentar reduzir o número de mortos por razões políticas, a vice-primeira-ministra, Tatyana Golikova, explicou na semana passada que a contagem da Rússia inclui apenas aqueles que confirmaram ter morrido diretamente da infeção.

Ao mesmo tempo, a governante revelou o número de pessoas que testou positivo covid-19, mas terá morrido devido a outras causas.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 366 mil mortos e infetou mais de 6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,4 milhões de doentes foram considerados curados.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: Reuters


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EUA com 960 mortos vítimas de covid-19 nas últimas 24 horas


Os Estados Unidos registaram mais 960 mortos devido à covid-19 nas últimas 24 horas, elevando para mais de 103 mil o total de óbitos no país desde o início da epidemia, indicou a Universidade Johns Hopkins.

As autoridades sanitárias norte-americanas contabilizaram 1.769.776 casos da doença, desde final de fevereiro, altura em que se registou a primeira morte no país, de acordo com os números contabilizados pela universidade norte-americana, sediada em Baltimore (leste), até às 20h30 de sexta-feira (01h30 de hoje em Lisboa).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 366 mil mortos e infetou mais de seis milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,4 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados (mais de 2,7 milhões, contra mais de 2,1 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (mais de 159 mil, contra mais de 177 mil).

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num "grande confinamento" que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.

Notícias ao Minuto | Lusa

EUA | Confrontos entre manifestantes e polícias abalam principais cidades


Confrontos entre manifestantes e polícias abalaram no sábado à noite as principais cidades dos Estados Unidos, colocadas sob recolher obrigatório, na sequência da morte do afro-americano George Floyd.

Presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu "travar a violência coletiva", após várias noites de distúrbios em Minneapolis, onde Floyd, de 46 anos, foi morto na segunda-feira passada pela polícia local.

De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), a polícia deteve cerca de 1.400 pessoas em 17 cidades norte-americanas.

Em Minneapolis, no estado do Minnesota (norte), agentes com equipamento antimotim carregaram sobre manifestantes, que desafiaram o recolher obrigatório, disparando granadas de gás lacrimogéneo e de atordoamento.

Confrontos registaram-se também em Nova Iorque, Filadélfia, Los Angeles e Atlanta, levando os responsáveis destas duas últimas cidades, bem como os de Miami e de Chicago, a anunciar a imposição do recolher obrigatório.

Trump, que denunciou já repetidamente a "morte trágica" de Floyd, atribuiu os confrontos a "grupos da extrema esquerda radical" e ao "Antifa" (antifascistas).

"Não devemos deixar que um pequeno grupo de criminosos e vândalos destrua as nossas cidades", declarou.

Também o governador do Minnesota, Tim Walz, denunciou elementos exteriores ao estado e que apontou como possíveis anarquistas, mas também supremacistas brancos ou traficantes de droga.

Para controlar a situação, Walz anunciou a mobilização dos 13 mil soldados da Guarda Nacional do estado e pediu ajuda ao Departamento de Defesa.

Unidades da polícia militar foram colocadas em estado de alerta para uma eventual intervenção em Minneapolis, no prazo de quatro horas, precisou o Pentágono.

A polícia militar só pode intervir em território norte-americano em caso de insurreição.

Centenas de manifestantes concentraram-se em protesto também em Dalas, Las Vegas, Seattle e Memphis, entre outras cidades.

Em Washington, junto à Casa Branca, as granadas de gás lacrimogéneo e focos de incêndio marcaram a noite de sábado.

Em Nova Iorque, mais de 200 pessoas foram detidas, na sequência de confrontos com a polícia. Vários agentes ficaram feridos, enquanto em Atlanta ou em Miami, numerosos veículos policiais foram incendiados.

Pelo menos cinco agentes ficaram feridos em Los Angeles e centenas de pessoas foram detidas, na sequência de confrontos, pilhagens e incêndios, sobretudo em lojas de luxo de Beverly Hills.

Em todo o país, pelo menos duas pessoas morreram nos incidentes e dezenas ficaram feridas.

Na origem dos protestos está a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos, às mãos da polícia, depois de ter sido detido sob suspeita de ter tentado usar uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) num supermercado de Minneapolis, no estado de Minnesota.

Nos vídeos feitos por transeuntes e difundidos 'online', um dos quatro agentes, que participaram na detenção, tem um joelho sobre o pescoço de Floyd, durante mais de oito minutos.

Os quatro foram já despedidos da força policial e o agente Derek Chauvin foi acusado de homicídio involuntário.

Notícias ao Minuto | Lusa


Um polícia morto a tiro e outro ferido em protestos por George Floyd

Os agentes da autoridade foram baleados em Oakland, no quarto dia de protestos contra o homicídio do afro-americano George Floyd pela polícia.

Dois agentes da polícia federal foram baleados em Oakland, nos Estados Unidos, na sexta-feira, um deles mortalmente, durante os protestos contra o homicídio do afro-americano George Floyd pela polícia, na passada segunda-feira.

Milhares de pessoas concentraram-se, ao início da noite de sexta-feira, em várias cidades norte-americanas para manifestar e os protestos continuam hoje.

Os dois agentes baleados faziam parte do departamento de Segurança Nacional, refere a CNN. O tiroteio está sob investigação e não resulta claro se esteve ou não relacionado com os protestos, de acordo com as informações partilhadas por uma porta-voz da polícia de Oakland.

Nos últimos três dias, a onda manifestações nos Estados Unidos já resultou em pilhagens, incêndios de veículos policiais e confrontos com agentes. Na origem dos protestos está a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos, às mãos da polícia, depois de ter sido detido sob suspeita de ter tentado usar uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) num supermercado de Minneapolis. 

Nos vídeos feitos por transeuntes e difundidos online, um dos quatro agentes, que participaram na detenção, tem um joelho sobre o pescoço de Floyd, durante minutos, enquanto este se queixa de não conseguir respirar. Os quatro polícias foram já despedidos e o agente Derek Chauvin foi acusado de assassínio e homicídio involuntário. A mulher já anunciou o divórcio após os acontecimentos.

Notícias ao Minuto | Lusa

Assim vai acontecendo nos EUA a ferro e fogo, ler em Notícias ao Minuto:

sábado, 30 de maio de 2020

Onde está a liberdade de imprensa nos EUA?


Em Minneapolis, uma equipe da CNN foi presa ao noticiar sobre os protestos populares. Uma prática autoritária inaceitável, sobretudo num país que tanto ostenta sua preocupação com a liberdade, opina Carla Bleiker.

É pouco antes das 5h desta sexta-feira (29/05). Omar Jimenez e sua equipe noticiam para o canal de TV CNN sobre os protestos contra a violência policial em Minneapolis. Atrás dos repórteres, veem-se agentes da State Patrol, portando equipamento de proteção, capacetes e cassetetes; fumaça negra paira no ar. Durante a noite houvera distúrbios em que os cidadãos manifestaram sua cólera e luto por George Floyd, mais um afro-americano morto por um policial branco.

Portanto o clima é tenso quando Jimenez, cuja mãe também é afro-americana, filma num cruzamento da cidade no centro-norte dos Estados Unidos. Contudo ele certamente não contara ser preso diante das câmeras. Seus colegas no estúdio também se mostram chocados.

O que os espectadores veem é um jornalista perguntando respeitosamente onde sua equipe poderia se postar para não atrapalhar os policiais, ao que estes respondem colocando-lhe algemas. Não há reação quando ele repetidamente indaga a razão da detenção. Jimenez porta sua credencial de jornalista, que claramente o identifica como membro da imprensa, e ele e seus colegas explicam insistentemente que só estão fazendo seu trabalho. A prisão ao vivo evoca cenas de um regime autoritário.

No entanto o repórter foi preso num país que em seu hino nacional se gaba de ser "land of the free". O presidente dessa nação tão preocupada com a liberdade, Donald Trump, não esconde que considera a maioria dos jornalistas, e em especial a CNN, inimigos de Estado. Com suas tiradas contra a imprensa, ele acirra os ânimos no país e cuida para que o livre noticiário se torne cada vez mais difícil. Isso é inaceitável.

Num país que, para fora, tanto valor dá aos direitos individuais e à livre opinião, repórteres têm que poder trabalhar livremente. Em protestos e operações policiais, a situação é tensa e pode virar de um momento para o outro. No entanto isso não é desculpa para se prenderem jornalistas que de repente se encontram do lado errado de uma tropa policial.

Desde que existem jornalistas, tem havido diferenças de opinião entre imprensa e polícia. Afinal de contas, o trabalho dos repórteres é levar a público imagens e histórias, mesmo que os agentes da lei nem sempre façam boa figura. Mas se os EUA querem ser reconhecidos como um brilhante exemplo de liberdade de imprensa sob um governo democrático, a polícia não pode levar algemados os profissionais que estejam em seu caminho.

Carla Bleiker | Deutsche Welle | opinião

Portugal | A pobreza dá menos saúde


Inês Cardoso | Jornal de Notícias | opinião

Muitos defensores de um confinamento rígido, prolongado se possível até que haja vacina para a covid-19, insistem no argumento de que a economia não pode sobrepor-se à saúde.

É uma forma de viciar qualquer análise, porque obviamente a vida está sempre acima de qualquer valor, mas as novas dinâmicas de propagação do vírus na região de Lisboa encarregam-se de demonstrar a absoluta interligação que existe entre aqueles dois vetores.

Ver para além dos números e analisar os contextos específicos em que ocorreram os diferentes surtos obriga a olhar de frente causas socioeconómicas que interferem na saúde e na expansão da doença. Num primeiro momento, nas regiões Norte e Centro, o contágio em lares foi avassalador e expôs, a par da dificuldade em prever e conter quando ainda sabíamos pouco sobre o vírus, a forma como estão amontoados muitos dos nossos idosos. A situação em Lisboa traz uma nova realidade, com focos em bairros sociais e em grupos de trabalhadores recrutados por empresas de trabalho temporário, que vivem em habitações partilhadas e degradadas e são frequentemente transportados sem cuidados sanitários.

A pobreza, a habitação deficiente, a falta de higiene em cafés e restaurantes, um conjunto de fatores a montante acaba por ter influência na forma como é potenciada a propagação. Se a isso somarmos o facto de também a exposição ao risco aumentar à medida que diminui a escolaridade e o rendimento, como mostram os dados sobre o acesso ao teletrabalho ou sobre a utilização de transportes públicos, obtemos uma mistura explosiva.

Olhar para realidades específicas obriga a ter também respostas adequadas, incluindo mais intervenção social. Novos casos não se resolvem necessariamente com mais confinamento, mas com medidas locais e muita insistência na proteção e distanciamento. A forma de lidar com o vírus é comportamental, mas isso não é (necessariamente) sinónimo de ficar em casa. Sobretudo quando a casa é tudo menos o espaço de segurança que associamos à noção de confinamento.

*Diretora-adjunta

Mais 13 mortos e 257 infetados com covid-19 em Portugal


Há mais 13 óbitos associados à covid-19, 257 novos casos diagnosticados e mais 275 doentes recuperados nas últimas 24 horas.

No total, Portugal já registou 32203 casos de infeção (dos quais, 19186 já recuperaram) e 1396 óbitos associados ao novo coronavírus.

Com uma subida total de 257 casos confirmados no país, a região de Lisboa e vale do Tejo vê o número de infeções aumentar em 231 casos (89,9% dos novos casos foram nesta região). O Norte teve mais 14 casos, o Centro 11 e o Algarve mais um caso positivo.

Analisando a distribuição geográfica dos óbitos, quatro ocorreram no Norte do país, uma no Centro e oito em Lisboa e Vale do Tejo.

Na distribuição de casos por concelho, saliente-se a subida dos concelhos de Lisboa, Amadora (total de 831), Odivelas (total de 534) e Sintra (total de 1173). A capital continua a ser o concelho com maior número de infetados, com 2365 casos já identificados. O Porto de 1354 casos, Gaia 1558, Braga 1225, Valongo 757, Gondomar 1083 e Matosinhos 1277.

O país tem, neste momento, 514 pessoas internadas com covid-19, das quais 63 em Unidades de Cuidados Intensivos, uma diminuição de três casos em ambos os valores.

Olhando para a faixa etária dos óbitos no país, mais de 900 ocorreram no grupo acima dos 80 anos, logo seguido para faixa 70-79, com mais de 250 casos. 

Jornal de Notícias

Portugal | A maior mentira da pandemia


Paulo Baldaia | TSF | opinião

Chegou a ser comovente a forma como encaramos o início da Covid-19, tratando o novo coronavirus como uma coisa democrática que não fazia distinções sociais, ameaçando de igual forma pobres e ricos. Ainda há quem pense assim, porque de facto, apanhados pelo vírus, as consequências seriam iguais para ricos e para pobres. E seria assim, se o vírus circulasse apenas por países com sistemas nacionais de saúde que acodem democraticamente a todos. Mas como sabemos, uma coisa é viver na Europa e outra bem diferente é viver na América Latina, em África e até mesmo nos Estados Unidos da América, onde o sistema de saúde se encarrega de distinguir ricos e pobres.
"Não houve o mínimo de igualdade entre os que mantiveram a totalidade do seu rendimento, os que o perderam parcialmente e os que o perderam de todo."
Neste país onde é suposto ter corrido tudo muito bem, aqui em Portugal, é verdade que evitámos o colapso do SNS, mas também por cá se percebeu que o vírus perdia a sua característica democrática sempre que era preciso tomar decisões. O confinamento, por exemplo, não foi para todos, obrigando muitos profissionais mal pagos, como caixas de supermercados, recolha do lixo, enfermeiros e pessoal auxiliar nos hospitais, forças de segurança, todos esses trabalhadores foram sujeito a riscos muito maiores que todos aqueles que puderam recolher-se em sua casa. Mesmo para os que ficaram em casa, não houve o mínimo de igualdade entre os que mantiveram a totalidade do seu rendimento, os que o perderam parcialmente e os que o perderam de todo.
"O que agora se está a passar em Portugal mostra que o vírus pode ser muito democrata, nós como sociedade é que deixamos muito a desejar."
Chegamos a este momento e percebemos que o vírus se mantém capaz de fazer adoecer pobres e ricos, mas a sociedade encarrega-se de contrariar esse espírito solidário, não fornecendo a uma enorme massa trabalhadora das periferias das grandes cidades, Lisboa à cabeça, uma rede de transportes que não os coloque em perigo. E os mais pobres dos pobres vivem em casas sem condições, muitos emigrantes a viverem amontoados em quartos, bairros inteiros colocados em perigo...

O que agora se está a passar em Portugal, com os mais pobres a serem vítimas quase em exclusivo da Covid-19, mostra que o vírus pode ser muito democrata, nós como sociedade é que deixamos muito a desejar.

Covid-19 | Brasil ultrapassa Espanha em número de mortes


O Brasil registou, até sexta-feira à noite, mais 1124 mortes devido à pandemia de covid-19, elevando para 27.878 os óbitos no país. 

O aumento fez com que o Brasil seja agora o quinto país com mais mortes, depois de ter ultrapassado Espanha (27.121).

O Brasil é o segundo país com mais casos de infecção detectados (465.166), apenas atrás dos Estados Unidos. Foram identificados 26.928 novos casos de infecção na sexta-feira, um novo recorde diário.

José Volta e Pinto | Público

Brasil | Assessora de ministro: "Mortes de idosos reduzirão déficit de pensão"


Solange Vieira, assessora do ministro da Economia brasileiro, disse que "é bom que as mortes se concentrem entre os idosos".

Uma reportagem da Reuters debruçada sobre a ação do governo brasileiro frente à pandemia do novo coronavírus contactou várias fontes dentro e fora da administração de Jair Bolsonaro. Uma das revelações mais chocantes é o relato de uma conversa mantida com a assessora do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Solange Vieira, ao ser informada, em março, durante reunião com técnicos do Ministério da Saúde, de que a pandemia tinha o potencial de causar muitas fatalidades entre os mais idosos, deu a entender que isso não constituiria um impacto negativo.

"É bom que as mortes se concentrem entre os idosos. Isso melhorará o nosso desempenho económico, pois reduzirá o nosso déficit de pensão", disse Vieira, uma das pessoas envolvidas na Reforma da Previdência Social (Segurança Social) no Brasil, em 2019.

O relato desta conversa, mantida em março deste ano, foi feito pelo epidemiologista Julio Croda, que na altura era responsável pelo Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis (DEIDT) do Ministério da Saúde. Este relato, diz a Reuters, foi confirmado por outro funcionário do Ministério, que preferiu manter o anonimato.

Solange Vieira, que já foi presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, foi nomeada por Paulo Guedes responsável pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), em março. Não respondeu às tentativas de contacto por parte da agência noticiosa.

Notícias ao Minuto | Imagem: © Getty Images  

“Acabou, porra.” Bolsonaro ameaça com golpe militar no Brasil


Presidente e filho atacam a separação de poderes em reação às investigações da Justiça

Dizer que o Brasil está à beira da rutura tornou-se tão habitual nos últimos meses que é legítimo perguntar se a expressão ainda terá significado. Na quinta-feira, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente da República, alertava para uma “rutura institucional”. “O problema não é mais ‘se’, mas ‘quando’”, afirmou. “Estamos vendo uma iniciativa atrás da outra para esgarçar essa relação. E depois não se engane. Quando o Presidente não tiver mais saída e tiver que tomar uma medida enérgica, ele é que será taxado como ditador.”

“O poder moderador para restabelecer a harmonia entre os poderes não é o Supremo Tribunal Federal [STF], são as Forças Armadas”, defendeu o filho que Jair Bolsonaro designa por “03”. O progenitor invocou na rede social Twitter uma “intervenção militar pontual” e partilhou uma entrevista em que um constitucionalista defendia isso ao abrigo do artigo 142 da Constituição. Esta estipula que as Forças Armadas estão “sob a autoridade suprema do Presidente da República e destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. O que não diz, mas pai e filho Bolsonaro parecem inferir, é que a tropa possa estar acima da Justiça.

MSN, do Expresso (exclusivo) | Manuela Goucha Soares, Pedro Cordeiro

Imagem: © Evaristo Sá | AFP/Getty Images | O Presidente Jair Bolsonaro e o seu vice, Hamilton Mourão (terceiro e segundo a contar da esq.), numa cerimónia militar em Brasília

EUA: POR CADA ESTRELA NA BANDEIRA UMA MARCA DE ÓDIO


EUA... E diz-se uma nação evoluída. A maior, a melhor, o centro e polícia do mundo, o império desde há dois séculos... 

Que nojo. Que terrível obstáculo global à evolução do progresso do exercício dos direitos da humanidade e da paz neste planeta. Conhecem nação mais criminosa por todo o mundo?

Na imagem, eis o Ku klux klan tão da "américa", tão racista, com tantos crimes para contar. Por cada estrela da bandeira dos EUA interpretemos uma marca de ódio. Está repleta. Lamentável...

Mário Motta, em VK

PARA PODERMOS RESPIRAR


José Soeiro | Expresso | opinião

“Não consigo respirar”. O grito, como é sabido, não é de nenhuma vítima da Covid-19, mas sim de George Floyd, o cidadão negro, afro-americano, de 46 anos, que foi executado barbaramente por um polícia em Minneapolis. 

A frase foi repetida dezenas de vezes, em estado de aflição, enquanto o polícia continuava a esmagar com o joelho imperturbável a garganta de Floyd. Ao contrário do que escreveu alguma imprensa, o polícia não se “ajoelhou no seu pescoço”. Asfixiou-o deliberadamente. Floyd não morreu por isso em nenhum “incidente”. Perante os apelos dos transeuntes para que o deixassem respirar e a passividade criminosa dos restantes agentes policiais, que recusaram prestar qualquer assistência a uma pessoa que estava a ser assassinada, George foi linchado por quem tem, supostamente, a missão de proteger os cidadãos.

“Não consigo respirar”. Foi também este o grito, repetido desesperadamente mais de uma dezena de vezes, por Eric Garner, cidadão negro que tinha 43 anos quando foi estrangulado ate à morte, durante mais de 15 segundos, em julho de 2014, por um agente da polícia de Nova Iorque, também ele um homem branco. O caso, seis anos antes numa outra cidade, e que terminou sem qualquer condenação do homicida, tem todas as afinidades possíveis com o de Minneapolis. E mostra como nada parece ter mudado para todos aqueles que não podem sentir-se seguros se a polícia estiver por perto.

Enquanto tantos se mobilizam, um pouco por todo o mundo, para combater um vírus que nos impede de respirar, para que haja ventiladores capazes de salvar vidas, há outras vidas e outros corpos que são tratados como se não tivessem direito a viver. Como se o poder pudesse dispor deles e eliminá-los.

A asfixia dos negros não vem, como se sabe, de agora. Estes episódios estão longe de ser acontecimentos isolados. Muito menos são tristes coincidências. São, de facto, a expressão da política do racismo estrutural, que é brutal nos Estados Unidos, mas não só. Estas histórias, que nos revoltam por dentro, existem porque foram conhecidas, porque alguém filmou e nós as testemunhámos. Imaginem agora quando não há ninguém a registar o que acontece, quando é no silêncio e na impunidade absoluta que estes assassinatos acontecem. Quantos não existem, todos os dias? Quanta violência racista é perpetrada sem que nunca ninguém seja condenado por isso? Sabemos bem, em Portugal também. É preciso lembrar Alfragide, por exemplo?

É por isso que me declaro solidário com quem manifesta a sua indignação e a sua repulsa, que são também minhas, contra esse racismo larvar que atira migrantes e negros e pobres para as periferias das cidades e dos empregos mal pagos, para as vias desvalorizadas do ensino e para os transportes cheios e expostos à doença, para as prisões e para os bairros com poucas condições. Para a violência estrutural às mãos das instituições.

Em Minneapolis, esta revolta é já um potente grito coletivo e multirracial que ocupou as ruas, com gente de várias comunidades e pertenças, com igrejas solidárias a abrirem as suas portas para abrigar os manifestantes durante os ataques de gás lacrimogéneo da polícia, com comerciantes a anunciar o seu repúdio pelo que aconteceu, com gestos importantes como o de Joan Gabriel, presidente da Universidade de Minnesota, que anunciou, numa carta pública, o corte de todos os contratos com o Departamento de Polícia de Minneapolis e o cancelamento de qualquer pareceria para a segurança de concertos, palestras ou outros eventos daquela instituição.

Está visto, é certo, que vai ser preciso muito mais luta para que as coisas mudem. Hoje mesmo, Omar Jimenez, um repórter negro da CNN que tem coberto as manifestações naquela cidade, foi detido pela polícia em pleno direto televisivo. As imagens deixam qualquer um perplexo – a mim, pelo menos, deixaram-me boquiaberto. Depois de tudo o que se tem passado, Jimenez é levado pela polícia sem que se perceba porquê: “Por que estou preso?”, pergunta em direto. A polícia divulgou mais tarde a sua explicação: o repórter e a equipa haviam sido detidos por não se terem afastado quando receberam essa ordem. A câmara televisiva, caída no chão, continuou a transmitir as imagens em direto.

Os olhos do mundo estão em Minneapolis, porque Minneapolis é em muitos lugares do mundo. George Floyd é hoje o símbolo das vítimas deste vírus insuportável que torna as nossas sociedades irrespiráveis. O racismo mata, de muitas maneiras. E será só pela nossa luta sem tréguas e sem hesitações que poderá ser erradicado.

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