sábado, 19 de julho de 2014

POBREZA CAI PARA METADE



Garrido Fragoso – Jornal de Angola

Os membros da recém criada Confederação Empresarial dos Estados Africanos de Língua Oficial Portuguesa (CE-PALOP) transmitiram ontem, em Luanda, ao Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, a vontade da organização em que existam mecanismos legais que permitam melhorar e expandir o ambiente de negócios entre os Estados africanos que falam português.

A delegação de empresários entregou a Manuel Vicente as conclusões e recomendações saídas do Primeiro Fórum Económico dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, que decorreu na quinta-feira.

Em declarações à imprensa, no final do encontro, que decorreu na Cidade Alta, o porta-voz do fórum, o angolano Francisco Viana, que assumiu um mandato de quatro anos na presidência da CE-PALOP, defendeu que tudo deve ser feito para que \"a comunidade tenha um pilar económico forte e sustentável, e relance uma nova era na cooperação entre os Estados africanos que falam português\".

“Foi-nos dito que existem condições e oportunidades claras de negócios entre os diferentes Estados dos PALOP\", afirmou o empresário angolano, ao eleger como prioridade a formação dos agentes das associações empresariais dos Estados, para assegurar competitividade numa economia global.

Para garantir um ambiente saudável em termos de negócios entre os Estados, defendeu a revolução de mentalidades e o fim do \"afro-pessimismo\", ao mesmo tempo que considerou que o desenvolvimento de África tem de contar com empresários africanos. Se houver mil empresas no continente, 600 devem ser de africanas, sublinhou.

Francisco Viana falou ainda da mobilidade que deve existir entre os países africanos, permitindo a livre circulação de pessoas, bens e capitais, e da necessidade de se aumentar o conhecimento do agro-negócio. 

A (CE-PALOP) é composta por todos os Estados africanos de expressão portuguesa, mais a Guiné Equatorial, cuja adesão à comunidade lusófona deve ser formalizada na próxima cimeira da CPLP, marcada para Timor-Leste. A organização tem por objectivo aproximar e fortalecer a rede de contactos entre os empresários de Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial e Cabo Verde.  

O primeiro Fórum Económico dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, uma promoção da Confederação Empresarial da CPLP, debateu os mais diversos assuntos relativos ao desenvolvimento económico dos Estados membros.

O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, recebeu ontem em audiência o secretário Executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes, com quem abordou assuntos de interesse continental e relacionados com a integração regional e o papel que pode desempenhar Angola no fortalecimento do intercâmbio comercial no continente africano. 

À saída da audiência, Carlos Lopes disse à imprensa que Angola é uma potência em termos económicos, que tem feito um esforço de investimento muito grande em várias áreas, em especial nas questões de âmbito social. “Angola conseguiu reduzir a pobreza para quase metade depois da guerra e fez um grande investimento nas infra-estruturas. Mas ainda há distorções económicas importantes, como é o facto de o país continuar a depender da exportação de petróleo”, notou Carlos Lopes. 

O Executivo, acrescentou, tem consciência desta realidade e sabe que chegou o momento de assumir a diversificação da economia. Na visão de Carlos Lopes, a diversificação da economia deve passar por uma transformação estrutural. 

Para dar resposta às questões sociais, Carlos Lopes defendeu a criação de emprego, para o país poder ter um desenvolvimento sustentável. 

O especialista em economia ao serviço da ONU mostrou-se satisfeito com o facto de o Executivo estar a ter uma grande preocupação com a criação de infra-estruturas que vão desencravar um número considerável de países africanos sem acesso ao mar. Um dos mais importantes é o Corredor do Lobito associado ao CFB.

Ao referir-se à diplomacia activa do Presidente José Eduardo dos Santos, disse que “só temos de felicitar”, e referiu que, dado o peso demográfico e económico de Angola e a sua ambição estratégica de querer representar um conjunto de interesses dentro de África, é necessário que se empenhe mais nas questões regionais e sub-regionais. 

O facto de estar a presidir a uma série de mecanismos e poder vir a integrar o Conselho de Segurança da ONU vai permitir que o nome e o papel de Angola sejam cada vez maiores, salientou o economista Carlos Lopes.

Foto: Mota Ambrósio

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