segunda-feira, 7 de abril de 2014

Timor precisa de renovação, mas ainda não há figura consensual - bispo de Baucau




O bispo de Baucau, Basílio do Nascimento, defendeu hoje que é necessária uma renovação na classe política timorense, mas é preciso "fazê-lo com cuidado", porque que na nova geração ainda não surge uma figura de consenso.

"Na geração nova, neste momento, ainda não aparece uma figura que crie consensos. Há-as, evidentemente, mas ainda não se impuseram de forma que a gente olhe e diga, se um dia Xanana desaparecer, pelo menos podemos fazer confiança neste", disse.

Em entrevista à Lusa em Lisboa, onde esteve após uma visita à Santa Sé, o bispo timorense reconheceu que o seu desejo de uma renovação de gerações na política do seu país esbarra na ausência de personalidades com as características necessárias para assumir o poder.

Questionado sobre se o anúncio do primeiro-ministro, Xanana Gusmão, de que abandonará o cargo ainda este ano, pode dar início a esse processo de renovação, Basílio do Nascimento reconheceu que "há figuras facilmente substituíveis e outras que não".

"Neste momento goste-se ou não do Xanana, ele continua a ser uma figura carismática e uma pessoa de consenso. Quando ele intervém, as suas decisões são acatadas e ele é ouvido", afirmou, reconhecendo que a questão que surge quando se fala na sucessão de Xanana é: "quem?".

O bispo de Baucau afirmou que o presidente da República, Taur Matan Ruak, é uma personalidade que, "a nível carismático, será capaz de segurar o país".

"É muito bem aceite, uma pessoa muito serena, não é tão espaventoso como o primeiro-ministro Xanana, não é uma figura tão imponente, mas Taur, na sua maneira de pensar as coisas, é uma pessoa que segura o país", afirmou, admitindo no entanto ter dúvidas de que presidente queira assumir a chefia do Governo.

Recordou que a própria Fretilin "anda à procura de renovação" e afirmou que os restantes partidos "não parece que tenham assim muita audiência da parte da nação".

"É necessário renovar-se. É necessário fazê-lo com cuidado", concluiu Basílio do Nascimento, afirmando que os chefes históricos do país -- Xanana Gusmão, Ramos Horta ou Mari Alkatiri - têm uma preocupação: "Nós estamos a passar o Cabo da Boa Esperança, mas a quem vamos entregar o leme?".

"Todo o país tem consciência disso. O facto destes históricos terem consciência disso parece-me extremamente positivo, mas também cabe aos novos mostrarem-se", disse ainda o bispo.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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