domingo, 2 de novembro de 2014

CATALUNHA VAI VOTAR PELA INDEPENDÊNCIA… SE CASTELA DEIXAR




A ocupação, repressão e opressão dos catalães por parte de Castela é histórica. Assim como é histórica a vontade de independência da Catalunha. Tem prevalecido a vontade castelhana de subjugar a Catalunha a um aglomerado de países chamados e reconhecidos internacionalmente como Espanha. 

No próximo domingo, 9, os catalães vão votar (ou não) pela independência do país ocupado por Castela. Vão votar se Castela deixar. É a quarta vez ao longo da história que a Catalunha tenta ser independente. Daqui a uma semana através do voto. Votação, a ocorrer, que não vai ser reconhecida por Castela, nem pela União Europeia, nem pelos EUA – já o disseram. Falta saber se Castela se prepara ou não para impedir os catalães de se expressarem em paz e democraticamente nas urnas. E perante o resultado, que se prevê esmagadoramente a favor da independência, só nos resta aquilatar do grau de democracia que a União Europeia possui no seu seio de compadrios, subserviências e conluios com interesses adversos à justiça e democracia que falsamente propalam mas que está em forte défice na prática. 

Não querem reconhecer a voz e vontade dos catalães. Temem a desagregação desse país a que chamam Espanha e que mais não é que fruto de ocupações pela força e devastadoras maquinações de Castela quando nada deviam de temer mas sim de respeitar as vontades dos povos que pacificamente, democraticamente, querem referendar se devem ou não continuar a ser governados pelos que lhes ocuparam o país violentamente a par de algumas traições. Compreende-se que Castela  e o seus governantes sejam contra esta eleição, este referendo, não se compreende que a União Europeia, os EUA e outros países no mundo sejam contra sem que nessa posição expressa caiba a certeza mais que comprovada de que para eles democracia é palavra e manipulação para iludir os povos e pouco ou mais nada que isso. 

Pela quarta vez a Catalunha vai expressar categoricamente a sua vontade de ser independente, acredita-se. Desta vez pondo a nu o défice de democracia da União Europeia e dos EUA, que se pronunciaram contra o ato democrático que estupidamente temem, à laia dos temores dos ditadores mal disfarçados que se apossaram dos poderes na UE. Afinal o que ressalta é a verdade da postura ditatorial porque na Escócia ainda há poucas semanas ato de referendo semelhante aconteceu e  tudo ficou na mesma porque assim foi a vontade expressa pelos escoceses. Por que não pode acontecer o mesmo na Catalunha? O que teme Castela e a UE? Temem a democracia. Isso já está por demais explicito nos países da UE e nos EUA quando demonstram que estão ao serviço de um só senhor o Mercado de Capitais, o capitalismo selvagem, que recheia as suas vidas douradas e posses materiais dos corruptos dirigentes eleitos uns pelos outros através de "nomeações" que demonstram as dimensões avassaladores do défice democrático que oprime os povos da chamada União Europeia, mais parecida com uma união de criminosos organizados nas profundezas de uma máfia global que rege os destinos e a exploração desmedida dos povos e do mundo.

Redação PG

Catalunha "Votar já é uma vitória", diz vice-presidente do Governo regional

A vice-presidente do Governo regional catalã mostra-se esperançada que haja uma participação elevada na consulta de dia 9 de novembro, afirmando que poder votar, depois de tantos obstáculos impostos por Madrid, "já é uma vitória".

"Desejo que haja uma participação muito alta. Mas qualquer que seja o resultado não será nem o fiasco nem a vitória da CiU ou de qualquer outro partido", disse em entrevista à Lusa Joana Ortega.

"Este voto é o triunfo da democracia na Catalunha. E independentemente do resultado, se votarmos, teremos ganho", sublinhou afirmando que, "ao dia de hoje" ainda confia na abertura dos locais de voto.

No dia 09 de novembro, os catalães vão participar numa consulta popular para discutir a independência da região, uma ação que tem sido contestada por Madrid, que impediu a realização de um referendo formal.

Joana Ortega, que garante que votará no dia 9 na zona de Eixample, onde vive no centro de Barcelona, conversa com a Lusa no seu escritório, no 7º andar de um dos edifícios da Generalitat, na Via Laietana, com uma vista magnífica para a Catedral de Barcelona.

Um andar mais abaixo, no edifício, está a "área de processos eleitorais e consultas populares" - é nestas competências que o Governo regional se baseia para alterar o formato da consulta, trocando funcionários por voluntários e sem cadernos eleitorais.

"Quando foram os Olímpicos de Barcelona fizeram uma campanha durante um ano e meio e, em toda a Espanha, conseguiram 100 mil voluntários. Nós, numa semana, pedimos voluntários e conseguimos 40 mil, o dobro do que antecipávamos", explica.

"Isto é uma expressão clara que de que as pessoas querem votar", sublinha.

E critica as contradições do Governo espanhol que, diz, numa semana "ridiculariza" o processo, considerando que é "um sucedâneo de consulta, ou uma pseudoconsulta" e agora move Conselho de Estado, Conselho de Ministros e Tribunal Constitucional para travar o que disse ser uma anedota.

Ortega, que admite que o processo se tornou algo surrealista - em parte, considera, "pelas ações do Governo espanhol que impede os catalães de serem consultados" - tem sido o rosto do processo logístico do voto.

Porém, e apesar destas funções, muitos na política catalã apontam a alguma fricção com Artur Mas, o presidente regional, com Ortega descontente como o novo modelo de consulta, anunciado depois da suspensão do Tribunal Constitucional do voto inicialmente convocado.

Questionada sobre essas divisões internas, Ortega diz que o jornalista "foi mal informado" e que sempre esteve ao lado deste processo, deste compromisso com a cidadania e de Artur Mas.

"Este processo nasceu das conversas que temos tido nesta casa e sinto-me perfeitamente cómoda com ele. Sempre sou uma pessoa que sempre procurei e defendi que atuássemos dentro da conciliação e harmonizando entre a legalidade e a legitimidade", disse.

"Mas agora não estamos fora da legalidade, estamos a fazer um processo participativo que se insere nas competências do governo regional. Madrid diz que só podemos perguntar sobre o que eles decidem que podemos perguntar", disse.

Os catalães, insiste, "têm o direito de ser ouvidos sobre qualquer coisa" e o Governo não está a executar políticas e só quer ouvir os seus cidadãos e, depois disso, com conhecimento de causa, então "propor ao Estado uma serie de politicas que vão na linha" do que digam os cidadãos.

"Não nos deixam fazer referendo. Procuramos uma outra alternativa legal, para realizar uma consulta, com uma lei aprovada pelo parlamento e que se insere nas competências da autonomia sobre consultas populares e processo de participação e também não nos deixam", afirmou.

"Temos um compromisso com a cidadania, aprovado por mais de 80% do parlamento, que é dar a voz aos cidadãos para que expressem como querem que seja o futuro da Catalunha. Mas parece que também temos uma negativa do Estado", disse ainda.

Ortega insiste que o ato de dia 9 não e um vinculativo mas um mero processo de participação que cumpre "uma norma essencial da política que é ouvir as pessoas" sobre o que pensam.

"Vamos ouvir as pessoas e a partir daqui, sem nenhuma obrigação, porque não é vinculante, saberemos quanta gente no nosso país é favorável a que a Catalunha seja um Estado e quantos dentro desta opção, querem que a Catalunha seja independente", disse.

Para Ortega, cada vez que o Governo espanhol recorre ou criar obstáculos a que Catalunha se possa expressar, "alimenta a que mais gente queira ir votar", usando de forma "perversa" o Tribunal Constitucional.

"Há uma atitude clara do PP de fechar a boca à Catalunha, de evitar que a Catalunha se possa expressar. E isso tem uma resposta. Estas manifestações massivas e esta explosão de civismo que há na Catalunha", disse.

"Cada vez que o TC nos negue a nossa democracia, a nossa vontade de nos expressar, sairá mais gente à rua e cada vez mais gente se radicalizará", disse, considerando que aumentam tanto os independentistas como os que querem outro modelo de relação com Espanha.

Espanha - Catalunha: A região que já por três vezes se declarou independente

A região da Catalunha já por três vezes, uma em meados do século 17 e duas na década de 30 do século passado, declarou unilateralmente a independência, opções que, nos três casos duraram pouco tempo.

Cabe a Pau Claris i Casademunt, político a honra da primeira proclamação, em 1641, da Republica Catalã, que ficaria sob proteção de Luis XIII e a soberania de França e como resposta ao acosso a Barcelona do exército do Marqués de Los Vélez.

Pau Claris opta por reconhecer a soberania francesa - Luis XIII assume o título de Conde de Barcelona - e em Montjuic, a 26 de janeiro desse ano, as tropas catalãs e francesas derrota o exército espanhol.

Essa primeira Republica Catalã - que durou até 1659 - teve uma vida curta e o próprio Pau Claris não viu o seu final, morrendo em 1641, um mês depois da vitória de Montjuic.

Catalunha continuou, como outras regiões europeias, a ser mais uma das frentes da Guerra dos 30 anos, um palco de conflito com Espanha que só termina em 1652 com promessas de Felipe VI de respeitar as instituições catalãs.

É, porém, só em 1659, quando Luis XIV e Felipe VI assinam a Paz dos Pirenéus e este ultimo cede a França parte dos territórios da então região catalã, que se invalidam as demarcações estabelecidas pela Constituição da Catalunha.

Foi preciso esperar mais de três séculos, até 1931, para ver uma nova proclamação da República Catalã.

"Interpretando o sentimento e as aspirações dos povos que nos acabar de dar o seu sufrágio, proclamo a República Catalã como Estado integrado na Federação Ibérica", disse, a 14 de abril de 1931, na varanda da sede do Governo regional, Francesc Maciá.

A proclamação de Maciá, líder da Esquerda Republica da Catalunha (ERC), que vence as eleições municipais, leva o Governo provisional da República espanhol a enviar negociadores que fecham, em Barcelona, um acordo que cria a Generalitat da Catalunha.

Renasce um nome histórico que, para muitos, é o primeiro passo para um novo modelo de autonomia catalã, consolidado depois no primeiro estatuto de autonomia da região.

Maciás morre em 1933 e é substituído por Lluís Companys na presidência da Generalitat.

A de outubro de 1934, acusando o novo Governo espanhol de ser "monarquista" e "fascista", Companys proclama o Estado Catalão dentro da República Federal Espanhola, convidando republicanos de esquerda de toda a Espanha a estabelecer um Governo provisional da República em Barcelona.

"Nesta hora solene, em nome do povo e do Parlamento, o Governo a que presido assume todas as faculdades do poder na Catalunha, proclama o estado catalão da República Federal Espanhola", disse.

"O estabelecer e fortalecer a relação com os dirigentes do protesto geral contra o fascismo, convida-os a estabelecer na Catalunha o governo provisório da República, que encontrará no nosso povo catalão o mais generoso impulso de fraternidade, no comum anseio de edificar uma República Federal livre e magnífica", afirmou.

Com o fim da Guerra Civil espanhola, em 1939, os membros da Generalitat vão para o exílio e a ditadura militar derroga as instituições catalãs. Companys acaba preso em França, é extraditado para Espanha e julgado em Conselho de Guerra.

Foi condenado à morte e fuzilado no Castelo de Montjuic em 1940.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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