Ana Sá Lopes –
jornal i
Soares organiza
amanhã na Aula Magna uma sessão em defesa da Constituição e do Estado social,
desta vez também aberta à direita
Dr. Mário Soares, o
que o levou a convocar uma nova reunião na Aula Magna, desta vez em defesa da
Constituição e do Estado social?
A situação de
desespero em que as pessoas estão, que pode conduzir à violência. Estamos a
dois passos disso. Há muita criminalidade, suicídios, ódio contra o governo e o
Presidente. Por isso é preciso encontrar uma saída para não se cair na
violência. Só vejo a demissão do Presidente e do governo.
Desta vez, não é
uma reunião de esquerdas. Porque decidiu chamar personalidades conotadas com a
direita?
Porque não se trata
de uma questão partidária ou ideológica. Trata-se de salvar Portugal e de
evitar uma desgraça que pode acontecer quando menos se espera. Este governo
está moribundo e o Presidente só vê o partido dele, o que é anti-constitucional.
Não é o Presidente de todos os portugueses, é um Presidente partidário e que
não respeita a Constituição que jurou.
Fala-se muito em
consenso, nomeadamente agora, quando nos aproximamos do final do programa da
troika. O PS não devia mesmo conversar com o governo? Ou não deve nunca aceitar
negociar um programa cautelar para o pós-troika?
Há dois anos que o
Partido Socialista é humilhado pelo governo, o qual não respeita os valores nem
dialoga com as pessoas. Não é agora que faz sentido um acordo do pós-troika com
um governo que tem vindo a arruinar o país e é de um despesismo inaceitável e
imoral. E continua a insistir na austeridade e, por isso, vai de mal a pior.
Acha que é possível
um consenso anti-políticas da troika que envolva os partidos de esquerda e os
sociais-democratas que não se identificam com o estado das coisas?
Infelizmente, com a
insistência na austeridade, acho que é impossível. Antes de qualquer outra
coisa, é preciso que este governo se demita e igualmente o Presidente, porque
não respeita a Constituição, que jurou cumprir e fazer cumprir.
O que pensa do novo
partido de esquerda que agora se formou à volta do eurodeputado Rui Tavares?
Conta também com ele na Aula Magna?
Rui Tavares é um
político que estimo e que vai estar na Aula Magna. Se o partido vai ou não
existir e ter força, isso não sei. Não sou profeta...
Mesmo que o PS
estivesse no governo, a troika seria a mesma. Que armas pode utilizar um país
como Portugal para lutar contra as ideias de austeridade dominantes na Europa?
Isso é outra
conversa. Para já, é preciso salvar Portugal, do terrível buraco em que está.
Dialogar com as pessoas, lutar contra o desemprego e evitar os suicídios, o
desespero, a criminalidade, a emigração e a miséria. E para isso é preciso que
o governo se demita e o Presidente também. É o principal responsável da
situação inaceitável a que se chegou. Porque é o protector do seu partido e
também não dialoga com ninguém, porque tem medo de sair à rua e falar com as
pessoas. Lá saberá porquê.
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