Artur Queiroz*, Luanda
A História é feita pela Humanidade e cada povo constrói a sua. Mas ficam registadas nas suas páginas as grandes e as baixezas, as vitórias e as derrotas, os mártires, os heróis, os grandes líderes, mas também os ditadores, os caudilhos cruéis, as fidelidades ou as grandes traições. Olhemos para Angola. Os que desejavam saquear as riquezas do país e submeter o Povo Angolano investiram milhares de milhões na traição da UNITA, na aliança da FNLA com Mobutu, nas “revoltas” e no golpe militar do 27 de Maio de 1977. Agora investem em fotos e vídeos na Casa Branca.
Ninguém pode alterar o passado e muito menos falsificar os factos na sua crueza implacável. O MPLA foi a única organização política que lutou pela Independência Nacional até ao dia 11 de Novembro de 1975. Foi sob a Bandeira do MPLA que o Povo Angolano fez a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade territorial. Em 2017 tudo mudou. Ainda ninguém sabe a dimensão da traição. Mas está claro que o dinheiro pago aos traidores dos nossos generais de todas as guerras, desde 4 de Fevereiro de 1961, vai agora ser devolvido e com juros muito altos. Ficou tudo decidido quando Joe Biden se deixou filmar e fotografar ao lado de João Lourenço na Casa Branca. Fácil mais facílimo não há.
Todos os povos têm passado e memória. Todos têm de viver com a sua História, ainda que alguns quadros históricos sejam vergonhosos ou constituam crimes contra a Humanidade. Em Angola aconteceu. A UNITA combateu contra os guerrilheiros do MPLA, na Frente Leste, integrando os Flechas da PIDE ou reforçando as forças armadas de ocupação. Os sicários da UNITA queimaram vivas, nas fogueiras da Jamba, as elites femininas do movimento, um odioso crime contra a Humanidade. Perdoar e abraçar, sim, mas só quando os criminosos assumirem os seus crimes e pedirem perdão ao Povo Angolano.
A solução não é esquecer ou perdoar por perdoar. Todos somos chamados a tirar as devidas lições dos tempos idos, para que não sejam cometidos os mesmos erros ou crimes. Por isso é tão importante conhecer os percursos percorridos e saber quem somos e donde viemos. A História sem falsificações.