Fátima Mariano –
Jornal de Notícias
Com a crise
político-militar longe de estar resolvida, os moçambicanos elegem, esta
quarta-feira, os seus representantes nas 53 autarquias e 11 províncias. Renamo
não participa. Só MDM e Frelimo concorrem em todo o país.
Os ataques armados
que se têm registado no centro e norte do país desde meados de outubro, e que
têm sido atribuídos à Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), poderão,
"de uma forma ou de outra, afetar a afluência às urnas".
"A campanha
decorreu sem sobressaltos, mas as pessoas questionam-se se tudo vai correr bem.
É difícil dizer o que vai aconteceu no terreno", afirmou, ao JN, Dinis
Matsola, do Observatório Eleitoral, organismo da sociedade civil criado para
promover a transparência dos processos eleitorais.
Durante um mês e
meio, cerca de 2050 agentes de educação cívica andaram de porta em porta a
mobilizar o eleitorado a ir à urnas. O governo anunciou um reforço de meios
policiais neste dia.
Damião José,
porta-voz da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), acredita que as
forças de defesa e segurança "tudo farão para que as eleições decorram num
ambiente de tranquilidade e de transparência".
A Frelimo e o MDM
(Movimento Democrático de Moçambique) - com quem o JN não conseguiu falar,
apesar de várias tentativas - são os únicos a apresentarem candidatos às 11
províncias e 53 autarquias (10 das quais ascenderam à categoria de município
apenas este ano).
Ao todo, concorrem
a estas quartas eleições municipais 19 partidos políticos, coligações e grupos
de cidadãos. A Renamo, maior partido da Oposição, está fora da corrida (ler
texto ao lado).
As 4292 mesas de
voto abrem às 7 horas e fecham às 18 horas, excepto se existirem ainda
eleitores a querem votar. Os resultados oficiais definitivos deverão ser conhecidos
na sexta-feira.
Embora não haja
"vitórias antecipadas", Damião José acredita que a vitória de Frelimo
"está garantida em todos os municípios". "As pessoas acolheram
muito bem as nossas propostas", sublinhou o porta-voz.
Durante as duas
semanas de campanha eleitoral, que terminou no domingo, registaram-se algumas
detenções por destruição de material de campanha e acusações de que os
candidatos da Frelimo - partido no poder - estariam a utilizar veículos do
Estado, o que é proibido por lei, mas todos são unânimes em dizer que
"tudo decorreu dentro da normalidade".
Dinis Matsola
enaltece "as melhorias" introduzidas na gestão de todo o processo
eleitoral e só lamenta que a Renamo não participe: "Para nós, as eleições
são uma festa. Todos deveriam participar".
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