sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Operação Vistos Gold detém dois altos funcionários próximos do ministro Miguel Macedo



Valentina Marcelino – Diário de Notícias

O ministro da Administração Interna não foi alvo direto das buscas, mas os inspetores da PJ terão procurado documentos que estavam a despacho no seu gabinete.

O processo de nomeação de um oficial de ligação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para a China, que estaria para despacho no gabinete do ministro da Administração Interna, terá sido o alvo das buscas da Polícia Judiciária (PJ), ontem de manhã, no ministério liderado por Miguel Macedo. Esta busca foi a única, das 60 que decorreram em todo país no âmbito da investigação à concessão dos vistos dourados, dirigida pela própria procuradora titular do processo, Susana Figueiredo, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Cerca de 150 inspetores da PJ, principalmente da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), realizaram buscas em escritórios e residências pessoais de norte a sul do país e detiveram 11 pessoas, entre as quais altos quadros do Estado. Entre os detidos estão, na tutela do Ministério da Administração Interna (MAI), o diretor do SEF, Manuel Palos, e na alçada do ministério da Justiça, o presidente do Instituto de Registos e Notariado (IRN), António Figueiredo e a secretária-geral do ministério, Maria Antónia Anes, quadro superior da PJ.

Os outros detidos serão quadros intermédios do SEF e do IRN, que facilitariam os processos de vistos, e intermediários chineses. Todos foram levados para interrogatório dos juízes Carlos Alexandre e João Bártolo, no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa. Ao que o DN apurou terão sido confrontados com escutas e vigilâncias que os envolviam nos crimes por que estão indiciados.

Miguel Macedo não terá sido alvo direto das buscas no MAI mas, o cerco acabou por se apertar junto ao ministro, não só com detenção de um diretor sob a sua tutela e de um amigo pessoal (o diretor do IRN), mas também por causa da constituição como arguida de Albertina Gonçalves, sua sócia no escritório de advogados. A advogada, que ocupa atualmente um alto cargo no Estado, como secretária-geral do ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, foi igualmente alvo de buscas dos inspetores da Judiciária.O processo de nomeação de um oficial de ligação para Pequim.

Foto: Nuno Veiga, Lusa


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