sábado, 8 de dezembro de 2012

ADI recusa avançar com nova proposta para primeiro-ministro em São Tomé e Príncipe

 

Jornal i - Lusa
 
O partido Ação Democrática Independente (ADI) garantiu hoje que não vai submeter uma nova figura para a chefia do Governo são-tomense, depois de ver rejeitado na sexta-feira o nome do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada pelo Presidente.
 
Em conferência de imprensa hoje, na sede do seu partido, Patrice Trovoada, presidente do ADI, garantiu ainda que a comissão política do seu partido orientou os deputados para não retomarem a sua participação nas atividades parlamentares enquanto a crise persistir.
 
"A ADI fez uma proposta que é aquela que é mais justa e que permitirá o retorno a normalidade. Enquanto não houver sinais de que as pessoas querem de facto dialogar e encontrar em conjunto vias de sair da crise, em vez de impor, a ADI manterá suspensos os seus trabalhos a nível do parlamento", disse Patrice Trovoada.
 
"Nós somos também representantes do povo de São Tomé e Príncipe e somos o partido maioritário e não há democracia com exclusão da maioria dos são-tomenses", acrescentou o chefe do Governo demitido.
 
O Presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa, rejeitou na sexta-feira a recandidatura de Trovoada a chefia do executivo, derrubado por moção de censura e demitido na quarta-feira por decreto presidencial.
 
"Na nossa Constituição atual, o Presidente da República não pode escolher individualidades no interior dos partidos. Ele tem sim de pedir aos partidos vencedores das eleições para designar o candidato a primeiro-ministro", explicou o ex-chefe do Governo.
 
"Além de não concordar com o candidato apresentado pelo partido, durante o encontro que eu tive com o Sr. Presidente ele aconselhou também a não avançar com o nome do secretário-geral do partido, Levy Nazaré", explicou Patrice Trovoada, acusando o chefe de Estado de fazer parte de "um plano" para afastar a ADI da governação.
 
"Nós estamos perante um plano para afastar a ADI do poder e sobretudo contrariar a vontade popular. O povo escolheu a ADI e algumas pessoas estão a tirar o ADI do poder (…) Daí que o povo exigiu eleições antecipadas para que ele possa ser único juízo e voltar a repor o país na normalidade", disse.
 
Segundo Patrice Trovoada, durante o seu encontro com o chefe de Estado, este havia proposto a constituição de um governo de tecnocratas apoiado pelo partido do Governo ou um Governo de transição.
 
"Na nossa Constituição, esses governos não têm como funcionar, não tem enquadramento", sublinhou, lamentando que "o disfuncionamento do parlamento não parece ser a questão central dessa crise política".
 
"O nosso país está avançando para o desconhecido, atropelando a Constituição e as leis da convivência democrática", disse Trovoada, apelando ao Presidente da República para "reconsiderar todo o seu papel nesta crise, para o bem dos são-tomenses”, para “o bom nome” da democracia e a “imagem do Estado".
 
"Nós estamos dececionados com a atitude do Presidente da República (…) A ADI está sempre disponível ao diálogo. São Tomé e Príncipe é de nós todos, nós sabemos que essa crise só trará perdedores e em primeiro lugar o povo de São Tomé e Príncipe", concluiu.
 

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