José António, líder
dos antigos trabalhadores angolanos na ex-RDA
Voz
da América, em Angola Fala Só
“Os
angolanos têm de reivindicar os seus direitos”, disse José António, líder dos
antigos trabalhadores na ex-República Democrática da Alemanha (RDA) na conversa
mantida hoje, 17, com os ouvintes da VOA no programa Angola Fala Só.
António
explicou repetidas vezes a pedido dos ouvintes a luta que ele e os seus colegas
têm travado nos últimos 20 anos para reaver o dinheiro que o Estado angolano
lhes deve depois de terem trabalhado por vários anos na antiga RDA.
Neste
momento, disse, “temos uma nova advogada a quem foi instruída o que fazer para
que esse processo chegue ao seu fim”, explicou José António, quem, questionado
por um ouvinte, afirmou não acreditar que o tribunal não lhes dê razão: “o
Governo angolano já reconheceu que a razão está do nosso lado, portanto o
tribunal não poderá ir por outro caminho”.
Segundo
o convidado do programa, em Agosto de 2003 o presidente José Eduardo dos Santos
determinou que o Estado pagasse o que devia aos antigos trabalhadores e, para
ele, “o que tem acontecido é falta de cumprimento por parte dos ministérios das
Finanças e da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), que
não querem pagar o que devem”.
Instado
por ouvintes por que razão Angola envia dinheiro para a Guiné-Bissau e para os
bancos e paga salários de miséria aos seus trabalhadores, José António afirmou
que os “angolanos devem exigir os seus direitos e manifestar as suas posições
porque um dia a situação mudará”.
Sem
entrar em questões políticas, António, no entanto, defendeu uma nova lei
laboral, “de acordo com os padrões internacionais e de respeito pelos direitos
humanos”.
Aliás,
o líder dos antigos trabalhadores na ex-RDA recordou encontros que manteve com
representantes da Comissão Africana dos Direitos Humanos que indicaram que
Angola devia seguir os padrões internacionais. “Tem de respeitar os direitos
dos trabalhadores porque são direitos humanos também”, reforçou António.
O
convidado do Angola Fala Só não comentou a opinião de um ouvinte que criticou o
desfasamento salarial entre policias e militares, mas exortou cada classe a
exigir o que lhe é devido.
Um
ouvinte que acusou duramente o Governo de catalogar a todos que lhe criticam de
pertencerem à Unita ou ao inimigo, ouviu José António recusar qualquer ligação
a partidos e dizer que “quem estiver à frente do Governo deve responder pelos
acordos assinados pelo Estado angolano”.
António
também reiterou que Alemanha cumpriu o acordo assinado com Angola e o seu grupo
está a exigir que o Governo de Luanda “pague o que foi transferido e respeite
os contratos realizados na década de 1980.
O
nosso convidado, em resposta a um ouvinte que acusou o Governo de apenas se
preocupar com os deveres dos trabalhadores e não com os seus direitos, reiterou
que eles cumpriram os seus deveres e querem que “os direitos sejam agora
respeitados.
“Os
angolanos terão de aprender a lutar pelos seus direitos e exigir dignidade”,
concluiu José António que disse acreditar que a solução do seu problema será
encontrada em breve “de preferência sem recurso ao tribunal”.
Refira-se
que muitos ouvintes criticaram durante o programa a postura do porta-voz do
MPLA em Luanda
Noberto Nogueira na edição do Angola Fala Só de 26 de
Setembro. “Ele apenas destila ódio quando se fala de paz em Angola”, acusou um
ouvinte, que foi secundado por outros.
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