Correio
do Brasil, Rio de Janeiro
O
número de milionários no mundo, hoje, é o maior do que em qualquer outro
momento da história do Homem. Mas, enquanto o número total de domicílios
milionários atinge os 16,3 milhões em 2013, de acordo com a consultoria de
gestão Boston Consulting Group, a miséria assume sua face mais
desesperadora na maior parte dos países de continentes como a África, a Ásia e
a América Latina.
A
riqueza privada do planeta – dinheiro administrado por instituições de gestão
de fortunas e bancos voltados para alta renda – cresceu 14,6% de 2012 para
2013, passando de US$ 132,7 trilhões para US$ 152 trilhões. O total equivale a
quase dez vezes o PIB dos EUA, a maior economia do planeta. Em contrapartida, o
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mundial, da Organização das Nações
Unidas (ONU), ainda estima que 1,57 bilhão de pessoas vivam em estado de
“pobreza multidimensional”, o que representa cerca de 30% do universo da
população avaliada.
Enquanto
o vigor dos mercados de ações, a estabilidade das economias industrializadas
(EUA e Europa) e as políticas monetárias favoráveis da parte dos bancos
centrais elevam o número de bilionários, estes mesmos fatores, em decorrência
do sistema capitalista, atira à miséria um número exponencialmente
maior de pessoas.
A
crise financeira mundial, iniciada em 2008, fez mal apenas aos mais pobres,
porque neste período, até 2014,
a riqueza privada do planeta cresceu 60%, ou US$ 60
trilhões, de uma base inicial de US$ 92,4 trilhões. O número de domicílios
milionários no planeta subiu para 1,1% do total de domicílios, ante 0,7% em
2007.
Ricos
em profusão
Os
EUA têm o maior número de domicílios milionários (7,1 milhões), bem
como o maior número de novos milionários (1,1 milhão). A maior concentração de
domicílios milionários está no Qatar (17,5%), seguido pela Suíça (12,7%) e
Cingapura (10%).
Os
fortes mercados de ações favoreceram as economias industrializadas, que têm
grandes bases de ativos, enquanto as emergentes dependem mais da criação de
riqueza nova, estimulada pelo crescimento e pelo nível alto de poupança.
A
riqueza privada cresceu em dois dígitos nos EUA e na Austrália, enquanto
emergentes como o Brasil experimentaram crescimento muito mais fraco. A China
reforçou sua posição como segunda nação mais rica do planeta, atrás dos EUA.
Embora
a riqueza privada nos EUA tenha chegado a US$ 46 trilhões em 2013, valor duas
vezes superior ao registrado na China (US$ 22 trilhões), as projeções para 2018
mostram que os chineses terão a maior expansão global.
A
riqueza privada chinesa crescerá em 84%, para US$ 40 trilhões em 2018. O país,
no entanto, continuará atrás dos Estados Unidos, onde a riqueza privada
crescerá 17%, para US$ 54 trilhões em 2018, de acordo com as projeções.
O
Japão ocupava o terceiro posto em 2013, com US$ 15 trilhões, seguido pelo Reino
Unido e pela Alemanha.
O
Brasil não estava entre os 15 primeiros em nenhum dos dois anos analisados.
Miséria
aos montes
O
Banco Mundial define a pobreza extrema como viver com menos de US$ 1 por dia
(PPP) e pobreza moderada como viver com entre US$ 1 e US$ 2 por dia. Estima-se
que 1,1 bilhão de pessoas no mundo tenham níveis de consumo inferiores a US$ 1
por dia e que US$ 2,7 bilhões tenham um nível inferior a US$ 2.
Segundo
estudo da ONU, dos dez países mais pobres do mundo nove estão na África e um na
América Central. No Continente Africano concentram-se São Tomé e Príncipe, com
170 mil habitantes; Serra Leoa, com 6 milhões de pessoas; Burundi, com 8,5
milhões de habitantes; Madagáscar, com 22 milhões de habitantes; Eritreia, com
5,4 milhões de habitantes e um PIB per capita de pouco mais de US$ 600;
Suazilândia, com uma população de pouco mais de 1 milhão e a taxa de pobreza
que atinge os 69.2%; o Congo, com 68 milhões com uma taxa de pobreza de 71.3%;
o Zimbábue, com uma população de quase 13 milhões e a Guiné Equatorial, com 720
mil habitantes a taxa de pobreza é de 76.8%.
Na
América Central fica o Haiti, o país mais pobre do mundo, onde quase 80% da população
vivem com menos de US$ 2. A
taxa de desemprego, estimada, ronda os 40%. O país está em reconstrução desde o
sismo que abalou a ilha em 2010 que, segundo o governo matou 316.000 pessoas e
provocou estragos no valor de 8 biliões de dólares, cerca de 120% do PIB. A
taxa de pobreza atinge os 77% numa população com pouco mais de 10 milhões de habitantes.
O PIB per capita é de perto de US$ 1 mil.
Sem comentários:
Enviar um comentário