O jornalista José Reinaldo
Carvalho, dirigente comunista e editor da Página da Resistência homenageia
neste artigo o povo chinês e o Partido Comunista da China pela passagem do 70º
aniversário do triunfo da Revolução democrática e popular e fundação da
República Popular da China, em 1º de Outubro de 1949
Neste Primeiro de Outubro transcorre
o aniversário de um feito histórico da maior significação. Nesta data, há 70
anos, ocorreu o fato mais importante até aqui da história da multimilenar nação
chinesa, com grande repercussão também para os destinos da humanidade, que
segue com interesse e alegria compartilhada o impetuoso renascimento e
rejuvenescimento da grande nação asiática como fator de desenvolvimento e paz
mundiais.
Nesta data, em 1949, perante 300
mil pessoas, entre militares e civis, reunidos na Praça Tianamen, em Pequim, o
líder comunista Mao Tsetung proclamou a fundação da República Popular da China,
depois de constituído o Governo Popular Central do País.
A nova revolução democrática teve
caráter nacional e social, por seus objetivos anticoloniais e antifeudais. Seu
triunfo resultou na criação da Nova China, a maior e mais profunda mudança da
história do povo chinês.
Foi o marco inicial fundamental
para que o povo se tornasse dono do próprio país, o construtor do Estado
nacional, o senhor do próprio destino.
A revolução vitoriosa e a
proclamação da República Popular Democrática foi o corolário da luta heroica de
três décadas conduzida pelo Partido Comunista Chinês, o coroamento da guerra
patriótica contra a ocupação japonesa.
A trajetória concreta desta
revolução beneficiou-se da herança da luta pela República conduzida em 1911
pelo líder nacional e democrata, o Dr. Sun Yatsen. A vitória da nova revolução
democrática de 1949 levou a China a proclamar de uma vez para sempre o fim do
sistema de monarquia absoluta feudal e, sucessivamente, fundar um sistema
democrático-popular, unificar o país e suas distintas etnias, dar um ponto
final à sociedade semicolonial e semifeudal, atirar na lixeira da história os
tratados desiguais e humilhantes impostos pelas potências estrangeiras,
extinguir todos os privilégios do imperialismo na China.
Em Primeiro de Outubro de 1949,
na imagem de Mao Tsetung proclamando a fundação da República Popular da China,
a humanidade passava a conhecer a China de pé, altaneira, com seu povo unido
sob a direção do Partido Comunista numa frente democrática, nacional e popular.
A Revolução representou um salto
civilizacional para o povo chinês. O triunfo de Primeiro de Outubro de 1949 tem
por cenário uma China que era uma das sociedades mais pobres e atrasadas do
mundo de então, dependente e submissa às potências imperialistas.
A China abria para si própria e o
mundo a nova era histórica, em que se iniciava uma longa transição para a
afirmação da independência nacional, o desenvolvimento, o progresso, a justiça,
o socialismo.
Nessas conquistas foi grandiosa a
contribuição de Mao Tsetung. Com o rigor teórico de um marxista-leninista
possuidor de densos conhecimentos filosóficos e históricos, Mao capacitou o
Partido Comunista da China a percorrer o caminho justo para o triunfo da Nova
Revolução Democrática. A partir da proclamação da República Popular, foi sob a
liderança de Mao, como núcleo do Partido Comunista, que se iniciaram com êxito
os esforços para criar o sistema socialista básico na política e na economia.
Tal como tinha, contra todo
dogmatismo, descoberto e acionado os princípios estratégicos e táticos para a
vitória da Revolução, Mao Tsetung desbravou os caminhos para a edificação do
socialismo com características chinesas, lançou os fundamentos teóricos e
práticos para o desenvolvimento da causa popular, democrática, independentista
e desenvolvimentista.
Sem a liderança do Partido
Comunista e de Mao Tsetung, a revolução não teria triunfado, a República Popular
da China não se teria transformado numa realidade, o percurso ao socialismo não
teria começado. Foi sob a liderança do Partido Comunista e de Mao que a China
alcançou aqueles remarcáveis êxitos no período histórico correspondente e
concretizou a mais profunda mudança da nação chinesa.
A partir do triunfo de Primeiro
de Outubro de 1949, o Partido Comunista da China empreendeu a construção do
socialismo, converteu um país agrícola atrasado em um país em vias de
industrialização e desenvolvimento.
Nos primeiros anos, o governo
revolucionário da Nova China recuperou a economia nacional, iniciou nova etapa
de desenvolvimento, exerceu a nova democracia, promovendo a reforma democrática
em todos os terrenos, a construção paulatina da economia nacional, a industrialização,
a transformação socialista da agricultura.
A revolução levou o país à
construção dos fundamentos do socialismo, abrindo caminho para uma construção
socialista de longo prazo, o que em si já representava uma transformação
profunda na China de então.
A grande tarefa do Partido
Comunista da China era desbravar os caminhos da construção do socialismo nas
condições reais do país, condições muito peculiares, em um país asiático,
pobre, atrasado e marcado por séculos de domínio colonial e semifeudal.
O triunfo da Revolução Popular e
a proclamação da República tiveram impacto internacional, sendo parte
indissociável dos acontecimentos mundiais da época. A guerra de resistência
contra o Japão integrou a luta mundial contra o fascismo, sendo a China uma combatente
destacada da luta antifascista. Nesta guerra forjou-se a unidade da nação
chinesa pela conquista da independência nacional, a libertação do povo e a
conquista da paz mundial.
A Nova China surgida em Primeiro
de Outubro de 1949 foi um estímulo objetivo às lutas anticoloniais e
anti-imperialistas da segunda metade do século 20, impulsionou movimentos
revolucionários e solidarizou-se com todos os povos amantes da paz, da
liberdade e da independência.
A Revolução Chinesa abriu caminho
para o exercício de uma nova política externa. Salvaguardar a independência, a
soberania e a integridade territorial do país, defender a paz mundial,
empenhar-se para a criação de um ambiente internacional propício à construção
do socialismo com peculiaridades chinesas e a construção de uma potente nação
passaram a estar no centro da nova diplomacia chinesa, não mais de subjugação
aos potentados internacionais.
Desde o momento da vitória da
Revolução, a China posicionou-se como integrante do campo socialista. E afirmou
o caráter anti-imperialista da sua política externa. O Programa Comum da
Conferência Consultiva Política do Povo Chinês proclamou: “Os princípios da
política externa da República Popular da China consistem em salvaguardar a
independência, a liberdade e a integridade soberana e territorial do país,
apoiar a paz internacional duradoura e a cooperação amistosa entre todos os
povos e opor-se à política imperialista de agressão e guerra”.
A China vive hoje uma fase de
impetuoso progresso económico e social, avança rumo à extinção da pobreza
extrema, moderniza-se, alcança novos padrões de civilização , eleva seu poderio
nacional e exerce maior influência no mundo, contribuindo para o
desenvolvimento de todos e a paz mundial. Isto é fruto do caminho percorrido
desde a proclamação da República Popular e do caminho socialista desde então
inaugurado.
O sonho chinês
O País chega ao 70º aniversário
do triunfo da Revolução, buscando a realização do sonho chinês, sob a direção
do Partido Comunista, tendo por núcleo Xi Jinping, Secretário-Geral do Comité
Central, Presidente da República e Presidente da Comissão Militar Central.
Segundo afirmou o líder Xi, o
sonho chinês é seguir adiante na construção do “socialismo com características
chinesas”, socialismo que é uma conquista fundamental resultante de tenazes
lutas e esforços de todo o povo. O Partido, as instâncias de governo e as
organizações populares têm sucessivamente proclamado que o País só pode
desenvolver-se social e economicamente por meio do socialismo com características
chinesas.
Como meta de curto prazo, a China
busca abolir a pobreza extrema até 2021 (centenário do Partido Comunista),
concluir a construção de uma sociedade modestamente confortável em todos os
aspectos e avançar para transformar-se em um país socialista moderno, próspero,
poderoso, democrático, civilizado e harmonioso no centenário da Nova China, em
2049.
A construção do socialismo com
características chinesas tomou forma específica e ritmo impetuoso a partir de
1978, com a adoção da política de reforma e abertura, sob a liderança do
dirigente comunista Deng Xiaoping.
A política de reforma e abertura
iniciou uma nova época histórica, foi a segunda revolução chinesa, inaugurou a
nova fase de desenvolvimento impetuoso da China moderna.
Sob a égide do marxismo-leninismo
e do método materialista e dialético de emancipar a mente e buscar a verdade
nos fatos, Deng Xiaoping orientou o Partido a concentrar esforços na
modernização socialista, por meio da reforma e abertura. Deng aprofundou a
compreensão sobre a construção do socialismo segundo as peculiaridades
nacionais chinesas, abrindo de fato um novo caminho.
Deng enfatizou a necessidade de
persistir na construção económica como a tarefa principal. Importante observar
que o fez – como a direção atual nucleada por Xi Jinping continua a fazer
-mantendo a base teórica e os princípios do Partido Comunista e do socialismo
científico, adotando os “quatro princípios cardeais”: defesa do
marxismo-leninismo e do pensamento de Mao Tsetung; persistência no caminho
socialista, manutenção e fortalecimento do poder popular; exercício da
liderança do País pelo Partido Comunista da China.
Quanto à concepção de construção
do socialismo, na etapa primária em que este ainda se encontra na China, Deng
Xiaoping enfatizou a necessidade de dedicar-se permanentemente ao
desenvolvimento da economia, com a orientação de pôr o desenvolvimento acima de
tudo, da ciência e tecnologia, combinando a construção económica com o
desenvolvimento político, a construção de uma civilização materialmente
evoluída e o avanço cultural da sociedade.
A nova concepção de
desenvolvimento iniciada por Deng Xiaoping que parte da reforma e abertura e da
concentração de esforços na construção económica, tem por meta a construção de
um país moderno, capaz de absorver recursos, tecnologias e experiências
administrativas externas favoráveis ao desenvolvimento da China. As primeiras
medidas desta nova etapa foram caracterizadas como as “quatro modernizações”:
na agricultura, indústria, tecnologia e defesa.
Os êxitos da China em todos os
terrenos, que se expressam nos elevados índices de crescimento económico,
social, cultural e no crescimento da presença da China no mundo, atestam o
acerto dessa política e apontam os resultados desta segunda revolução.
A construção do socialismo com
características chinesas parte da constatação de que o País se encontra na
etapa primária do socialismo, durante a qual a China convive com múltiplas
formas de propriedade, incluindo a propriedade privada, que deve contribuir com
o desenvolvimento das forças produtivas. Nesta fase, mercado e planificação são
combinados e utilizados como instrumentos para desenvolver a economia e
promover a modernização socialista. O setor estatal continua sendo a coluna
vertebral da economia, tendo passado ao longo dos últimos 40 anos por diversas
reformas, para que as empresas se tornem competitivas e eficientes.
A etapa primária ou inicial do
socialismo é um período histórico especial da sociedade socialista chinesa,
durante o qual o País se livra gradualmente do estado de subdesenvolvimento e
realiza basicamente a modernização socialista.
Por etapa primária do socialismo
se entende, em especial para a China, um país económica e culturalmente
atrasado, com a população, a extensão territorial e as desigualdades que tem,
um período histórico inevitável para a modernização socialista. O
desenvolvimento e a construção do socialismo na China partem dessa constatação.
A contradição entre as crescentes necessidades materiais e culturais do povo e
a produção socioeconómica ainda atrasada persistem como contradição social
importante. Do ponto de vista comparativo com o mundo, somente agora a China
saiu da lista de países de nível baixo de renda para o nível médio, um país de
desenvolvimento tardio, na verdade ainda em desenvolvimento. O país tem muitas
contradições sociais, desníveis na distribuição de renda, desigualdades
regionais, desequilíbrio cidade-campo, que estão na mira do Partido Comunista e
do governo em busca de soluções eficazes.
A ousadia teórica e metodológica
de Deng em 1978 suscitou não poucas controvérsias no interior do Partido
Comunista da China e no movimento comunista internacional. A principal oposição
consistia em afirmar-se que a política de reforma e abertura, modernização, concentração
de esforços no desenvolvimento das forças produtivas levaria à evolução
pacífica do socialismo para o capitalismo. A vida se encarregou de mostrar que
com aquelas políticas de Deng Xiaoping nascia uma economia e uma sociedade
peculiares. Denominado de “socialismo com características chinesas”, este novo
modelo tinha e tem uma essência: o socialismo.
“O que enfrentamos agora é a
contradição entre o desenvolvimento desequilibrado e inadequado e as
necessidades cada vez maiores do povo por uma vida melhor”. (Xi Jinping no 19º
Congresso do Partido Comunista da China, em outubro de 2017)
É com esta consciência que a
direção chinesa enfrenta as novas tarefas da construção do socialismo com
características chinesas na nova era. “O tema do Congresso consiste em
permanecer fiel à missão, erguer bem alto a bandeira do socialismo com
caraterísticas chinesas, vencer decisivamente a construção integral de uma
sociedade moderadamente abastecida, aproveitar a grande vitória do Socialismo
com caraterísticas Chinesas na nova era e lutar consistentemente para
concretizar o sonho chinês da grande revitalização da nação chinesa”. (Xi
Jinping, no 19º Congresso do Partido Comunista da China, em outubro de 2017).
A etapa atual apresenta-se,
assim, como um desenvolvimento ulterior da China, com a meta principal da
revitalização da nação chinesa, o desenvolvimento social, a construção da
potência económica, o reforço da independência e da estabilidade. A construção
económica segue como tarefa central, nos marcos de uma concepção científica e
multilateral de desenvolvimento que é também político, cultural, social e
ecológico.
No transcurso do 70º aniversário
da fundação da Nova China, o povo chinês se prepara para vencer novas e maiores
batalhas, sob o olhar admirado da humanidade.
Resistência
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