terça-feira, 21 de agosto de 2018

Portugal | Coisas que nunca se esquecem


Em Janeiro/Fevereiro de 1954, constava assim no boletim Jovem Trabalhador, editado pelo MUD Juvenil:


"Na fábrica Palha de Aço do Poço do Bispo, o patronato - por não ter licença para o pessoal fazer horas extraordinárias - foi multado. Como o desembolsar dinheiro é mais difícil do que embolsá-lo, achava que o magro salário dos operários devia pagar essa multa. Para isso, queria dar aos operários só 25% das horas extraordinárias, quando pertencem 50%. Mas os operários na sua luta bem unida não consentiram que este abuso fosse praticado e continuam a ganhar os 50%"  .

Em 2012, o pacote laboral aprovado pelo governo de direita, com a aval da troica, cortou a metade o custo a mais das horas extraordinárias face ao custo da hora normal - de 25 para 12,5% na primeira hora e de 50 para 25% nas restantes horas, cortando ainda o descanso compensatório por trabalho suplementar. Isso e a utilização do banco de horas reduziu substancial o custo para as empresas das horas extraordinárias. Aquilo que era um custo (imposto) desincentivador do trabalho para lá do horário normal, passou a ter um regime laboral fortemente incentivador do trabalho a mais e sem ser devidamente remunerado. E isso teve e tem de repercussões na vida das pessoas.

E ainda assim está.

João Ramos de Almeida | Ladrões de Bicicletas

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