segunda-feira, 21 de julho de 2014

Guiné Equatorial: Advogado crítico do governo e da justiça vem a Portugal




O advogado da Guiné-Equatorial Ponciano Mbomio Nvó vai estar em Portugal, a convite da Amnistia Internacional, entre segunda e quarta-feira, dia em que o país africano deverá aderir à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

De acordo com a agenda enviada à Lusa pela Secção Portuguesa da Amnistia Internacional, Ponciano Mbomio Nvó vai encontrar-se com todos os partidos com assento parlamentar na Assembleia da República, à exceção do CDS-PP: na segunda-feira, com Partido Ecologista Os Verdes, o Bloco de Esquerda e na terça-feira, com PCP, PSD e PS.

No primeiro dia da visita a Lisboa, o advogado, que exerce desde 1992, será também recebido pela bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga.

Na terça-feira, o também professor vai reunir-se com “organizações não-governamentais e personalidades da sociedade civil” na sede da Amnistia Internacional em Portugal e, depois, dará uma conferência de imprensa sobre a situação de direitos humanos na Guiné Equatorial.

Na quarta-feira, dia em que os chefes de Estado e de Governo reunidos em cimeira na capital de Timor-Leste deverão aprovar a entrada da Guiné Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Ponciano Mbomio Nvó vai deslocar-se ao Porto, onde proferirá uma conferência, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.

Doutorado em Direito, Ponciano Mbomio Nvó interveio em julgamentos de opositores políticos e de alegados crimes de corrupção na Guiné Equatorial, tendo ainda defendido várias pessoas identificadas como prisioneiros de consciência pela Amnistia Internacional.

“Levo mais de 20 anos na profissão de advogado, tenho gabinetes em Bata e em Malabo e tenho trabalhado com presos de consciência”, afirmou à Lusa Ponciano Mbomio Nvó, entrevistado recentemente em Malabo.

O advogado foi suspenso em duas ocasiões pelo órgão que tutela a classe, a última das quais em 2012, por alegada má conduta no julgamento do opositor político Wenceslao Mansogo Alo, considerado prisoneiro de consciência pela Amnistia Internacional.

“Decidiram suspender-me porque sabiam que iria ganhar a contestação”, realçou Ponciano, apresentando-se como “advogado de causas”. Recusando qualquer “carimbo partidário”, frisou: “Sou advogado e defendo a lei, não partidos.”

Crítico do governo e da justiça, nomeadamente da independência das instituições judiciais, do seu país, Ponciano Nvó é hoje, ele próprio,um dos oito prisioneiros políticos e de consciência da Guiné Equatorial identificados pela Amnistia Internacional, que contestou a sua suspensão de funções, por a considerar “arbitrária e politicamente motivada”.

Lusa, em Sapo TL 

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