Afropress,
redação
S.
Paulo – Os nomes de maior expressão e visibilidade do movimento negro
brasileiro, que se tornaram militantes partidários, foram derrotados nas
eleições deste ano. Da degola das urnas, só escaparam a ex-governadora Benedita
da Silva, que disputou a reeleição para deputada federal pelo PT do Rio, e
Vicente Paulo da Silva, Vicentinho, do PT paulista, que tem sua maior base
no movimento sindical por ter sido presidente da maior central sindical do país
- a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Vicentinho teve 89.0001
(0.42%) dos votos e Benedita 48.163 (0.63%).
Também
em S. Paulo ,
a sambista Leci Brandão conseguiu se reeleger pelo PC do B, com 71.136 votos
(0.35%) do total e continuará sendo a única mulher negra na Assembléia
Legislativa de S. Paulo.
Entre
os 513 deputados que se elegeram em 05 de outubro, 410 (79,9%) se declaram
brancos, 81 (15,79%), se autodeclaram pardos e 2 (4,29%) pretos – o que
significa que negros correspondem a 20% da formação da Câmara dos Deputados,
embora representem 53,1% da população segundo a mais recente Pesquisa Nacional
de Amostra por Domicílio do IBGE (PNAD 2013).
Entre
os derrotados estão, o ex-ministro da SEPPIR, Edson Santos (foto), candidato a
deputado federal pelo Rio de Janeiro, que obteve apenas 18.950 votos (0.25%) do
total e o empresário e pagodeiro Netinho de Paula, vereador pelo PC do B que,
depois de quase 8 milhões de votos para senador nas eleições de 2010, não
conseguiu passar dos 82.105 votos (0.39%) para deputado federal.
Netinho
(foto abaixo) também ocupou a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade
Racial (SMPIR), criada pelo prefeito Fernando Haddad, e conseguiu, para
disputar a eleição, deixar no cargo um aliado, Antonio Pinto, porém, nada disso
foi suficiente para alavancar sua votação.
Fiasco
Na
Bahia, que tem a maior população negra em números absolutos, nomes comnhecidos
como o de deputado Luiz Alberto (PT), Elias Sampaio e Olívia Santana, não
escaparam do fiasco eleitoral: Luiz Alberto (foto abaixo), que disputava a
reeleição para a Câmara Federal pelo PT, teve minguados 48.531 votos – o
equivalente a (0.73%) -, e Olívia Santana, uma das apostas do PC do B, teve
24.167 (0.35%), votação insuficiente para se eleger deputada estadual.
Já
Sampaio, que ocupou o cargo de Secretário da Promoção da Igualdade Racial
(Sepromi) não passou de 4.285 votos (0.06%), na disputa para ocupar uma cadeira
na Assembléia Legislativa da Bahia.
O
insucesso nas urnas dos candidatos negros de maior visibilidade do movimento
negro da Bahia, é encarada por analistas como uma derrota política da ministra
chefe da SEPPIR, Luiza Bairros, em sua própria base eleitoral.
Não
foi só na Bahia que a ministra chefe perdeu ao tentar eleger candidatos com
quem tinha ligações do tempo de militância no Movimento Negro Unificado (MNU):
Reginete Bispo, a candidata apoiada por ela no Rio Grande do Sul (chegou a
gravar um depoimento veiculado na campanha), teve apenas 5.997 (0.10%)
para a Assembléia Legislativa gaúcha.
Derrotas
A
degola das urnas não poupou outros nomes de peso como o da deputada Janete
Pietá, de Guarulhos, que ficou no caminho ao tentar se reeleger deputada
federal: ficou com 77.595 votos (0.37%).
Outro
derrotado nas urnas foi o maranhense Domingos Dutra, que concorreu pelo Partido
Solidariedade e teve 40.424 votos (1.31%) do total, insuficientes para se
reeleger deputado federal, o mesmo ocorrendo com Gilberto Palmares, candidato a
deputado estadual pelo PT carioca e ficou com 29.657 votos (0.38%).
Outro
nome que não conseguiu se eleger, foi a desembargadora Luislinda Valois, a
primeira juíza negra do Brasil, que disputou uma vaga na Câmara Federal pelo
PSDB e ficou com 9.557 votos (0.14%). Também derrotada nas urnas, Silvia
Cerqueira, advogada do Movimento Negro Unificado (MNU), candidata pelo PRB da
Bahia, obteve apenas 1.920 votos (0.03%) para deputada estadual.
O
advogado Marco Antonio Zito Alvarenga, ex-presidente do Conselho Estadual de
Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de S. Paulo, é outro nome
que engrossa a lista de derrotados nas urnas: ele teve somente 1.0129 votos
(0.01%) ao buscar uma vaga na Assembléia Legislativa de S. Paulo, pelo PTB.
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