quarta-feira, 13 de novembro de 2013

PORTUGAL E ANGOLA

 


Eduardo Oliveira Silva – jornal i, opinião
 
O papel dos presidentes é um bem comum essencial
 
Angola celebrou ontem (11.10) mais um ano de independência. Na altura, a data, é bom que se diga, antecedeu pouco o 25 de Novembro de 75 em Portugal e é a prova evidente de que os dois países foram colocados coincidentemente nos carris das suas históricas circunstâncias.
 
Foi portanto no dia de S. Martinho que nasceu um dos países que hoje é dos mais prósperos de África e que mais contribuem para o desenvolvimento das economias europeias, a começar pela portuguesa.
 
Todos sabemos que as relações formais entre Angola e Portugal atingiram nesta fase um dos seus pontos mais críticos de sempre. É um problema de fundo para as duas partes, cuja recuperação está nas mãos de instâncias bem definidas: o poder judicial e o poder político no seu âmbito mais alto.
 
Quanto à relação judicial, nada há de extraordinário a fazer. Basta que não atirem para a praça pública os nomes de figuras de Estado como se fossem arguidos condenados quando na realidade nem à condição de suspeitos chegam.
 
No campo político a questão é mais delicada mas mais objectiva. A normalização passa por duas figuras que se conhecem bem e que aparentemente se estimam há longos anos, quando ambos podiam ainda ser vistos como líderes de facção e não tinham adquirido uma dimensão nacional incontornável.
 
Hoje, José Eduardo dos Santos e Cavaco Silva são os chefes de dois estados absolutamente independentes, mas que têm entre si uma relação que passa pela formação da consciência e do próprio raciocínio cultural de cada povo e cujas ligações económicas, culturais e, apesar de tudo, políticas, são incontornáveis.
 
Ninguém sabe mais de Angola fora de lá do que os portugueses. Ninguém sabe mais da sociedade portuguesa fora de cá do que os angolanos.
 
A palavra da conciliação, o momento da reaproximação, o restabelecimento do traço de união formal, porque o informal nunca se diluiu, está nos dois presidentes da República, porque não foi evidentemente por acaso que José Eduardo dos Santos colocou o patamar tão alto.
 
Os governos, os partidos, as empresas e os próprios fazedores de opinião apenas têm, nesta fase, de procurar a concretização dos passos certos de aproximação, de forma que se crie um ambiente convergente que permita aos chefes de Estado darem os sinais oportunos de que estão criadas as condições de normalização, embora - repete-se - estas não possam partir de cima para baixo, como no uso de varinhas mágicas.
 
Há elementos que permitem dizer que os primeiros passos vêm a caminho mas que uma consolidação ao mais alto nível precisa ainda de sedimentação política, diplomática e económica.
 
P.S. Por qué no te callas, Rui????!!!! É só isso.
 

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