Pedro
Tadeu – Diário de Notícias, opinião
Uma
data de campeões da luta pela liberdade de imprensa trucidaram PS, PSD e CDS
por terem cozinhado um esboço ridículo para uma lei estúpida, vilmente
antidemocrática, na qual se previa um visto prévio do Estado ao plano de
cobertura das televisões, rádios e jornais às campanhas eleitorais. Das
palmadas dadas a Inês de Medeiros, Carlos Abreu Amorim e Telmo Monteiro só
tenho pena daquelas que erraram o alvo. Bem feito!
Não
vi, porém, nenhum desses jornalistas, tão corajosos a denunciar o putativo ato
censório, protestar contra uma posição expressa, dizem repetidas notícias não
desmentidas, pela Plataforma de Meios Privados: se a lei avançasse, televisões,
rádios e jornais dessa associação patronal, em que se encontra o grupo de media
que me paga o salário, não dariam notícias sobre a próxima campanha
eleitoral...
O
quê?! SIC, TVI, TSF, Rádio Renascença, Expresso, Diário de Notícias, Jornal de
Notícias, Público e Correio da Manhã, por ordem dos seus patrões, deixariam de
cobrir um ato eleitoral nacional?!
Os
donos dos media, em nome da defesa da liberdade editorial, recusariam noticiar
a candidatura de centenas de milhares de cidadãos a cargos públicos do Estado?
Recusariam informar o povo sobre a única forma institucional que ele tem para
definir o destino do seu governo? Isto é sensato? É democrático?...
Pinto
Balsemão, Proença de Carvalho, Pais do Amaral, Paulo Azevedo, Paulo Fernandes,
o patriarcado, patrões e líderes das administrações destes grupos de media,
pensam assim? É a multa de 50 mil euros que os empurra para uma espécie de
greve selvagem? Custa-me a crer. Terá sido uma reação "a quente" de
Luís Nazaré, o diretor da Plataforma de Meios, que não foi devidamente
avaliada?...
Alcides
Vieira, Sérgio Figueiredo, Paulo Baldaia, Graça Franco, Ricardo Costa, André
Macedo, Afonso Camões, Bárbara Reis e Otávio Ribeiro, os diretores dos órgãos
de comunicação social envolvidos, obedeceriam a uma ordem administrativa,
patronal, de censura às eleições? Certamente que não, felizmente. E os
Conselhos de Redação destes órgãos? Ficariam calados? Também não, estou certo.
Na
semana passada faltou a crítica a esta visão, tão míope sobre a vida de uma
sociedade democrática quanto a dos deputados que queriam ressuscitar a censura
prévia. É pena, tinha-nos ficado bem.
Agora,
por outro lado, já que estamos mais calmos, não devíamos discutir o serviço que
prestamos nas campanhas eleitorais para torná-lo, simplesmente,
jornalisticamente entusiasmante, útil e exemplar? Isto sim, seria uma bofetada
inteligente nos políticos patetas e um tiro certeiro contra as limitações à
liber-dade que sempre nos ameaçam e sempre nos ameaçarão.
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