terça-feira, 15 de abril de 2014

POR CABO VERDE… PATRIOTISMO PRECISA-SE




O Cabo-Verdiano em geral mostrou-se sempre, e particularmente em vários momentos-chave, saber pôr acima de tudo, os interesses nacionais. Facto este, de se louvar, pois, por este e outros motivos é que atingimos o patamar de desenvolvimento em que nos encontramos. Alguém há-de perguntar se já atingimos o patamar desejado! Talvez não! Porque somos (os Homens) inconformistas por natureza, o que é extremamente positivo porque faz-nos continuar inquietos, e à procura de mais e melhor, mas também porque o Homem nunca atinge a “satisfação plena”.

António Carlos Tavares – A Semana (cv), opinião

Apesar disso, não devemos perder o bom senso, o espírito patriótico, a ponto de pormos em risco muitas vezes, a sã convivência que nos caracteriza, e deixar os nossos caprichos pessoais e/ou grupais vierem ao de cima. Não! Não devemos tentar minar a estabilidade política e social, que caracterizou e caracteriza o país, particularmente nestes últimos anos, e nos faz estar na linha da frente, em vários rankings internacionais. É evidente e natural que possa haver posicionamentos e pontos de vista divergentes, mas estes devem ser discutidos e debatidos, sobretudo com argumentação e racionalidade, pois no nosso íntimo, todos queremos o bem para o nosso Cabo Verde (pelo menos é o que que deveria ser).

Devemos recordar (sempre), que os ganhos que até agora conhecemos, devem-se fundamentalmente a uma visão de desenvolvimento com os olhos no futuro. Uma visão completamente ambiciosa, mas com metas claras, bem definidas e argumentadas. Não com uma visão redutora pensando apenas no imediato e na resolução pontual dos problemas das pessoas, adiando a resolução de questões estruturais e globais, que mudam pela positiva o rumo do País, impulsionando o crescimento e o desenvolvimento económico e social.

O desenvolvimento e melhoramento das condições de vida dos cidadãos constroem-se com base num diálogo franco, aberto e consistente, entre o Governo, o Patronato e os Sindicatos. Nunca por via de manifestações e greves desnecessárias. As manifestações e/ou greves são muitas vezes entendidas como sinais de fraqueza e falta de argumentos convincentes das nossas posições. Estes recursos devem sim ser accionados, quando não houver abertura para o diálogo, não haver vontade para a resolução pacífica de questões em causa (que não é o caso). Cabo Verde goza de uma estabilidade social, ambiente propiciador de diálogo para a resolução de questões sociais, que devemos saber gerir e tirar proveito, visando o bem comum e a satisfação de todos. Os trabalhadores, estes que dão e continuam a dar o seu grande contributo para o desenvolvimento deste país, seguramente não vão na “onda” de uns que eventualmente queiram apenas criar um ambiente/clima tenso, de confusão e conturbado, procurando o protagonismo pessoal ou grupal, mesmo pondo em causa os interesses superiores da Nação.

Devemos ser responsáveis, mas também sérios e coerentes com as nossas atitudes e posições. Devemos ser críticos sim, mas confrontar com argumentos, com substância, e não meramente fazer “barrulho”, na tentativa de enganar os desprevenidos. Devemos dar o nosso contributo para o desenvolvimento na nossa Nação, devemos apresentar a nossa visão de desenvolvimento, não ficar à sombra, à espreita de uma oportunidade para causar a desordem e provocar a instabilidade social. A responsabilidade deve falar mais alto, sob pena de não sermos levados a sério e perdermos credibilidade (se ainda temos).

Todos os que se orgulham do seu País – à luz dos indicadores socioeconómicos, divulgados por organismos de reconhecida credibilidade e mérito internacionais – deveriam dar o seu contributo para a consolidação dos ganhos, contribuindo também para a materialização das premissas maiores e linhas de desenvolvimentos traçados, com ambição e realismo, em vez de tentar liminarmente, à lupa, tentar meramente procurar defeito, mesmo se não existe, e pensar sempre pela negativa. Esta é uma atitude dos impotentes e fracassados. Tudo bem, que quem dá tudo o que tem, a mais não é obrigado. Mas esforcemo-nos mais, podemos dar mais e melhor para o nosso País. Os trabalhadores seguramente não estão interessados em manifestações e/ou greves, mas sim na resolução dos seus problemas/assuntos. Querem sim, sindicatos com capacidade de diálogo e poder argumentativo para fazer com que as suas revindicações justas sejam levadas em devida conta e resolvidas em tempo possível.

Reconheçamos que todos somos poucos para construirmos o Cabo Verde dos nossos sonhos, pensemos em primeiro lugar no Cabo Verde que queremos ter no futuro. Sejamos corajosos e abracemos esta causa maior, que de resto é o caminho que deve ser seguido, com determinação, vigor e confiança. Todos devemos assumir as nossas responsabilidades sociais e organizacionais, e acima de tudo zelar continuamente pela construção da justiça e da paz social, que são e continuam a ser das nossas maiores vantagens.

Façamos um exame da nossa consciência, com visão de futuro, e abracemos essa causa, a de lutarmos constantemente para termos um Cabo Verde desenvolvido no horizonte 2030, com cada vez mais oportunidade para os jovens, mais justiça social, mais educação mais saúde, oportunidades para todos, e qualidade de vida partilhada por todos. É este o caminho, está ao nosso alcance, e com a contribuição de todos e de cada um, havemos de lá chegar. Cabo Verde merece.

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