quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SEQUESTRADORES EXIGEM RESGATE PELA PORTUGUESA RAPTADA EM MAPUTO

 

Cristina Sambado - RTP
 
Os raptores da cidadã portuguesa que foi raptada na passada terça-feira em Matola, uma cidade satélite da capital moçambicana, entraram em contacto com pessoas próximas da gestora financeira para pedir um valor - não revelado - pela sua libertação. Em Moçambique residem cerca de 32 mil portugueses que têm manifestado preocupações face à onda de raptos que tem assolado as principais cidades do país.
 
A cidadã portuguesa, de cerca de 40 anos, nasceu em Moçambique e é administradora de uma empresa local. Foi sequestrada no passado dia 5 de novembro por homens armados no interior da empresa onde trabalha.

Igualmente em cativeiro encontram-se mais dois portugueses – um adolescente e um adulto-, raptados há mais de uma semana. Já em julho um empresário português foi raptado e libertado um mês depois. Nos últimos meses, quatro cidadãos portugueses foram raptados em Moçambique e só o primeiro (raptado em julho) foi libertado.

Em declarações à Antena 1, o embaixador de Portugal em Maputo revelou que as autoridades portuguesas estão a acompanhar a situação e que estão a ser assegurados todos os esforços para conseguir a rápida libertação dos três cidadãos portugueses e que o principal objetivo é conseguir resgatá-los em segurança.

“As pessoas resgatadas estão em contacto com familiares ou interlocutores e o que nós desejamos é que a situação termine o mais rapidamente possível, respeitando a integridade física dos nossos compatriotas que estão raptados. Desenvolveremos, seguramente, todos os esforços que estão ao nosso alcance para assegurar que isso assim será feito”, frisou José Augusto Duarte.

Motorista raptado por engano

Um motorista foi hoje raptado no distrito de Boane, província de Maputo, por ter sido confundido com o dono de uma loja de vendas de viaturas usadas na capital moçambicana. Os supostos raptores, após descobrirem que tinham falhado a sua ação, abandonaram a vítima.

Segundo o jornal moçambicano Notícias, o jornal de maior circulação no país, quatro polícias são suspeitos de envolvimento do rapto do motorista. Dois dos agentes, incluindo o alegado líder da quadrilha, estão detidos e os outros dois estão a monte.

O Notícias acrescenta que o alegado chefe da quadrilha é igualmente suspeito de ter passado informações a outros grupos de criminosos que se têm dedicado aos raptos nos últimos dois anos sobre as investigações policiais em torno destes crimes.

Já na passada semana, em Maputo, três polícias foram condenados a 16 anos de prisão por envolvimento na onda de raptos que se vive nas principais cidades moçambicanas nos últimos dois anos.

O assassínio de uma criança por um grupo de sequestradores na Cidade da Beira é imputado a uma fuga de informação na polícia, uma vez que a mãe da vítima comunicou às autoridades policias o local onde iria pagar o resgate.

32 mil portugueses registados

Segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros, estão inscritos nos consulados-gerais de Maputo e da Beira cerca de 32 mil portugueses, dos quais cerca de dez mil são expatriados.

No consulado-geral de Maputo, que tem a jurisdição das três províncias moçambicanas do sul (Gaza, Inhambane e Maputo) estão registados como residentes no cerca de 20 mil portugueses.

No entanto, nos últimos dias o consulado de Maputo tem registado um fluxo anormal de inscrições de cidadãos portugueses.

Em declarações à Antena 1, o embaixador de Portugal em Moçambique considera que, “com o clima de ansiedade que se vive, é normal” um maior fluxo de inscrições consulares.

“Está a haver uma adesão maior do que aquilo que tem sido comum. Mas não há propriamente bichas de pessoas. Não há um afluxo esmagador”, assinalou José Augusto Duarte.

Escola Portuguesa perde alunos

Cerca de 40 alunos dos 1.600 que frequentam a Escola Portuguesa de Maputo pediram transferência desde o início do ano letivo, em setembro.

Diana Trigo de Meira, diretora a EPM, afirmou à agência Lusa que “a maioria dos alunos que desistiram terá regressado a Portugal”, não descartando a possibilidade “de ter havido transferências para outros estabelecimentos de ensino da capital ou do país”.

A Escola Portuguesa de Maputo tem cerca de 1.600 alunos, de 14 nacionalidades, que frequentam o estabelecimento de ensino desde o pré-escolar ao 12.º ano.

José Cesário, secretário de Estado das Comunidades, afirmou à Lusa que está convencido que a retirada de alunos da EPM é transitória.

“Nós compreendemos que algumas pessoas tenham neste momento receio relativamente à segurança dos seus familiares, mas estamos convencidos que estes alunos que agora saíram rapidamente voltarão a Moçambique”, declarou.

Para José Cesário, “a situação vai acabar por voltar à normalidade, já que os portugueses estão muito bem integrados e têm excelentes relações com as populações e com as autoridades locais”.

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