O
que dizem os gestos dos principais intervenientes no caso BES? Estarão eles a
dizer a verdade? Um especialista em linguagem gestual desvenda o significado de
algumas reações.
Embora
salientem que o método não é isento de ceticismo, a forma como os principais
protagonistas do caso mais mediático da banca portuguesa agiram pode revelar
mais do que aquilo que disseram.
Ora
vejamos.
Ricardo
Salgado. Um gesto comum que fez enquanto era interrogado consistia em
colocar a mão à frente da boca. Para Rui Magalhão isso denota que o ex-diretor
executivo do BES “sabe mais do que está disposto a dizer”. O banqueiro chegou a
colocar as mãos às frentes dos olhos e a coçar-se. O primeiro gesto pode
indiciar que não gosta daquilo que está a ouvir, enquanto o segundo gesto
consiste “numa instrução cerebral enviada para o corpo na tentativa de nos
acalmarmos”.
José
Maria Ricciardi. Uma das principais atitudes de Ricciardi, desde o início,
foi tentar distanciar-se da restante família para provar a sua inocência nos
negócios da família. Na comissão chegou a afirmá-lo de dedo em riste, dando
“autoridade às suas afirmações”.
Álvaro
Sobrinho. Durante as suas respostas, comunicou muitas vezes com as
sobrancelhas. Ao ser interrogado sobre o financiamento de 5.700 milhões do BES
ao BES Angola, as assimetrias nas sobrancelhas de Álvaro Sobrinho indicam
possíveis omissões. Este pode ser um sinal “de que não se quer expor”.
Zeinal
Bava. Segundo Rui Mergulhão Mendes, o presidente executivo do BES
demonstrou por diversas vezes stress e desconforto. Fê-lo ao ventilar, ao
bloquear a boca e os olhos, dando também conta de que sabe mais do que está a
dizer ou que não está a gostar do que vê.
Henrique
Granadeiro. Quando questionado sobre o investimento de cerca de 900
milhões de euros da PT na Rio Forte (GES), apresentou uma expressão de aversão,
patente do seu desprezo face ao tema. Houve outros momentos em que se percebeu
que tentava ganhar tempo para processar uma resposta, o que denota insegurança.
Carlos
Costa. Quando interrogado sobre o relatório do Banco de Portugal emitido
antes do colapso do BES, levantou as pálpebras e enrugou a testa. Significado?
Medo.
Maria
Luís Albuquerque. Ao falar sobre a continuidade em funções de Ricardo
Salgado, tocou-se na zona jugular, zona rica em extremidades nervosas e em que
tocamos para nos acalmar. Sinal de que a ministra das Finanças poderia estar
insegura ou desconfortável. Já quando foi confrontada com o facto de ter dito
que o banco não estava em risco, a ministra levantou as mãos como quem avisa
‘não vou deixar o assunto avançar mais’.
Paulo
Portas. Bloqueios de ouvidos, da boca e toques no nariz denotam embaraço
em relação à decisão do Governo em avançar com a intervenção no BES. Já quando
é questionado sobre os submarinos, assume uma postura agressiva como se
quisesse que o deputado José Magalhães se calasse.
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