A
ocupação, repressão e opressão dos catalães por parte de Castela é histórica. Assim
como é histórica a vontade de independência da Catalunha. Tem prevalecido a
vontade castelhana de subjugar a Catalunha a um aglomerado de países
chamados e reconhecidos internacionalmente como Espanha.
No próximo domingo, 9,
os catalães vão votar (ou não) pela independência do país ocupado por Castela. Vão
votar se Castela deixar. É a quarta vez ao longo da história que a Catalunha
tenta ser independente. Daqui a uma semana através do voto. Votação, a ocorrer,
que não vai ser reconhecida por Castela, nem pela União Europeia, nem pelos EUA
– já o disseram. Falta saber se Castela se prepara ou não para impedir os catalães
de se expressarem em paz e democraticamente nas urnas. E perante o resultado,
que se prevê esmagadoramente a favor da independência, só nos resta aquilatar
do grau de democracia que a União Europeia possui no seu seio de compadrios, subserviências
e conluios com interesses adversos à justiça e democracia que falsamente
propalam mas que está em forte défice na prática.
Não querem reconhecer a voz e
vontade dos catalães. Temem a desagregação desse país a que chamam Espanha e
que mais não é que fruto de ocupações pela força e devastadoras maquinações de Castela
quando nada deviam de temer mas sim de respeitar as vontades dos povos que pacificamente,
democraticamente, querem referendar se devem ou não continuar a ser governados
pelos que lhes ocuparam o país violentamente a par de algumas traições. Compreende-se que Castela e o seus governantes sejam contra esta eleição,
este referendo, não se compreende que a União Europeia, os EUA e outros países
no mundo sejam contra sem que nessa posição expressa caiba a certeza mais que
comprovada de que para eles democracia é palavra e manipulação para iludir os povos e pouco
ou mais nada que isso.
Pela quarta vez a Catalunha vai expressar categoricamente
a sua vontade de ser independente, acredita-se. Desta vez pondo a nu o défice de democracia
da União Europeia e dos EUA, que se pronunciaram contra o ato democrático que estupidamente
temem, à laia dos temores dos ditadores mal disfarçados que se apossaram dos
poderes na UE. Afinal o que ressalta é a verdade da postura ditatorial porque
na Escócia ainda há poucas semanas ato de referendo semelhante aconteceu e tudo ficou na mesma porque assim foi a vontade
expressa pelos escoceses. Por que não pode acontecer o mesmo na Catalunha? O
que teme Castela e a UE? Temem a democracia. Isso já está por demais explicito
nos países da UE e nos EUA quando demonstram que estão ao serviço de um só
senhor o Mercado de Capitais, o capitalismo selvagem, que recheia
as suas vidas douradas e posses materiais dos corruptos dirigentes eleitos uns pelos outros através de "nomeações" que demonstram as dimensões avassaladores do défice democrático que oprime os povos da chamada União Europeia, mais parecida com uma união de criminosos organizados nas profundezas de uma máfia global que rege os destinos e a exploração desmedida dos povos e do mundo.
Redação
PG
Catalunha "Votar
já é uma vitória", diz vice-presidente do Governo regional
A
vice-presidente do Governo regional catalã mostra-se esperançada que haja uma
participação elevada na consulta de dia 9 de novembro, afirmando que poder
votar, depois de tantos obstáculos impostos por Madrid, "já é uma
vitória".
"Desejo
que haja uma participação muito alta. Mas qualquer que seja o resultado não
será nem o fiasco nem a vitória da CiU ou de qualquer outro partido",
disse em entrevista à Lusa Joana Ortega.
"Este
voto é o triunfo da democracia na Catalunha. E independentemente do resultado,
se votarmos, teremos ganho", sublinhou afirmando que, "ao dia de
hoje" ainda confia na abertura dos locais de voto.
No
dia 09 de novembro, os catalães vão participar numa consulta popular para
discutir a independência da região, uma ação que tem sido contestada por
Madrid, que impediu a realização de um referendo formal.
Joana
Ortega, que garante que votará no dia 9 na zona de Eixample, onde vive no
centro de Barcelona, conversa com a Lusa no seu escritório, no 7º andar de um
dos edifícios da Generalitat, na Via Laietana, com uma vista magnífica para a
Catedral de Barcelona.
Um
andar mais abaixo, no edifício, está a "área de processos eleitorais e
consultas populares" - é nestas competências que o Governo regional se
baseia para alterar o formato da consulta, trocando funcionários por
voluntários e sem cadernos eleitorais.
"Quando
foram os Olímpicos de Barcelona fizeram uma campanha durante um ano e meio e,
em toda a Espanha, conseguiram 100 mil voluntários. Nós, numa semana, pedimos
voluntários e conseguimos 40 mil, o dobro do que antecipávamos", explica.
"Isto
é uma expressão clara que de que as pessoas querem votar", sublinha.
E
critica as contradições do Governo espanhol que, diz, numa semana
"ridiculariza" o processo, considerando que é "um sucedâneo de
consulta, ou uma pseudoconsulta" e agora move Conselho de Estado, Conselho
de Ministros e Tribunal Constitucional para travar o que disse ser uma anedota.
Ortega,
que admite que o processo se tornou algo surrealista - em parte, considera,
"pelas ações do Governo espanhol que impede os catalães de serem
consultados" - tem sido o rosto do processo logístico do voto.
Porém,
e apesar destas funções, muitos na política catalã apontam a alguma fricção com
Artur Mas, o presidente regional, com Ortega descontente como o novo modelo de
consulta, anunciado depois da suspensão do Tribunal Constitucional do voto
inicialmente convocado.
Questionada
sobre essas divisões internas, Ortega diz que o jornalista "foi mal
informado" e que sempre esteve ao lado deste processo, deste compromisso
com a cidadania e de Artur Mas.
"Este
processo nasceu das conversas que temos tido nesta casa e sinto-me
perfeitamente cómoda com ele. Sempre sou uma pessoa que sempre procurei e
defendi que atuássemos dentro da conciliação e harmonizando entre a legalidade
e a legitimidade", disse.
"Mas
agora não estamos fora da legalidade, estamos a fazer um processo participativo
que se insere nas competências do governo regional. Madrid diz que só podemos
perguntar sobre o que eles decidem que podemos perguntar", disse.
Os
catalães, insiste, "têm o direito de ser ouvidos sobre qualquer
coisa" e o Governo não está a executar políticas e só quer ouvir os seus
cidadãos e, depois disso, com conhecimento de causa, então "propor ao
Estado uma serie de politicas que vão na linha" do que digam os cidadãos.
"Não
nos deixam fazer referendo. Procuramos uma outra alternativa legal, para
realizar uma consulta, com uma lei aprovada pelo parlamento e que se insere nas
competências da autonomia sobre consultas populares e processo de participação
e também não nos deixam", afirmou.
"Temos
um compromisso com a cidadania, aprovado por mais de 80% do parlamento, que é
dar a voz aos cidadãos para que expressem como querem que seja o futuro da
Catalunha. Mas parece que também temos uma negativa do Estado", disse
ainda.
Ortega
insiste que o ato de dia 9 não e um vinculativo mas um mero processo de
participação que cumpre "uma norma essencial da política que é ouvir as
pessoas" sobre o que pensam.
"Vamos
ouvir as pessoas e a partir daqui, sem nenhuma obrigação, porque não é
vinculante, saberemos quanta gente no nosso país é favorável a que a Catalunha
seja um Estado e quantos dentro desta opção, querem que a Catalunha seja
independente", disse.
Para
Ortega, cada vez que o Governo espanhol recorre ou criar obstáculos a que
Catalunha se possa expressar, "alimenta a que mais gente queira ir
votar", usando de forma "perversa" o Tribunal Constitucional.
"Há
uma atitude clara do PP de fechar a boca à Catalunha, de evitar que a Catalunha
se possa expressar. E isso tem uma resposta. Estas manifestações massivas e
esta explosão de civismo que há na Catalunha", disse.
"Cada
vez que o TC nos negue a nossa democracia, a nossa vontade de nos expressar,
sairá mais gente à rua e cada vez mais gente se radicalizará", disse,
considerando que aumentam tanto os independentistas como os que querem outro
modelo de relação com Espanha.
Espanha - Catalunha:
A região que já por três vezes se declarou independente
A
região da Catalunha já por três vezes, uma em meados do século 17 e duas na
década de 30 do século passado, declarou unilateralmente a independência,
opções que, nos três casos duraram pouco tempo.
Cabe
a Pau Claris i Casademunt, político a honra da primeira proclamação, em 1641,
da Republica Catalã, que ficaria sob proteção de Luis XIII e a soberania de
França e como resposta ao acosso a Barcelona do exército do Marqués de Los
Vélez.
Pau
Claris opta por reconhecer a soberania francesa - Luis XIII assume o título de
Conde de Barcelona - e em Montjuic, a 26 de janeiro desse ano, as tropas
catalãs e francesas derrota o exército espanhol.
Essa
primeira Republica Catalã - que durou até 1659 - teve uma vida curta e o
próprio Pau Claris não viu o seu final, morrendo em 1641, um mês depois da
vitória de Montjuic.
Catalunha
continuou, como outras regiões europeias, a ser mais uma das frentes da Guerra
dos 30 anos, um palco de conflito com Espanha que só termina em 1652 com
promessas de Felipe VI de respeitar as instituições catalãs.
É,
porém, só em 1659, quando Luis XIV e Felipe VI assinam a Paz dos Pirenéus e
este ultimo cede a França parte dos territórios da então região catalã, que se
invalidam as demarcações estabelecidas pela Constituição da Catalunha.
Foi
preciso esperar mais de três séculos, até 1931, para ver uma nova proclamação
da República Catalã.
"Interpretando
o sentimento e as aspirações dos povos que nos acabar de dar o seu sufrágio,
proclamo a República Catalã como Estado integrado na Federação Ibérica",
disse, a 14 de abril de 1931, na varanda da sede do Governo regional, Francesc
Maciá.
A
proclamação de Maciá, líder da Esquerda Republica da Catalunha (ERC), que vence
as eleições municipais, leva o Governo provisional da República espanhol a
enviar negociadores que fecham, em Barcelona, um acordo que cria a Generalitat
da Catalunha.
Renasce
um nome histórico que, para muitos, é o primeiro passo para um novo modelo de
autonomia catalã, consolidado depois no primeiro estatuto de autonomia da
região.
Maciás
morre em 1933 e é substituído por Lluís Companys na presidência da Generalitat.
A
de outubro de 1934, acusando o novo Governo espanhol de ser
"monarquista" e "fascista", Companys proclama o Estado
Catalão dentro da República Federal Espanhola, convidando republicanos de
esquerda de toda a Espanha a estabelecer um Governo provisional da República em
Barcelona.
"Nesta
hora solene, em nome do povo e do Parlamento, o Governo a que presido assume
todas as faculdades do poder na Catalunha, proclama o estado catalão da
República Federal Espanhola", disse.
"O
estabelecer e fortalecer a relação com os dirigentes do protesto geral contra o
fascismo, convida-os a estabelecer na Catalunha o governo provisório da
República, que encontrará no nosso povo catalão o mais generoso impulso de
fraternidade, no comum anseio de edificar uma República Federal livre e
magnífica", afirmou.
Com
o fim da Guerra Civil espanhola, em 1939, os membros da Generalitat vão para o
exílio e a ditadura militar derroga as instituições catalãs. Companys acaba
preso em França, é extraditado para Espanha e julgado em Conselho de Guerra.
Foi
condenado à morte e fuzilado no Castelo de Montjuic em 1940.
Lusa, em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário