sexta-feira, 12 de junho de 2015

NOITE DE FOLIA EM LISBOA



Paulo Lourenço – Jornal de Notícias

A par das marchas populares na Avenida da Liberdade, são os arraiais populares que dominam a grande noite desta sexta-feira nas festas de Lisboa.

E, se há umas décadas este era um ritual em quase todos os bairros mais típicos, os tempos foram fazendo que atualmente a corrida à sardinha assada, cerveja e bailaricos se concentre quase em exclusivo em Alfama.

Ali, a azáfama é grande desde há algumas semanas, e, como o JN constatou, a expectativa para este ano aponta para o melhor Santo António da década. "Se já a véspera de Camões [terça-feira] foi cheia até ás 7 da manhã, imagine na noite de Santo António", diz, com visível satisfação, Florinda Branco, que, com a família, mantém negócio de "comes e bebes" no bairro há 32 anos.

E nem o preço da sardinha - este ano mais elevado devido às limitações à captura impostas pela União Europeia - faz baixar as expectativas. "Nós só trabalhamos com sardinha congelada, que é muito melhor e podemos vendê-la aos mesmo preço dos outros anos; a um 1,5 euros a unidade", destaca Florinda, rodeada das filhas, que são o garante da continuação da tradição.

Noutro beco, José Reggi concorda. "Eu só vendo sardinha congelada e os clientes adoram", assegura, acrescentando que a fresca "ainda está muito seca". "Há pessoas que têm algum preconceito. Então a gente diz que é fresca e comem-na com tanta satisfação que no final vêm perguntar-nos onde a vamos comprar para lá irem, também", conta, entre sonoras gargalhadas, Alzira Mendes.

Como todos os anos, a noite de hoje não terá fim até de manhã. São milhares de pessoas a percorrem a estreitas vielas do bairro, em busca de comida, bebida e muita diversão. "No Santo António não se nota a crise. É uma vez por ano e as pessoas não pensam nisso", garante Florinda Branco. José Reggi concorda mas sublinha a "recuperação" dos últimos dois anos. "Já se nota bem a diferença e este ano até está acima das expectativas. As pessoas querem é fugir ao stress". diz.

Pela negativa, os comerciantes destacam o pouco policiamento para tanta gente nas ruas e a falta de casas de banho, sobretudo para as senhoras. "Os homens desenrascam-se", observam bem disposto, José Reggi.

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