terça-feira, 29 de outubro de 2013

A RELAÇÃO PROMÍSCUA ENTRE ANGOLA E PORTUGAL

 

Folha 8, 26 outubro 2013
 
A maneira como foi anunciada o rompimento dos Planos Estratégicos, ou o cessar destes, entre Portugal e Angola, pelo presidente deste país, prova a relação de promiscuidade entre os governantes angolanos e a comunidade empresa­rial portuguesa. Estes tão corruptos como aqueles.
 
Esta, no capitalismo, é a classe viciada em pro­mover o vício que hoje se combate como o mal dos povos e nações em qualquer nível e escala, no tempo e no espaço. Quan­do se trata de espaço, o que se quer aqui dizer é a internacionalização e até a globalização da corrupção. Esta combatida com certo grau de eficiência em paí­ses democráticos e civili­zados, em que a separação dos poderes é indiscutível e visível.
 
Em menor medida, Por­tugal se enquadra no civis­mo da democracia, o que torna seguro e confiáveis as instituições deste país para combater o mal que aqui nos referimos. É aqui que entra o poder atribuí­do ao Ministério Público deste país e que lhe per­mite de forma indepen­dente e autônoma ir atrás de bandidos, sejam eles portugueses ou angolanos. Estes livres e poderosos no território nacional não têm condições de impedir que a justiça de um país como Portugal funcione contra os mesmos, já que a roubalheira e o saqueio das riquezas do povo an­golano continuam tendo destino naquele país, ex­-Império e, hoje, paraíso que guarda à sete chaves as delícias maldosas, vin­do das terras de Ekuikui, Mandume e Agostinho Neto!
 
A corrupção é mesmo assim, sempre se sente injustiçada e perseguida, só não se sente isso em Angola, porque nesse país quem devia perseguir e “injustiçar” os corruptos também é corrupto.
 
Na verdade, Angola transformou-se num país independente e li­vre para os corruptos; a impressão que dá é que Agostinho Neto decla­rou a independência de Angola para que corrup­tos tivessem um país em que eles pudessem viver sem serem molestados; com direito ainda a terem uma bandeira, um hino, um exército, uma polícia, leis que lhes protegem e, finalmente, um povo que lhes dá apoiou e legiti­midade. Em Portugal não é assim, neste país apesar de suas maldades para com os angolanos, a própria maldade ainda é perseguida! Entre elas a corrupção, que em Ango­la anda livre, se depender faz discursos, da ordens e se declara, ainda, se ne­cessário, herói da nação, com direito a ser respei­tado, no Parlamento e nos Tribunais.
 
Portugal também é um país de e com políticos promíscuos, mas o profis­sionalismo de seus juízes, promotores e os homens da justiça em geral, faz com que aqueles andem na linha, podem até esta­belecer acordos e contra­tos comerciais, usando o grupo social mais viciado que esta nação tem, por­que precisa gerar empre­gos e riquezas a sua po­pulação. Na crise em que Portugal se encontra tudo pode valer a pena, até um pouco de promiscuidade, com aquele país da liber­dade( Angola). Mas quem não quer mesmo saber de violação de regras é a pro­motoria portuguesa, estes como uma mão da justiça divina estão de parabéns, e estarão sempre, enquanto agirem assim: com impar­cialidade, transparência e autonomia. Virtudes que o Povo Português lhes con­fiou! Agora quem precisa mostrar, declarar e anun­ciar sua independência é Portugal. Que se lixem os corruptos angolanos, estes podem esbravejar, mas as terras de Camões, de Camilo, Bocage e Fer­nando Pessoa, como num campo de batalha, saberá levantar sua bandeira e provar aos corruptos do além mar, que caras feias não estremecem a nação Portuguesa!
 
Não está demais nesta hora ser solidário com o povo Português, que mes­mo com uma das mãos da troika no seu pescoço, ou­tra sufocando e apertando o seu peito; e ainda uma apertando os seus testícu­los consegue dizer não aos corruptos angolanos!
 
Eu não consigo manter a emoção e digo: Viva Por­tugal de José Saramago!
 
 

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