O
Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama,
reúnem-se hoje em Maputo, num encontro que deverá marcar um ponto de viragem no
actual ambiente político nacional.
Mais
do que um encontro entre duas figuras incontornáveis na história de Moçambique,
os moçambicanos esperam que neste encontro, Armando Guebuza e Afonso Dhlakama
coloquem os pontos nos “is” no acordo político assinado no Centro de
Conferências Joaquim Chissano, sobre o qual assenta o grosso da esperança num
futuro de paz efectiva para o país.
A
prevista homologação desse acordo político, ao abrigo do qual cessaram as
hostilidades que nalgum momento condicionaram o normal funcionamento da
sociedade moçambicana, será um importante aceno à Democracia, e mais um sinal
inequívoco da vontade dos moçambicanos de deixar para trás o espectro de
desconfiança entre si, e partir para a consolidação do Estado de Direito
Democrático, cujo edifício se vem construído ao longo das últimas décadas.
Na
verdade, o primeiro grande sinal dessa vontade foi dado, na semana passada, com
a assinatura do acordo, marcando o fim de uma maratona de diálogo político que
se estendeu em mais de setenta rondas negociais, cada uma marcada por
características singulares, que exigiram de parte a parte, um grande espírito
de abertura, compreensão, maturidade política e, sobretudo, elevado sentido patriótico.
Os
moçambicanos já sofreram imenso devido à guerra e conhecem os horrores de que
ela é capaz. Esse há-de ter sido, a nosso ver, um dos factores que pesou para
que, apesar das diferenças de opinião e de pontos de vista, que muitas vezes
vieram à superfície ao longo do diálogo na “Joaquim Chissano”, as duas partes
privilegiassem a potenciação daqueles aspectos sobre os quais há convergência,
o que rapidamente resultou na aproximação de todas as restantes posições a
ponto de se ter alcançado o acordo.
O
encontro que hoje tem lugar em Maputo deve ser uma espécie de “cereja no topo
do bolo”, um gesto político de grande relevância, e que entendemos ser próprio
de uma sociedades como a nossa, com uma inquestionável pré-disposição de viver
em paz e harmonia social.
A
expectativa dos moçambicanos é que o encontro entre o Chefe do Estado e o líder
da Renamo seja mais um motivo de orgulho para os moçambicanos, não apenas pelo
aparato político que ele implica, mas pelos resultados práticos que ele vai
produzir para o futuro de Moçambique.
O
impacto do encontro de hoje transcende as fronteiras nacionais e surge como
mais um entre os vários exemplos por que Moçambique é conhecido pelo mundo
fora, como um país que sempre conseguir encontrar soluções para os seus
problemas, independentemente dos sacrifícios que tal por vezes implica para os
seus cidadãos.
Esperemos,
pois, que esta seja mais uma oportunidade para o país aparecer em alta aos
olhos do mundo, outra vez como o exemplo de como fazer das diferenças um motivo
para desenvolver e construir uma nação democrática, e que seja uma inspiração
para o mundo e para todos os moçambicanos.
Notícias (mz) – editorial, Sexta, 05 Setembro 2014
*Título
PG
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