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BAJULEM,
O RIDÍCULO NÃO MATA
William
Tonet – Folha 8, 30 agosto 2014
O
cidadão Eduardo fez, no 28 de Agosto de 2014, 72 anos de idade. Parabéns compatriota,
falta pouco, muito pouco, para atingir um século, melhor 100 anos, até lá a
poltroneria dos dirigentes do MPLA, manter-se-á inalterável, na defesa das
mordomias concedidas enquanto denominado arquitecto da paz.
Neste
ano, houve tudo. Todos os excessos impensados em democracia, perdão, o
regabofe assemelhou-se ao de uma qualquer militarizada ditadura… China, Cuba e
Coreia do Norte estão à mão de semear…
O
partido no poder, perdão o Titular do Poder Executivo, único poder real em
Angola é, constitucionalmente, uma figura única no mundo, e ele pode mesmo.
Mobiliza
o Estado, abre os cordões à sua bolsa para toda a espécie de bajulação,
distribui gasosas e multiplica “Maratonas” incitando o mwangolé a consumir
exageradas doses de bebidas alcoólicas e, na euforia causada pela bebedeira
generalizada, não só do corpo, mas também da mente, diz que tem 5 milhões de
militantes!
Actualmente
nem um milhão, ideologicamente, comprometidos consegue identificar, pese a
palhaçada de apresentar, regularmente, desertores fantoches de outras forças
da oposição!
Parabéns
Presidente pelo mérito de ter descaracterizado ideologicamente o MPLA
transformando-o na maior central de emprego de Angola.
Juro
ter pensado, ingenuamente, que aos 72 anos de idade, o Presidente da República
dos angolanos do MPLA, pudesse atirar a tolha partidária ao chão e elevar-se ao
pedestal de Presidente de todos os angolanos, abrindo as grilhetas da discriminação
e neocolonização a que a maioria dos autóctones está votada.
Ledo
engano.
Eduardo
continua igual a si mesmo, avesso a uma visão de Estado, porque próximo da
partidocracia e distante da tolerância, contenção, respeito pela diferença e
conciliação. Ao obrigar uma legião de generais das FAA, economicamente
“untados” a fazerem uma vénia bajuladora ao comandante-em-chefe, no seu
aniversário, vulgarizou a instituição, transformando-a num apêndice do
Titular do Poder Executivo, quando se deveriam assumir como Forças Armadas do
Estado, forças republicanas, alérgicas a manipulação política de qualquer
espécie.
Mas
aos 72 anos de idade, quando se esperava mais contenção verbal, nos elogios ao
aniversariante, a pomposidade saloia excedeu todos os limites do bom senso,
mesmo, acredito e digo eu, no seio do próprio MPLA. O que os órgãos públicos de
comunicação social e os do monopólio fizeram atingiu índices abjectos.
O
temor em se ouvir opiniões diferentes e realistas levou a censura e, assim,
assistimos o velho e esfarrapado monólogo dos angolanos do MPLA.
Parabéns
JES pela confirmação de abominar a maioria dos angolanos, fundamentalmente, os
que não pensem com a sua cabeça, numa também clara demonstração de combater a
competência e promover a incompetência, para tornar o espectro de apoio cada
vez mais submisso.
Acredite
camarada Presidente, esperava, como antigo militante do MPLA, que aos 72 anos
de idade, fosse condenar a excessiva centralização de poder e a falta de
democracia interna, visando libertar o partido da ideia de só ter um ser
pensante, como se os alegados 5 milhões de militantes, não tivessem massa
cinzenta.
Nessa
idade seria interessante, autorizar a abertura dos arquivos secretos do MPLA,
constituindo uma CRI - Comissão de Reconciliação Interna, para se aferir como
foram assassinados Hoji ya Henda, Deolinda Rodrigues, Comandante Paganini, na
Frente Leste, Virgílio Sotto Mayor, no ex-Campo da Revolução, Comandante Jika,
em Cabinda, a Crise de 1964,
a Revolta Activa, a Rebelião da Jiboia, o Congresso de
Lusaka, o golpe ao primeiro presidente do MPLA, democraticamente eleito,
Daniel Júlio Chipenda, o 27 de Maio e os hediondos assassinatos, as crises com
Lopo do Nascimento, Alexandre Rodrigues “Kito”, João Lourenço, Marcolino
Moco, entre outros. Quem não consegue reconciliar a sua casa, dificilmente
conseguirá o País, por mais que se lhe outorgue o título de arquitecto.
Queria
felicitá-lo efusivamente, aos 72 anos ouvindo um discurso de aproximação aos
adversários políticos, abrindo o país para um Encontro Reconciliatório, com todos
actores partidários e da sociedade civil, capaz de se assinar um Pacto de
Regime, para permitir uma transição pacífica e com garantias. Não o fez, acreditando
numa paz podre, assente na ponta das armas, como garantia.
Sobre
a Educação, nem uma palavra, por ser um sistema votado aos pobres, onde apenas
se quer a bestialização e a burrice dos alunos, uma vez os filhos dos dirigentes,
por não acreditarem no sistema, estudarem no exterior ou em escolas
estrangeiras no país. É confrangedor acreditar que apadrinha propinas que vão
dos USD 3500,00 à 15.000,00 (quinze mil dólares mês), cobrados por colégios
estrangeiros, que não se subjugam sequer ao ano escolar de Angola.
O
Ensino Superior é uma lástima, por falta de capacidade técnica profissional
do seu titular, que pouco percebe de gestão académica. Uma vergonha, tal como
o Sistema Nacional de Saúde, desacreditado, sem capacidade de receber, sequer
um simples dirigente ou mesmo o Presidente da República, aos 72 anos de idade
e com 33 anos de poder, para uma simples consulta de dor de cabeça. Nenhum
governante em Angola, ousa dirigir-se a um hospital público, tal como fazia
Nelson Mandela.
O
sistema de Justiça continua amordaçado e submisso a vontade de um homem,
descaracterizando a soberania que lhe é inerente constitucionalmente.
Perante
este cenário, motivado pelos fiascos do Kilamba, do Porto Seco, do Nosso-Super
e, mais recentemente, a “cratera não vulcânica”, mas de desaparecimento de
kumbú, do BESA, o Regime JES/MPLA sentiu que era imprescindível aumentar a
dose de bajulação e a estratégia encontrada prima pela simplicidade: «Dá-se
primeiro a impressão de que não bajulamos, até uns 15 dias ou três semanas antes
da data do aniversário do chefe, mas aí chegados, começamos e vamos arrasar!
É
o que está a acontecer e não precisamos de dar exemplos, pois a praga
bajulatória é generalizada, com uma TPA no máximo do seu fulgor a homenagear o
presidente, ousamos dizê-lo, centenas de vezes por dia! Não há um único programa
que não contenha uma, várias ou seja totalmente consagrado à alegada
felicidade de Angola ter um homem de craveira mundial a dirigir o país, quando
o que acontece é termos um engenheiro que de política apenas conhece as artimanhas
(e nisso ele é exímio) e lê discursos feitos por especialistas cujo teor por
vezes lhe escapa e, quando isso acontece, lá sai mais uma ou outra bacorada,
entre as muitas que ele debita, destinadas a virem a ser históricas e quase
sempre humilhantes para a sua pessoa. Um milhão de casas continuam aí, tal
como a Constituição “jessiana” atípica.
Parabéns
Presidente, deste “chefe indígena” discriminado pelo seu regime, cada vez
mais colado aos métodos da ditadura assassina norte-coreana.
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