quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Moçambique: Tripulantes do Vega 5 voltam a exigir indemnização para regressar à faina



AYAC – Lusa, com foto

Chimoio, 11 jan (Lusa) - Os 11 tripulantes moçambicanos do Vega 5, readmitidos em dezembro último pela Pescamar após uma demissão em massa, voltaram a condicionar o seu regresso à faina ao "pagamento da indemnização por danos psicológicos", disse hoje à Lusa um dos marinheiros.

Em declarações à Lusa, José Mandava, porta-voz do grupo, disse haver "falta de vontade política" das autoridades governamentais para resolver o pedido dos tripulantes de serem ressarcidos dos "estragos morais e psicológicos" resultantes do sequestro da embarcação, por piratas somalis, em 2010.

"Faz muito tempo que o processo não finda. Tivemos dezenas de reuniões e a empresa (a hispano-moçambicana Pescamar) agora admite pagar a indemnização com a autorização do governo. A Direção de Trabalho local assumiu negociar a causa, mas nunca mais tivemos resposta" disse à Lusa, José Mandava.

O grupo assinou os novos contratos com a Pescamar, a 19 de dezembro passado, por um período indeterminado, depois do governo e as organizações sindicais em Sofala, centro de Moçambique, terem saído em defesa dos tripulantes para se "repor a justiça".

"A empresa resiste a não pagar indemnização, à espera do aval do governo e este, por sua vez, nunca dá o ponto da situação. Isso fará com que avancemos com a greve prevista antes da nossa demissão, até que consigamos uma resposta", explicou Mandava.

A decisão de readmitir os 11 tripulantes saiu duma reunião conjunta entre os marinheiros e o diretor da Pescamar, administrador marítimo local, o sindicato do ramo e os diretores provinciais de Pescas e de trabalho, este último que tomou o papel de "negociador" para o "pagamento das indemnizações".

Algumas semanas, antes da demissão, o grupo, que exige uma indemnização de 150 mil meticais (4.054 euros), tinha ameaçado com greve, prevendo paralisar as atividades da Pescamar e encerrar os portões de acesso ao recinto da empresa com correntes e cadeados, até que a empresa deixasse de "marginalizar" e atendesse os seus "direitos".

Os 12 sobreviventes, 11 sem contrato efetivo, foram sequestrados quando se preparavam para almoçar a 27 de dezembro de 2010, na ilha de Bazaruto, Inhambane (sul), tendo sido mantido reféns até serem resgatados pela marinha de guerra indiana em fevereiro de 2011.

Outros sete tripulantes moçambicanos são tidos como desaparecidos.

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