domingo, 13 de abril de 2014

Angola-Portugal: TVI NÃO ASSUME QUE LAVA MAIS BRANCO



Folha 8 - 29 março 2014

O propósito das mais recentes reporta­gens que a portugue­sa TVI fez sobre Angola, o Folha 8 colocou a José Al­berto Carvalho, Director de Informação, algumas questões. “Não é verda­de”, foi a resposta dada a todas elas.

Vejamos. É ou não verda­de que a equipa da TVI, liderada pelo Jornalista Victor Bandarra, teve o apoio logístico (viaturas e motorista) do Jornal de Angola/Edições Novem­bro? É ou não verdade que a TVI contou para a realização dessas reporta­gens com outros apoios, institucionais e logísticos, de empresas entidades afectas ao Governo? É ou não verdade que essas re­portagens resultaram de um convite do Director do Jornal de Angola/Edi­ções Novembro? É ou não verdade que existe um acordo com o Jornal de Angola/Edições Novem­bro para um futuro inter­câmbio informativo?

Factos. “O mais-velho Garcia”, como é apelidado na reportagem o motoris­ta que transportou a equi­pa da TVI, é motorista das Edições Novembro/Jornal de Angola na área da Ad­ministração servindo o seu PCA, José Ribeiro.

A viatura (que aparece na reportagem, conduzida por Garcia), um Toyota Land Cruiser V8 e é o an­tigo carro do Director-Ge­ral, agora PCA, José Ribei­ro. O outro Land Cruiser de cor branca que aparece ao lado do V8 é o mesmo tipo de modelo que o Jor­nal de Angola usa como carro de reportagem.

As imagens são inequívo­cas, a não ser que o mo­torista se tenha demitido e a viatura tenha sido ofe­recida ao motorista, pelo que o peremptório “não é verdade” de José Alberto Carvalho pode revelar que ele pura e simplesmente mente ou desconhece a verdade. Isto para além de uma prévia declaração de interesses que Víctor Ban­darra deveria fazer, por­quanto em 2011 o Jornal de Angola contratou Víctor Bandarra para palestrante numa conferência sobre, e citamos, “O Funciona­mento da Redacção”.

Este caso, bem como o teor das reportagens que foram emitidas em horário nobre da TVI, explicam o tom muito “Alice no País das Maravilhas” com que Víctor Bandarra mostra uma Angola que, ape­sar de se estar a desenvolver, não é aquela que este descre­ve, onde a pobreza… existe mas não se mostra, porque é mesmo só os “Novos Cami­nhos de Angola”.

Víctor Bandarra poderá sempre contar com mais palestras nas Edições No­vembro e no Jornal de Angola se continuar neste jornalismo de publi-repor­tagem, com o suporte da Direcção de Informação, que de informada ou não está nada, ou por simples­mente ter poupado uns milhares devido ao alto patrocínio de José Ribeiro, dos carros do jornal, do seu motorista e quem sabe de umas lagostas na via­gem. Mas, de facto, quem paga é o cidadão porque o Jornal de Angola vive de dinheiro do Estado, logo vive do dinheiro público.

E como uma mão lava a outra e o dinheiro lava a cara, já ninguém na TVI tem memória para se re­cordar que, em Outubro do ano passado, o Jornal de Angola atacou forte e feio a TVI, acusando os seus jornalistas de serem analfabetos, virando todas as baterias para José Al­berto Carvalho (director de informação) e Judite Sousa (directora-adjunta], tratando-a como a “segun­da dama de Seara”.

Nesse texto sobre a “fuga dos escriturários”, o nosso diz que a “TVI apresentou num dos seus noticiários o Jornal de Angola como ‘a voz oficial do regime an­golano’”. Mostrando ser um paradigma do que de mais nobre, puro e hono­rável existe no jornalismo moderno, o jornal de José Ribeiro, Artur Queiroz e companhia, escreveu que “a TVI é a voz oficial da dona Rosita (Rosa Cullell, administradora delegada da Media Capital, dona da TVI) dos espanhóis” ou, em alternativa, “voz do conde Pais do Amaral, então presidente do Con­selho de Administração da Media Capital“.

Mas há mais. “A TVI é a voz oficial de José Alberto Car­valho, que a jornalista Ma­nuela Moura Guedes tratou por Zé Beto e apodou de burro”; “o canal de televisão é a voz oficial da segunda dama de Seara, inesperada­mente apeada de primeira dama de Sintra”.

Com este cenário, com a reacção do órgão oficial do regime, sendo o nosso país um mercado apetito­so pelo dinheiro marginal que tem, pelos caixotes diplomáticos cheios de dólares que aterram em Lisboa, pelos avultados investimentos que faz nas lavandarias portuguesas, a TVI do – citemos o Jornal de Angola - “escriturário” José Alberto Carvalho e da “ex-primeira dama de Sin­tra”, tinha de fazer alguma coisa, engrossando a sabu­jice lusa.

E quem melhor do que Victor Bandarra, um jor­nalista amigo do presi­dente do Conselho de Ad­ministração das Edições Novembro, e director do Jornal de Angola, António José Ribeiro, para lavar a imagem do regime e, des­sa forma, sanar as diver­gências entre os “escritu­rários” de Queluz de Baixo e os crónicos candidatos ao Prémio Pulitzer?

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