domingo, 24 de novembro de 2013

Angola: SAMAKUVA DESOBEDECE À POLÍCIA E PÕE EM RISCO VIDA DE CIDADÃOS

 

 
O líder da UNITA, Isaías Samakuva, ignorou ontem, por completo, os avisos feitos pelo Ministério do Interior e pela Polícia Nacional de que as manifestações de rua punham em risco a vida dos cidadãos e a segurança interna do país. Isaías Samakuva encabeçou uma manifestação de dezenas de pessoas que se concentraram junto ao Cemitério de Santana, em Luanda.
 
Desrespeitando as autoridades, os manifestantes tentaram dirigir-se do cemitério para a Praça 1.º de Maio, e junto ao Mercado dos Congolenses, perante o desrespeito à autoridade, a Polícia Nacional interveio, usando gás lacrimogéneo e tiros para o ar.

A manifestação da UNITA foi proibida durante a noite de sexta-feira pelo Ministério do Interior, que em comunicado justificou a medida com a necessidade de prevenir a eclosão de “factores de conflitualidade perturbadores da ordem, segurança e tranquilidade públicas e até mesmo da segurança interna”. Além da UNITA, também o MPLA se preparava para se manifestar hoje em Luanda, razão pela qual anunciou a proibição das duas manifestações, mas a direcção da UNITA decidiu ignorar tudo isso e preferiu optar pela desobediência e a criação de instabilidade.

Acto no Palácio Presidencial

A Polícia Nacional acusou a UNITA e a CASA-CE de porem em perigo a segurança pública dos cidadãos. Em comunicado distribuído ontem à noite, o Comando Geral declarou que a Polícia Nacional “viu-se obrigada a impedir que as manifestações se realizassem, em ordem à manutenção da segurança pública dos cidadãos”.

O Comando da Polícia refere que um cidadão que invadiu o perímetro de segurança do Palácio Presidencial foi alvejado pela guarnição do Palácio e acabou por falecer no Hospital Josina Machel, 292 pessoas foram detidas e viaturas e material de propaganda apreendido. Os cidadãos detidos foram postos em liberdade, após identificação.

O comunicado explica como ocorreu a morte do cidadão Manuel Ganga: “na madrugada do dia 23, por volta das 01h30, registou-se a violação do perímetro de segurança do Palácio Presidencial, na Rua do Povo, por um grupo da CASA-CE composto por oito elementos, que foi detido quando procedia à afixação indevida de cartazes de propaganda subversiva de carácter ofensivo e injurioso ao Estado e aos seus Dirigentes, tendo os mesmos sido prontamente neutralizados por uma patrulha da Guarnição do Palácio Presidencial, resultado na sua detenção. Durante a transferência do grupo para o Comando da USP, a fim de ser presente ao Oficial de Serviço que os encaminharia para a Polícia Nacional, um dos elementos do grupo, de nome Manuel Hilberto de Carvalho Ganga, incitado pelos seus companheiros, intentou a fuga, saltando da viatura, e em reacção, um efectivo da Guarnição fez um disparo, atingindo o infeliz, que posteriormente veio a falecer no Hospital Maria Pia/Josina Machel, não obstante a pronta assistência médica que lhe foi prestada. O Comando Geral da Polícia Nacional lamenta este infausto incidente.”

Marcha pela estabilidade

Organizações da sociedade civil angolana realizaram ontem em Luanda uma marcha pacífica autorizada pelas autoridades. Com palavras “Paz Sim, Confusão Não”, os participantes na marcha responderam a um apelo da Associação dos Amigos do Bem e da Paz para uma acção em prol da defesa e manutenção da paz e da reconciliação nacional em Angola.

A marcha da sociedade civil, realizada sob o lema “Defesa da Paz, Reconciliação Nacional e Democracia”, partiu do Supermercado Shoprite, na estrada para Viana, e percorreu a Rua dos Comandos, no Município do Cazenga, até ao Marco Histórico dos Heróis de 4 de Fevereiro, onde terminou com discursos e momentos culturais. Com a cor branca como destaque, participaram na marcha várias organizações da sociedade ivil, entre elas agremiações religiosas, entidades tradicionais, zungueiros, estudantes, músicos e pessoas singulares amigas da paz.

“Em Angola já não há lugar para guerra. Vamos trabalhar e fazer uma Angola de orgulho regional e internacional”, diziam em coro os milhares de cidadãos participantes na marcha pela paz. Durante a marcha, foi lembrada a importância da preservação da paz como garantia do bem-estar das famílias angolanas. “Temos uma má lembrança da guerra e ainda hoje sentimos os seus efeitos. Por isso, condenamos todos aqueles que ainda pensam que com a guerra se resolvem os problemas do país”, realçaram as mensagens transmitidas durante o percurso. Os participantes reiteraram o seu apoio às instituições eleitas democraticamente pelo povo, no sentido de se realizar com sucesso “o desejo do povo angolano de paz e democracia”.

Apelo aos partidos políticos

O presidente da Associação dos Amigos do Bem e da Paz, Hélder Balsa, mostrou-se orgulhoso ao ver a grande adesão àquela manifestação pela Paz e Reconciliação Nacional. “Estamos aqui neste Marco Histórico para honrar os nossos compromissos para com Angola e o povo. Vamos lutar para que a paz seja preservada a todo o custo”, salientou o responsável. Hélder Balsa sublinhou que as gerações vindouras merecem uma Angola livre e próspera, acrescentando que cada angolano tem o dever de participar na reconstrução do país. O presidente da Associação dos Amigos da Paz referiu que o grande objectivo da marcha é apelar aos partidos políticos, em particular, e à sociedade civil, em geral, a desenvolver uma conduta cívica e pacífica “para uma Angola de paz e em paz”.

O soba de Belas, Francisco Bernardo, disse ao Jornal de Angola que em Angola já não há espaço para guerra e referiu que tem recordações tristes da guerra. O soba Bernardo apelou à juventude para não se deixar manipular “por quem procura a violência e o desrespeito aos órgãos de soberania”.

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