O ativista e
opositor político da Guiné Equatorial Juan Tomás Avila afirmou hoje em Lisboa
que não existem estruturas de ensino do português por decisão do Presidente
Teodore Obiang, que "não tem nenhum interesse" em que a população
fale outras línguas.
"Na Guiné
Equatorial não se vai falar português. Possivelmente há alguém que saiba
português, pelos estudos que tem, mas os guineenses não vão falar português
porque nunca os ensinaram", disse, comentando as promessas de ensino do
português feitas pelo Governo de Malabo e que sustentaram o parecer favorável
dos chefes da diplomacia lusófona à entrada do país na Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP), juntamente com a moratória à pena de morte.
E isto "porque
Obiang não vai pôr a infraestrutura" para que o povo aprenda o português,
disse o ativista, recordando que esta decisão do país em aderir à lusofonia é
semelhante ao que se passou com a francofonia, organização à qual o país aderiu
no passado.
"O mesmo se
passou com a língua francesa, que nós não falamos porque Obiang não tem nenhum
interesse com nenhuma língua, nem com o saber", afirmou o ativista
equato-guineense, que lamentou o desconhecimento que Portugal tem em relação ao
seu país.
"Obiang não
tem nenhum interesse que as crianças tenham acesso à educação", explicou o
ativista, que disse desconhecer a presença de professores de português no país.
A Guiné Equatorial,
que verá a sua candidatura à CPLP ser analisada na cimeira de julho, em Díli, é
um dos maiores produtores de petróleo de África e é considerada um dos regimes
mais fechados do mundo por organizações de direitos humanos.
Na sua intervenção,
Juan Avila falou sobre vários casos de execuções extrajudiciais,
responsabilizando o regime, e denunciou situações de tortura sobre opositores.
"Obiang é um
ditador, está isolado e constantemente quer entrar em organismos onde pode
exibir o seu poderio económico", salientou o ativista, que denunciou
também as diferenças existentes num país que tem o maior rendimento per capita
de África mas onde, na capital, Malabo, "não há água potável" e as
"pessoas vivem em péssimas condições".
Por outro lado, a
Guiné Equatorial "é o país menos visitado do mundo", com seis mil
turistas por ano, porque "Obiang não quer lá visitas".
"A questão da
pena de morte" é "apenas uma questão política" porque o regime
"mata de outros modos", salientou.
Lusa, em RTP
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