quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

CPLP "otimista" sobre eleições na Guiné-Bissau - secretário-executivo

 


Lisboa, 09 jan (Lusa) - O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) manifestou-se hoje "otimista" quanto à realização de eleições gerais na Guiné-Bissau em 16 de março, mas alertou para a necessidade de evitar novos golpes de Estado.
 
Murade Murargy disse hoje à agência Lusa que organizações internacionais a atuar no terreno garantem que as eleições para escolher um governo na Guiné-Bissau, que vive desde abril de 2012 um período de transição após o golpe de Estado, se realizarão, como previsto, a 16 de março, apesar de as autoridades guineenses terem adiado o prazo para o recenseamento eleitoral.
 
"Eu sou sempre uma pessoa otimista. Temos uma data, que é 16 de março, e eu acho que vamos cumpri-la. Ontem [quarta-feira] conversei com o representante especial das Nações Unidas, que está em Timor, e também com o representante da União Africana, e todos me garantiram que, apesar de todos os problemas que vão encontrar pelo caminho, as eleições vão ter lugar naquela data que está prevista", declarou, à margem da cerimónia de assinatura de um protocolo entre a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), em Lisboa.
 
Sobre o resultado das eleições, Murade Murargy afirmou que a expectativa é que seja eleito "um governo legítimo, que seja reconhecido por todos".
 
"É evidente que temos de tomar todas as precauções necessárias para que depois das eleições não haja de novo um outro golpe de Estado. Não digo que esta seja a última chance, mas é efetivamente uma grande oportunidade que o povo guineense tem para mais uma vez ter o controlo do seu país nas suas próprias mãos", defendeu.
 
O secretário executivo da CPLP lembrou que a organização acaba de designar "um representante especial para a Guiné-Bissau", que vai garantir informação "sobre o desenvolvimento do processo".
 
Questionado sobre se a nomeação do brasileiro Carlos Alves Moura para esta tarefa pode ser um sinal de algum reconhecimento pela CPLP do regime em vigor na Guiné-Bissau -- que não foi reconhecido pela União Europeia nem por Portugal -, Murade Murargy negou.
 
"Não se trata de reconhecimento ou não, trata-se de uma obrigação que a CPLP tem para com um Estado-membro. Essa é a nossa missão: não podemos deixar um Estado-membro abandonado. A presença do representante especial lá é precisamente para contribuir para que a normalidade na Guiné-Bissau volte de novo", referiu.
 
Sobre o que poderá ser feito para evitar outro golpe de Estado, o secretário executivo da CPLP disse que nada está ainda definido, mas que as organizações internacionais vão articular-se nesse sentido.
 
"Estamos a trabalhar com as outras organizações internacionais para ver que medidas podem ser mais viáveis para que o processo eleitoral se desenvolva num clima de paz e tranquilidade. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, que é presidente da CPLP, vai trabalhar com o seu homólogo da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] e das Nações Unidas e União Africana, com vista a encontrar o mecanismo para garantir que o processo eleitoral decorrerá da melhor forma possível", afirmou.
 
Questionado sobre se também está otimista quanto ao regresso das ligações aéreas entre Lisboa e Bissau, suspensas no final de dezembro pela TAP após o embarque de 74 passageiros sírios, forçado pelo ministro do Interior do governo de transição guineense, Murargy disse esperar que a companhia aérea portuguesa encontre uma solução.
 
"Espero que a TAP e que Portugal e a Guiné-Bissau encontrem uma solução definitiva para o problema, que está a prejudicar muita gente. Espero que a TAP também analise bem a situação e encontre uma saída de forma a retomar os voos".
 
JH // JMR - Lusa
 

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