quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Portugal – Tomar: Falta de pagamento terá levado meninas a almoçar separadas dos colegas


As crianças com os pais - foto em Correio da Manhã
RTP

Três crianças do Jardim de Infância e EB 1 do Ensino Básico de Carvalhos de Figueiredo estarão a ser impedidas de almoçar junto dos colegas por os pais terem em falta o pagamento do serviço de refeição. A notícia, avançada pelo diário “Correio da Manhã”, já levou o presidente da Confederação das Associações de Pais a manifestar profundo desagrado em relação à forma como a associação de pais dessa escola de Tomar tratou este assunto: Albino Almeida fala em prática "inaceitável" que viola "os direitos das crianças".

Na sexta-feira passada o CM dava conta da situação: as meninas de 5, 7 e 8 anos do Jardim de Infância e a EB 1 do Ensino Básico de Carvalhos de Figueiredo seriam forçadas a comer no átrio da escola com talheres e pratos que levavam de casa. A razão: os pais não asseguram o pagamento do serviço de refeições tutelado pela Associação de Pais.

Confrontado com o episódio que alegadamente vem a repetir-se com as três meninas, Albino Almeida, presidente da Confap, considerou em declarações recolhidas pela Agência Lusa que esta é uma prática "inaceitável" que vai contra "os direitos das crianças".

"Nunca uma associação de pais pode permitir, seja por que razão for, que os miúdos não comam", alertou Albino Almeida, lembrando que uma das funções destas é "garantir todas as condições de ensino e aprendizagem às crianças, sendo que a alimentação é uma parte muito importante”.

O responsável lamenta este episódio, garantindo que esta é uma política que vai contra o "espírito das associações de pais": "Em milhares de associações de pais a prática é precisamente a contrária: é uma prática generosa e solidária".

Associação fala em encenação de uma das mães

Já hoje, o site do diário “Público” regista a defesa da associação de pais, de acordo com uma notícia do jornal “O Templário”. Sentindo que a acusação que propiciava o texto do CM era injusta, três dirigentes da associação decidiram fazer uma comunicação à imprensa.

De acordo com Pedro Fontes, presidente da associação de pais, a mãe de uma das crianças encenou o almoço na rua propositadamente para a comunicação social: “A associação de pais não pôs ninguém na rua. Não temos competência para isso”.

Os representantes dos pais garantiram ainda que a associação fez tudo para cobrar a dívida (cerca de 300 euros) e evitar que a situação chegasse à suspensão das refeições, o que foi impossibilitado pela “falta de vontade em pagar” dos pais das crianças.

Albino Almeida acusa escola de assobiar para o lado

Outro dos lamentos deixados por Albino Almeida dirige-se à atitude das escolas quando ocorrem situações deste tipo. Para o presidente da Confap é claro que a cobrança é da responsabilidade da instituição escolar e nunca das associações de pais.

Apontando o dedo à direção da escola e professores, Albino Almeida acusa-os de, "de forma oportunista", estarem a pôr a associação de pais a tratar de trate "de um problema que devia ser a escola a gerir".

O dirigente deixa ainda um apelo aos pais daquela escola de Tomar "que se sentem incomodados com a situação": que convoquem uma Assembleia-Geral da associação de pais para avaliar o processo.

Falta de pagamento pode ter várias soluções

O líder da Confap abordou ainda a questão da falta de pagamento, para considerar que este é um problema que pode ter várias causas e, nesse sentido, abre também caminho a diferentes formas de resolução.

"Se é incumprimento doloso dos deveres de parentalidade então devem notificar a Comissão Proteção de Menores", lembra Albino Almeida, para acrescentar que, se o caso remete para dificuldades financeiras, então "há mecanismos sociais para apoiar estas crianças".

"Se os pais têm dificuldade em cumprir, a rede social local tem condições para os ajudar", diz.

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