terça-feira, 22 de outubro de 2013

Angola: PORTAS ABERTAS AO DINHEIRO DA BÉLGICA

 


João Dias - Arcângela Rodrigues - Natacha Roberto e Domiana Njila – Jornal de Angola
 
Um Fórum Económico entre Angola e a Bélgica teve lugar ontem em Luanda, com a presença da princesa Astrid e vários ministros angolanos e entidades ligadas ao investimento privado.
 
No período da manhã foi recebida, em audiência, pelo Vice-Presidente Manuel Vicente, para depois visitar o Memorial Agostinho Neto, tendo depositado uma coroa de flores no sarcófago onde se encontram depositados os restos mortais do primeiro Presidente de Angola.

A princesa belga deixou uma mensagem no livro de honra. Disse estar satisfeita com a visita e recebeu informações sobre as actividades da instituição. O administrador executivo do Memorial Agostinho Neto, Hélder Bento, disse, em resposta, ser uma honra receber a visita da princesa belga. O objectivo do Memorial Agostinho Neto é preservar a vida e obra do primeiro Presidente de Angola.

Reforço da parceria

O reforço da parceria com a Bélgica nos domínios da formação de quadros, saúde, transportes, ciência e tecnologia, geologia e minas, petróleo e seus derivados é uma pretensão do Executivo, anunciou o ministro das Relações Exteriores.

Durante o almoço oferecido à princesa Astrid da Bélgica, Georges Chikoti reafirmou o compromisso do Executivo em continuar a fortalecer os laços de amizade e de cooperação entre os dois povos, existentes desde 1979, que resultou na assinatura do acordo de cooperação económica, científica e cultural a 23 de Abril de 1983. Ao abrigo do instrumento jurídico, disse, alguns contactos têm sido desenvolvidos no sentido de elevar as relações económicas e empresariais ao nível das relações políticas. Como resultado, o ministro Georges Chikoti disse haver um crescimento visível dos investimentos belgas em Angola, com 19 empresas em diferentes sectores económicos, com um volume de investimento financeiro significativo.

“Queremos incentivar essas acções para apoiar o crescimento económico de Angola, que neste momento se encontra em franco crescimento”, justificou, acrescentando serem numerosas as oportunidades para os operadores económicos estrangeiros interessados em investir no país.

Georges Chikoti informou à princesa que foram traçadas as linhas orientadoras que vão guiar a política do Executivo nos próximos anos, como o Programa Nacional de Desenvolvimento para o quinquénio 2013-2017 e a Estratégia “Angola 2025”. Com a realização das actividades previstas no Fórum Económico e Empresarial Angolano-Belga, que permitiu a vinda de 136 empresas e 200 empresários daquele país europeu, o ministro disse esperar que os compromissos assumidos contribuam para o estabelecimento de uma parceria profícua para ambas as partes e fortaleçam os laços de amizade e de cooperação entre os povos e governos.

Formação de quadros

A Bélgica tem uma grande indústria de suporte à indústria petrolífera disse ontem, em Luanda, o presidente do conselho de administração da Sonangol, Francisco de Lemos José Maria durante um encontro com a princesa Astrid da Bélgica. “Todas as empresas que dão suporte à indústria de produção de petróleo e gás são bem-vindas a Angola e têm grandes oportunidades de colaboração com a Sonangol e todas as suas associadas”, afirmou. Francisco de Lemos José Maria referiu que existem oportunidades para assinatura de contratos na base dos projectos que a Sonangol tem em carteira na indústria de petróleo e gás: “há companhias que vão reforçar a sua presença em Angola e outras vão instalar-se no nosso país”.

O presidente do conselho de administração da Sonangol contou que a Bélgica pode ajudar na formação de quadros nas áreas de liderança e gestão de empreendimentos, devido aos programas que a empresa desenvolve de recrutar e enviar 500 bolseiros anualmente para o estrangeiro. “A Bélgica é o país adequado para preparar os nossos jovens para estas funções”, disse Francisco de Lemos José Maria.

Fórum Angola Bélgica

Os empresários belgas têm agora as portas abertas para expandir os seus negócios nos sectores da energia e águas, construção de infra-estruturas, ambiente e gestão de resíduos, além dos diamantes e petróleos, onde são investidos milhões de euros, disse o ministro da Economia, na abertura do Fórum Económico Angola-Bélgica, marcado pela presença da princesa Astrid.

Abraão Gourgel garantiu aos membros da missão empresarial belga que existem condições favoráveis para o estabelecimento de parcerias de investimentos entre os dois países, para a impulsionar as duas economias, tornando-as mais competitivas no mercado internacional.

“Se considerarmos as necessidades energéticas belgas traduzidas pelo peso de 17,5 por cento dos combustíveis nas importações, concluímos que existe potencial para estabelecer uma parceria económica e estratégica com a Bélgica”, disse o ministro.

Abraão Gourgel afirmou que os produtos mais importados pela Bélgica permitem explorar oportunidades para intensificar as parcerias.

“A criação de um clima de negócios é incontornável e a diversificação vai garantir o desenvolvimento das empresas privadas, vantagens competitivas com ênfase para a substituição de importações e promoção de exportações”, realçou.

O ministro da Economia salientou que “Angola dispõe de muitas oportunidades e recursos a serem explorados”. Abraão Gourgel lembrou que a estratégia do Executivo para o médio prazo consiste na estabilidade macroeconómica, recuperação das infra-estruturas, desenvolvimento do sector privado com vista a aumentar os investimentos, o emprego e a produtividade, a inserção competitiva de Angola no mercado internacional.

“A indústria transformadora, agricultura, construção e serviços mercantis têm apresentado resultados significativos para libertar a economia da dependência do sector petrolífero. Estes sectores geram empregos e distribuem melhor o rendimento, criando mais empregos”, sublinhou o ministro da Economia.

O ministro da Economia, Política Externa, Agricultura e Política Rural da Bélgica, Kris Peteers, revelou que as exportações da Bélgica para Angola foram de 60 milhões de euros e as importações atingiram 164 milhões de euros, nas áreas de petróleo, gás e diamantes.

Kris Peteers, que anunciou a abertura de um escritório em Angola para estabelecer parcerias de negócios entre empresas belgas e angolanas, informou que o objectivo da missão empresarial consiste em cooperar com Angola na criação de novas parcerias com mais de 70 empresas interessadas em investir.

A princesa chefia uma delegação constituída por importantes figuras políticas de Bruxelas e uma missão de 200 empresários. A delegação chefiada pela princesa Astrid após a conclusão da visita a Angola segue para Joanesburgo.

Foto: Santos Pedro
 
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