O
comandante da Polícia Nacional no Huambo, Elias Livulo, considerou
“completamente descabidas e irresponsáveis” as alegações de dirigentes da UNITA
sobre o uso de armas letais e a morte de civis nos episódios do Monte Sumé, na
Caála, província do Huambo.
Em
declarações à TPA, o comissário Elias Livulo disse que as afirmações dos
dirigentes da UNITA, dando conta da morte de centenas de civis, são próprias de
quem nunca foi militar e pretende fazer aproveitamento político de um caso que
deve ser tratado com seriedade e sentido de responsabilidade.
“Só quem nunca foi militar e pretende fazer um aproveitamento político é que pode dizer isso, porque em termos militares, quando falamos em 1.080 pessoas, conforme disseram, estamos a falar de uma brigada inteira dizimada. Não sei onde havia espaço para enterrar tanta gente”, disse o oficial, que desafiou os dirigentes da UNITA a provarem as “graves acusações que fizeram”. Numa operação onde há 1.080 mortos o cabecilha sobrevive?, perguntou Elias Livulo.
Alegações descabidas
O
comissário Elias Livulo também questionou os métodos utilizados pelos mesmos
políticos para chegar a esses números e considerou inadmissível levantar
especulações sobre as causas da morte dos agentes da Polícia Nacional. “Não se
recolhem dados dessa natureza nas ruas. É necessário que as pessoas façam
afirmações com convicção e nunca baseadas no ouvir dizer. Lamento não podermos
trazer à luz a forma brutal e cruel como os nossos camaradas foram assassinados”,
lamentou o comissário Elias Livulo .
Em relação ao material utilizado por elementos ligados ao líder da seita ilegal “A Luz do mundo” contra a Polícia no Monte Sumé, o comissário Elias Livulo confirmou terem sido encontradas duas armas de fogo, além de diversos meios contundentes ainda com sangue dosoficiais assassinados.
Meios de dissuasão
O comissário desmentiu que tenham sido usados meios letais na operação para a captura do líder da seita ilegal “A Luz do mundo”, sob quem pendia um mandado emitido pelas autoridades judiciais. “Recorremos a meios de dissuasão, como balas de borracha e gás lacrimogénio, porque sabíamos que era um lugar onde estavam cidadãos religiosos, que aderiram a uma seita ilegal. Logo, não íamos levar meios letais.”
A Polícia podia ter utilizado outro meio de dissuasão, que são os jactos de água, mas ficou apenas pelas balas de borracha e o gás lacrimogéneo, disse o comissário.
Polícias cercados e linchados
Postos no local para a operação de detenção, os polícias foram cercados e linchados, disse o comissário, que entretanto lamentou terem morrido 13 civis. “Devo aqui realçar o profissionalismo e o espírito de contenção que reinou nos nossos camaradas, para se manterem serenos, sem abrir fogo, mesmo vendo o comandante, o chefe de operações, o delegado do Sinse e outros, num total de nove, todos mortos”.
O comissário acrescentou que outra das razões para a contenção redobrada naquele momento foi o facto de as forças policiais se aperceberem de que os elementos leais ao líder da seita ilegal “A Luz do mundo” estavam a usar mulheres e crianças como escudo. “Foi preciso muita frieza para não abrirem fogo, porque se o fizessem, aí sim, éramos acusados de carnificina”.
Invenção de políticos
Outra
invenção dos políticos é a suposta utilização de helicópteros para atacar a
população civil. Além de desmentir essa informação, o comissário explicou por
que, numa operação como aquela, foi necessário recorrer a meios aéreos.
“Solicitamos helicópteros ao Comando Geral para nos permitir alcançar as áreas
recônditas, as montanhas que, por sinal, eram antes tidas como bases das forças
da UNITA”.
A coincidência geográfica entre o local escolhido para retiro dos seguidores da seita ilegal “A Luz do mundo” e as antigas bases das forças rebeldes da UNITA, foi questionada pelo comissário Elias Livulo. “Não sei que religião é essa que tem como preferência as montanhas, as antigas bases da UNITA, sem construir templos. Que religião é essa?”.
Jornal
de Angola - Foto TPA
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