quinta-feira, 12 de abril de 2012

Data da partida de militares angolanos na Guiné-Bissau depende de garantias...



... de segurança das autoridades

EL - Lusa

Luanda, 12 abr (Lusa) - A data da partida do contingente militar angolano estacionado na Guiné-Bissau está dependente de condições de segurança que terão de ser garantidas pelas autoridades guineenses, disse hoje em Luanda o ministro da Defesa de Angola.

Cândido Van-Dúnem, que falava na conferência de imprensa que encerrou a visita oficial do seu homólogo cabo-verdiano, Jorge Tolentino Araújo, a Angola, sublinhou que se pretende que a retirada seja feita de forma "ordeira".

"Há um calendário que está a ser negociado entre as partes, onde, como é óbvio, a intervenção das autoridades guineenses terá, naturalmente, um pendor importante", disse Cândido Van-Dúnem.

Segundo o governante angolano, a fixação da data "dependerá muito do apoio, quer de natureza administrativo, quer de natureza logístico das próprias autoridades guineenses, para permitir que esta retirada, que se pretende ordeira, que se pretende dentro dos princípios que estiveram na base da instalação, possa correr de forma normal".

Daí que, acentuou, apontar para "prazos concretos" seja para já impossível.

"Ainda não estamos em condições de o fazer sem receber esta garantia das autoridades guineenses", sublinhou.

Jorge Tolentino Araújo reafirmou que a estabilidade na Guiné-Bissau passa pela disponibilidade de todas as partes guineenses, civis e militares, darem provas de compromisso com a estabilidade.

"Os militares (guineenses) são uma parte desse processo. Uma parte importante, uma parte que tem tido um desempenho que nem sempre facilita que o processo evolua da melhor forma (...) mas não se devem fechar as portas a esses militares", defendeu.

"Pelo contrário, o trabalho tem de ser feito no sentido de contribuir por forma a que a participação deles evolua para um patamar mais positivo, ou seja, a confiança tem que continuar a existir, sob pena de fecharmos as portas e por em causa todo o processo", concluiu.

O Governo angolano divulgou na quinta-feira à noite uma nota em que dá conta que nunca pretendeu envolver-se nos assuntos internos da Guiné-Bissau.

A nota foi divulgada dois dias depois de Luanda ter confirmado a decisão de pôr termo à missão angolana de apoio à reforma do setor militar guineense (Missang).

A crise na Guiné-Bissau é um dos pontos da agenda da reunião dos ministros do Conselho de Mediação e Segurança da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), agendada para hoje em Abidjan.

No encontro de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa serão analisadas as recomendações feitas pelo presidente da Comissão da CEDEAO, Kadire Désiré Ouédraogo, no que respeita às medidas a tomar no âmbito desta organização regional africana para resolver a crise pós eleitoral na Guiné-Bissau.

A Guiné-Bissau teve eleições presidenciais no dia 18 de março, mas cinco dos candidatos recusaram-se a aceitar os resultados, alegando a existência de fraudes na votação. Um deles, Kumba Ialá, que foi o segundo mais votado, recusa-se a participar na segunda volta, marcada para o próximo dia 29, contra Carlos Gomes Júnior.

No sábado, será Lisboa a acolher uma reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), convocada por Angola, que detém a presidência da organização, igualmente para debater a crise guineense.

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