Folha 8, 26 outubro 2013
A maneira como foi
anunciada o rompimento dos Planos Estratégicos, ou o cessar destes, entre
Portugal e Angola, pelo presidente deste país, prova a relação de promiscuidade
entre os governantes angolanos e a comunidade empresarial portuguesa. Estes
tão corruptos como aqueles.
Esta, no
capitalismo, é a classe viciada em promover o vício que hoje se combate como o
mal dos povos e nações em qualquer nível e escala, no tempo e no espaço. Quando
se trata de espaço, o que se quer aqui dizer é a internacionalização e até a
globalização da corrupção. Esta combatida com certo grau de eficiência em países
democráticos e civilizados, em que a separação dos poderes é indiscutível e
visível.
Em menor medida,
Portugal se enquadra no civismo da democracia, o que torna seguro e
confiáveis as instituições deste país para combater o mal que aqui nos
referimos. É aqui que entra o poder atribuído ao Ministério Público deste país
e que lhe permite de forma independente e autônoma ir atrás de bandidos,
sejam eles portugueses ou angolanos. Estes livres e poderosos no território
nacional não têm condições de impedir que a justiça de um país como Portugal
funcione contra os mesmos, já que a roubalheira e o saqueio das riquezas do
povo angolano continuam tendo destino naquele país, ex-Império e, hoje,
paraíso que guarda à sete chaves as delícias maldosas, vindo das terras de
Ekuikui, Mandume e Agostinho Neto!
A corrupção é mesmo
assim, sempre se sente injustiçada e perseguida, só não se sente isso em
Angola, porque nesse país quem devia perseguir e “injustiçar” os corruptos
também é corrupto.
Na verdade, Angola
transformou-se num país independente e livre para os corruptos; a impressão
que dá é que Agostinho Neto declarou a independência de Angola para que corruptos
tivessem um país em que eles pudessem viver sem serem molestados; com direito
ainda a terem uma bandeira, um hino, um exército, uma polícia, leis que lhes
protegem e, finalmente, um povo que lhes dá apoiou e legitimidade. Em Portugal
não é assim, neste país apesar de suas maldades para com os angolanos, a
própria maldade ainda é perseguida! Entre elas a corrupção, que em Angola anda
livre, se depender faz discursos, da ordens e se declara, ainda, se necessário,
herói da nação, com direito a ser respeitado, no Parlamento e nos Tribunais.
Portugal também é
um país de e com políticos promíscuos, mas o profissionalismo de seus juízes,
promotores e os homens da justiça em geral, faz com que aqueles andem na linha,
podem até estabelecer acordos e contratos comerciais, usando o grupo social
mais viciado que esta nação tem, porque precisa gerar empregos e riquezas a
sua população. Na crise em que Portugal se encontra tudo pode valer a pena,
até um pouco de promiscuidade, com aquele país da liberdade( Angola). Mas quem
não quer mesmo saber de violação de regras é a promotoria portuguesa, estes
como uma mão da justiça divina estão de parabéns, e estarão sempre, enquanto
agirem assim: com imparcialidade, transparência e autonomia. Virtudes que o
Povo Português lhes confiou! Agora quem precisa mostrar, declarar e anunciar
sua independência é Portugal. Que se lixem os corruptos angolanos, estes podem
esbravejar, mas as terras de Camões, de Camilo, Bocage e Fernando Pessoa,
como num campo de batalha, saberá levantar sua bandeira e provar aos corruptos
do além mar, que caras feias não estremecem a nação Portuguesa!
Não está demais
nesta hora ser solidário com o povo Português, que mesmo com uma das mãos da
troika no seu pescoço, outra sufocando e apertando o seu peito; e ainda uma
apertando os seus testículos consegue dizer não aos corruptos angolanos!
Eu não consigo
manter a emoção e digo: Viva Portugal de José Saramago!
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