domingo, 7 de junho de 2015

Economist. Moçambique enfrenta anos de difícil consolidação orçamental




A Economist Intelligence Unit considera que Moçambique enfrenta "um período desconfortável de consolidação orçamental" se quiser evitar um aumento da dívida pública, cujos níveis são, para já, sustentáveis face ao previsível forte crescimento da economia.

"Desde que a economia continue a garantir o forte crescimento que é esperado, a dívida pública de Moçambique não é considerada insustentável, mas se o apoio orçamental dos doadores continuar a cair e como ainda faltam pelo menos cinco anos até que as receitas da exploração dos recursos naturais cheguem, o Governo enfrenta um período desconfortável de consolidação orçamental se quiser evitar problemas com a dívida", lê-se num relatório.

De acordo com a nota enviada da unidade de análise económica da revista britânica The Economist aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, "a dívida pública disparou nos últimos cinco anos, com o antigo Presidente Armando Guebuza a deixar subir o défice para 10,8% em 2014, financiado crescentemente pelo recurso a empréstimos não concessionais".

O tema da dívida pública é um dos aspetos económicos mais debatidos em Moçambique, com alguns a argumentarem que é um mal necessário porque garante o desenvolvimento do país, e outros a sublinharem que é um fardo que se vai passar para as próximas gerações, e que dificulta o desenvolvimento do tecido empresarial nacional.

"O recurso a empréstimos tem cada vez mais substituído as doações externas para financiar o ambicioso programa de investimentos do governo, havendo uma tendência que mostra um apetite cada vez maior por empréstimos não concessionais do Brasil, Portugal e China", escrevem os peritos da EIU, notando que "apesar de os níveis de dívida atuais serem considerados aceitáveis - 36% do PIB em 2014, segundo o Ministério das Finanças -, o Fundo Monetário Internacional já avisou que o espaço para mais dívida é limitado".

O problema, sublinham os analistas da EIU, é que o orçamento para este ano prevê mais mil milhões de dólares de empréstimos, para financiar 16% do total da despesa pública: "Apesar de o total da despesa ter sido cortada 10% quando comparado com a versão revista do orçamento de 2014, o aumento nos empréstimos do Governo compensa o declínio do apoio orçamental dos doadores, que deve cair 6,8% este ano".

Assim, concluem, como a receita deve diminuir, nomeadamente dos doadores internacionais, "parcialmente por causa de deceção com os padrões de governação de Moçambique, há o receio de que o Governo continue a acumular dívida enquanto não entram as receitas do gás natural, a partir de 2020".

Lusa, em Notícias ao Minuto

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