quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Timor diz ter identificado as pessoas que terão posto escutas nos gabinetes do governo

 


Díli, 10 dez (Lusa) - O ministro do Petróleo de Timor-Leste, Alfredo Pires, disse hoje à agência Lusa que as investigações sobre as acusações de espionagem contra a Austrália identificaram quatro pessoas que terão posto as escutas nos gabinetes do governo timorense.
 
"São quatro as pessoas que identificámos durante as nossas investigações", disse Alfredo Pires contactado por telefone pela agência Lusa.
 
O ministro do Petróleo está atualmente na Austrália em visita de trabalho relacionada com as acusações de espionagem, devendo regressar a Timor-Leste na sexta-feira.
 
"São pessoas que utilizaram um programa de ajuda para ter acesso aos gabinetes do governo", explicou o ministro, acrescentando que as autoridades timorenses não sabem se aqueles indivíduos, três homens e uma mulher, trabalhavam ou não como cooperantes para a agência de cooperação australiana, AUSAID.
 
A revelação feita por Alfredo Pires ocorre numa altura em que a imprensa australiana, políticos e analistas debatem a utilização dos programas de ajuda humanitária pela secreta australiana.
 
"Obviamente que não é bom para agências de ajuda e para as relações de confiança necessárias para um programa de ajuda", afirmou Stephen Howes, diretor do Centro de Políticas de Desenvolvimento da Universidade Nacional da Austrália, citado no jornal Sydney Herald Morning.
 
Também um antigo membro da inteligência militar australiana, Clinton Fernandes, agora a trabalhar na Universidade New South Wales, afirmou que é necessário fazer um inquérito.
 
"A utilização de um programa de ajuda para facilitar espionagem, se for verdade, é tão grave que a pessoa responsável deve apresentar demissão", disse.
 
Segundo a imprensa australiana, a secreta australiana afirmou que a operação foi autorizada pelo antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Alexander Downer, que também recusou comentar assuntos relacionados com os serviços secretos.
 
Na terça-feira, a secreta australiana fez uma rusga ao escritório do advogado que representa Timor-Leste, tendo confiscado vários ficheiros eletrónicos e documentos, e apreendeu também o passaporte a um antigo espião, que é uma testemunha chave do processo.
 
Timor-Leste acusou formalmente junto do tribunal arbitral de Haia, a Austrália de espionagem quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos no Mar de Timor, em 2004.
 
Com a arbitragem internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim negociar a limitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os proveitos da exploração do Greater Sunrise, que vale biliões de dólares.
 
MSE // FV - Lusa
 

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