O
comentário do presidente do Comitê da Duma para as Relações Exteriores, Aleksei
Pushkov, de que a formação da aliança político-militar entre Rússia e China
constitui o maior fracasso do Governo Obama, recebeu o apoio do Professor João
Cláudio Pitillo, especialista em História da Rússia, que falou com
exclusividade para a Sputnik Brasil.
“Do
ponto de vista dos princípios da política externa americana, posicionar-se ao
mesmo tempo contra Pequim e Moscou é algo proibido”, afirmou o Deputado
Pushkov, em entrevista ao jornal Izvestia. “Isto é perigoso e desvantajoso para
os Estados Unidos. Além disso, o poderio da China neste momento está a um nível
muito superior ao que estava nos tempos de Mao Tsé-Tung. A formação da aliança
político-militar entre a Rússia e a China é o maior fracasso da administração
de Obama. Não são os fracassos no Afeganistão, Iraque ou na Líbia, mas esse
exatamente”.
O
professor brasileiro João Cláudio Pitillo concorda com a teoria do parlamentar
russo: “Foi a maior derrota da Administração Obama e também a maior derrota da
União Europeia”, diz Pitillo. “Porque a União Europeia, desde que começou o
conflito na Ucrânia, insuflado pela Europa, pôs-se no papel de seguir a
deliberação de Washington, de tentar isolar a Rússia. Os russos, então,
apostaram no fortalecimento dos BRICS e se dedicaram ao relacionamento com a
China, o que tornará a Rússia e a China não apenas potências regionais, mas,
sim, potências globais”.
A
respeito do comentário de Aleksei Pushkov, de que “a China dá os primeiros
passos como potência global”, o Professor Pitillo acrescentou: “A China é um
país em franco desenvolvimento, e a Rússia retomou o desenvolvimento que fora
interrompido quando houve a troca de regime. E nos últimos dez anos,
principalmente nas Administrações do Presidente Vladimir Putin, foi levada em
consideração a necessidade de a Rússia ir em busca de novos parceiros no
exterior, para poder novamente conquistar seu espaço no mercado internacional”.
João
Cláudio Pitillo acrescenta, destacando: “A Rússia tem feito isso sem usar o imperialismo
que é a marca dos Estados Unidos e da Europa. Não se vê um comportamento
agressivo das grandes corporações russas, nem a participação em atos belicistas
em conjunto com as Forças Armadas do país. É muito diferente do que faz o
Governo Obama, que tem apelado para a velha fórmula da guerra, para tentar sair
da crise”.
Sobre
o alinhamento que se observa já há algum tempo entre China e Rússia, que têm
tomado posições conjuntas, por exemplo, no Conselho de Segurança da ONU, o
Professor Pitillo lembra que foram os vetos dos dois países que evitaram um
ataque militar do Ocidente contra a Síria e o Irã. “Essa postura diplomática
tem sido benéfica não apenas para a Rússia e a China, mas também para o
equilíbrio global”.
Finalmente,
João Cláudio Pitillo afirmou à Sputnik Brasil: “Esse fortalecimento dos laços
entre Rússia e China vai ter reflexos também no Brasil, porque esses três
países, mais a Índia e a África do Sul, estão todos juntos no bloco BRICS”.
AFP 2015/ POOL / SERGEI ILNITSKY / Sputnik, opinião
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