Em
Janeiro/Fevereiro de 1954, constava assim no boletim Jovem Trabalhador, editado
pelo MUD Juvenil:
"Na
fábrica Palha de Aço do Poço do Bispo, o patronato - por não ter licença para o
pessoal fazer horas extraordinárias - foi multado. Como o desembolsar dinheiro
é mais difícil do que embolsá-lo, achava que o magro salário dos operários
devia pagar essa multa. Para isso, queria dar aos operários só 25% das horas
extraordinárias, quando pertencem 50%. Mas os operários na sua luta bem unida
não consentiram que este abuso fosse praticado e continuam a ganhar os
50%" .
Em
2012, o pacote laboral aprovado pelo governo de direita, com a aval da troica,
cortou a metade o custo a mais das horas extraordinárias face ao custo da hora
normal - de 25 para 12,5% na primeira hora e de 50 para 25% nas restantes
horas, cortando ainda o descanso compensatório por trabalho suplementar. Isso e
a utilização do banco de horas reduziu substancial o custo para as empresas das
horas extraordinárias. Aquilo que era um custo (imposto) desincentivador do
trabalho para lá do horário normal, passou a ter um regime laboral fortemente
incentivador do trabalho a mais e sem ser devidamente remunerado. E isso teve e
tem de repercussões na vida das pessoas.
E ainda assim está.
E ainda assim está.
João
Ramos de Almeida | Ladrões de Bicicletas
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