terça-feira, 10 de junho de 2014

"Reação vagal" de Cavaco e vaias ao Governo marcam 10 de Junho


Cavaco desmaiado é transportado ao colo

Ângela Silva - Expresso

Cavaco teve "uma reação vagal". "Ao lado das forças republicanas ...", foi a sua última frase, antes de caír. Retomou com "um tributo ao combatente português". Como pano de fundo, vaias ao Governo.

Cavaco Silva falava da participação de Portugal na segunda guerra, quando se sentiu mal, teve que interromper o discurso e caíu. "O senhor Presidente da República sentiu uma reação vagal, da qual recuperou rapidamente, nunca tendo perdido a consciência e sempre manifestou intenção de concluir o seu discurso", informou, à Agência Lusa, o major-general médico José Duarte, da Força Aérea, que assistiu o Chefe de Estado no local.

"Foi apenas a coragem dos soldados no campo de batalha que permitiu honrar Portugal com o desfile dos seus combatentes ao lado dos aliados e forças republicanas ...", foi a última frase do Presidente antes de caír, amparado por elementos das forças de segurança. Antes, um esgar de mau estar, igual ao que, em 1995, antecipou o desmaio de Cavaco na tomada de posse do então primeiro-ministro, António Guterres.

Nestas comemorações do 10 de junho, o barulho de fundo era o dos manifestantes que, com cartazes a replicar a frase "Governo, Rua", gritavam slogans de protesto - "Demissão, demissão". Cavaco também não foi poupado - "Presidente incompetente", lia-se noutras faixas.

Passos Coelho saíu da tribuna para acompanhar, na retaguarda do palco, a recuperação do Presidente, assistido pela equipa médica presente no local. Maria Cavaco Silva já lá estava e Manuela Ferreira Leite, ex-ministra e amiga pessoal do Presidente, também se deslocou ao local, visivelmente consternada.

Meia hora depois, o Presidente da República voltou. "Portugueses, a memória da grande guerra deve constituir um tributo ao exemplo, ao sacrifício, ao valor e ao caráter do combatente português", foi a frase com que Cavaco retomou as cerimónias.

Num discurso exclusivamente virado para as Forças Armadas, na parte militar das comemorações, o Chefe de Estado manifestou total apoio às reivindicações dos militares, ao pedir ao Governo, a quem deixou um veemente recado, que evite a degradação das forças armadas. (fim)

SAIBA O QUE É “REAÇÃO VAGAL”

Perante o "palavrão", para o cidadão comum, "reação vagal", que fez vítima Cavaco Silva na cerimónia das comemorações do Dia de Portugal na cidade da Guarda, procurámos o seu verdeiro significado em algo da especialidade médica. Foi assim que retirámos de MD Saúde o seguinte esclarecimento parcial:

"O desmaio é um sintoma relativamente comum. Pode indicar problemas cardíacos, problemas neurológicos, uma queda súbita da pressão arterial, hipoglicemia (falta de açúcar no sangue)  ou apenas uma manifestação de excesso de ansiedade ou histeria, também conhecida como transtorno conversivo.

O desmaio é cientificamente chamado de síncope e pode ser descrito como uma abrupta perda da consciência, associada à perda do tônus postural (perda da capacidade de permanecer em pé), seguida de uma rápida e completa recuperação. Ou seja, a pessoa perde a consciência e cai, acordando logo a seguir sem sequelas. 

A síncope não é uma doença, é um sintoma de alguma doença.  A causa mais comum é a chamada reação vagal ou síncope vasovagal, relacionada à ativação inapropriada do nervo vago (explicaremos ao longo do texto).

Se você tem quadros de tonturas, sensação de que vai cair por perda da força, mas em momento algum perde a consciência, isso é chamado de pré-síncope.

Quando a síncope é um evento isolado na vida da pessoa, em geral, as causas são benignas. Porém, se o paciente apresenta quadros repetidos de síncope ao longo de vários dias ou semanas, o mais provável é que haja alguma doença por trás, habitualmente de origem neurológica ou cardíaca."


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