quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

DIA MORNO. EXPRESSO COM SABOR A CHÁ. MOSTRA DE EVIDENCIAS AO REBANHO




Bom dia! Hoje tem de levar com um Expresso Curto com sabor a chá da velha Albion. A tal da rainha já cheia de teias de aranha. Mas rainha de Inglaterra e arredores.

O Expresso Curto deixa-nos vislumbrar acontecimentos de ontem e de hoje. Em Portugal vai ser um dia morno, politicamente. Faz lembrar os tempos de Salazar. Mas não é de estranhar, com um presidente da República salazarista e um governo mais além do salazarismo o morno e a paz podre imperam. Para agravar a situação temos um Partido Socialista que nem toca as faldas da social-democracia na maior parte dos dias do ano. É a personalização de uma oposição à espera de saltar para o saque ao que os poderes têm proporcionado até agora: muita corrupção. Os indícios e as provas são exatamente assim. A mostra assenta no passado. O futuro assim será se o PS voltar aos poderes. António Costa esquece-se disso e considera que os portugueses são um rebanho de balir consentâneo. Mas ele ou alguém no seu cargo de líder do PS dos grandes empresários e do grande capital têm por destino aprender que o rebanho um dia se revolta e não os elegerá para fazerem o mesmo do costume, saquear.

Já agora falemos do evidente. Alguma vez o rebanho de eleitores portugueses deu maioria aos partidos de esquerda? Ao PCP ou ao BE? Não. Em vez disso investe sempre nos mesmos. Os do chamado Arco da Governação. O CDS, o PSD e o PS. E por eles há quantos anos temos vindo a ser mal governados e roubados? E não são desses partidos políticos os indiciados ou condenados por roubalheiras e negócios escuros? São. E não é Cavaco Silva, o individuo que mais tempo esteve nos poderes políticos, a governar e na presidência da República? E não é ele que tem igualmente a sua quota parte de responsabilidades na miséria cavada ao longo de 40 anos e que abunda em Portugal? Então porque razão os eleitores portugueses elegem gente desta? E então porque razão os eleitores portugueses são propensos a eleger sempre os mesmos apesar de saberem e comprovarem que ao longo de tantos anos de partilha dos poderes montaram verdadeiras máfias que esgotam os recursos dos portugueses e de Portugal?

Pensem nisso. Tenham um bom dia, se conseguirem. Tomem lá o vosso Expresso Curto  a saber a chá com o simpático Ricardo Costa, diretor do jornal Expresso. (PG)

Grande Bruxelas está a observar-nos*

Somos ou não somos bons alunos? Depende do dia. Pelo menos em Bruxelas. Nuns somos o exemplo de quem ganhou a confiança dos mercados e soube jogar com as regras da Zona Euro, no outro levamos um puxão de orelhas. Portugal, novamente o mau aluno?pergunta, e bem, a correspondente do Expresso em Bruxelas, Susana Frexes, num artigo que explica muito bem esta… bem… esquizofrenia.

E estar sob vigilância da União Europeia é assim tão mau? Aqui entre nós, eu acho que não. E o João Vieira Pereira, que perdeu algum tempo com o assunto, já gravou um curto vídeo no Expresso Online, com o sugestivo título de Vigilância ou ratoeira? onde explica o que está em causa.

Em resumo, esta admoestação de Bruxelas não tem grande valor, é um automatismo previsível e sem grande peso político. Aliás, uma passagem rápida pelos jornais internacionais mostra que a notícia do dia nos corredores bruxelenses não era Portugal, mas França e Itália. E porquê? Porque o que Bruxelas anunciou, em pacote, foi que estes países têm mais dois anos para atingir a meta do défice de 3%. E isso, sim, é verdadeiramente importante.

Já agora, os nossos colegas do Observador contam que o alemão Commerzbank descobriu agora que Portugal tem menos risco político que Espanha, coisa que qualquer pessoa que costume abrir os olhos ao longo do dia já sabia. Já que estamos a falar de dinheiro, a grande notícia orçamental da jornada é a apresentação em Nova Deli do orçamento dos comboios da Índia. Diz a BBC que vai ser uma coisa épica, apontando para uns 9 mil milhões de dólares.

Por cá, a grande discussão política não vai ser esta, mas o súbito amor da liderança do PS pelo investimento chinês e pelas melhorias que Portugal apresenta nos anos mais recentes. A frase que foi descoberta por Nuno Melo pegou fogo à pradaria e já deu origem a um toque de telemóvel muito popular pelas bandas da maioria. No PS a fúria deu lugar a uma tentativa de explicação não muito bem sucedida. No Expresso, onde (confesso) nos divertimos com estas coisas, já olhámos para o assunto: Pedro Santos Guerreiro em O melhor está sempre para vir e Bernardo Ferrão em Made in Costa explicam bem o que está em causa na polémica do momento.

OUTRAS NOTÍCIAS

É hoje. Finalmente, Zeinal Bava vai ao parlamento falar do ruinoso investimento que a PT fez na Rioforte, derretendo quase €900 milhões em menos de um fósforo. Neste artigo explicamos quais são as perguntas a que Zeinal tem que responder.

Com muitas dúvidas continua o caso Sócrates, sem ninguém perceber muito bem o que se passa processualmente. O Expresso elencou 11 dúvidas sobre este caso e tenta esclarecê-las neste artigo. Vale muito a pena ler o trabalho do Rui Gustavo e do Micael Pereira.

Os catalães do Caixabank já entregaram o pedido de registo da OPA ao BPI e estamos agora à espera que a administração do banco português se pronuncie, na mais importante operação bancária dos últimos tempos.

Ainda na banca, Jardim Gonçalves e alguns ex-colegas do BCP tiveram ontem uma má notícia, com a confirmação de condenações por manipulação do mercado.

Mudando de agulha, Leonardo Jardim fez um brilharete na Champions ao vencer por 1-3 no campo do Arsenal. Hoje é a vez do Sporting tentar salvar a face na Liga Europa quando tentar virar a eliminatória com o Wolfsburgo, em Alvalade, num jogo que é transmitido na SIC (20h05)

O vídeo do dia é a aparatosa queda de Madonna nos Brit Awards. Mas, pelo que se sabe, foi maior o susto que as consequências. E a célebre queda de Pedro Abrunhosa já tem com quem ombrear.

Já agora, e para algo muito útil para quando for beber um cafezinho, a Kentucky Fried Chicken vai lançar um copo de café que é comestível. Isso mesmo, depois de beber o café, pode passar a comer o copo de papel. A Slate garante que a grande notícia é que o copo não sabe a assas de frango.

FRASES

Nunca imaginei ver este resultado aqui. Mas é merecido". Príncipe Alberto do Mónaco depois da vitória da sua equipa em Londres frente ao Arsenal.

“Não temos problemas de liquidez para o setor público. Mas vamos ter definitivamente um problema em reembolsar a prestações do FMI agora e do BCE em julho”, Yanis Varoufakis, ministro das Finanças da Grécia, em declarações a uma rádio grega

“Depois de ler atentamente a carta que o Governo grego enviou à Comissão Europeia, sou obrigado a admitir que concordo com quase tudo, acho excelente, desejo muito que seja verdade, e que se aquilo é um programa de esquerda radical então podem começar a chamar-me Rosa Luxemburgo”, João Miguel Tavares, no Público, sobre a carta escrita por Varoufakis ao Eurogrupo com os compromissos do Governo grego

O QUE EU ANDO A LER

Em semana de ressaca de Óscares, já li e reli uma maravilhosa entrevista com um dos realizadores mais maltratados por Hollywod, o brilhante Francis Ford Coppola, agora dedicado a produzir vinhos e a gerir resorts turísticos. A conversa recente com o Financial Times pode ler-se aqui (atenção, o FT tem uma paywall, embora se apanhe na net se se usar o título Breakfast with the FT: Francis Ford Coppola).

Pois bem, Coppola – que só pelo Apocalipse Now já merece figurar em qualquer história do cinema – fala de tudo: da absoluta loucura que foi filmar esse filme (há um documentário imperdível sobre isso,Hearts of Darkness: a filmmaker’s apocalipse), de como toda a gente ia ficando doida nessa altura, até à falência, uns anos mais tarde, dele, dos seus estúdios e de tudo à sua volta, quando quase ninguém percebeu ou gostou de One from the Heart (Do fundo do coração). De um momento para o outro, tudo o que ele tinha ficou literalmente nas mãos do Chase Manhattan Bank.

A entrevista com Coppola vale a pena porque mostra a sua força, o seu amor pelos seus vinhos e hotéis e por uma família de gente do cinema. Mas também o desencanto nada azedo por uma indústria demasiado formatada em que o sucesso de uns anos (32 nomeações para os Óscares e 11 estatuetas em quatro filmes seguidos!!!) nasceu de um golpe de sorte –ninguém queria realizar O Padrinho - e o desastre absoluto de um filme lindo, mas arriscado.

Depois disto, podia brindar ao dia com um vinho de Coppola (sugiro oZinfandel), mas é muito cedo para isso. Resta-me, então, lembrar que deve estar atento ao Expresso Online, onde o dia passa a correr e que ao fim da tarde arrumamos tudo, com opinião exclusiva e notícias em primeira mão, no Expresso Diário. É só usar o código que está na capa da Revista. Saiba como aqui. Amanhã vai estar aqui o Martim Silva, logo pela manhã. Bom dia. E porte-se bem que Bruxelas está à espreita…

*O título no original é “Big Brussels is watching you”, em ingles (?). Assimilados.

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