Rita Brandão Guerra e São José Almeida – Público – foto Rui
Gaudêncio
Início do segundo
dia do XIX Congresso pautado pelas intervenções do líder parlamentar comunista,
pelo ex-secretário-geral Carlos Carvalhas e deputado Agostinho Lopes.
Bernardino Soares,
líder parlamentar do PCP, defendeu neste sábado, no XIX Congresso do partido, a
decorrer até domingo, em Almada, que só há verdadeira democracia quando ela
contempla as esferas económica, social e cultural.
“Os elementos da
democracia económica, social e cultural não existem sem a democracia política.
Mas também não há democracia política verdadeira e plena sem que haja
democracia económica, social e cultural”, disse Bernardino Soares.
O dirigente
comunista subiu ao palanque para defender que o regime democrático está
“amputado” quando o poder político é refém do poder económico e quando os
governos são “fiéis executores” das orientações dos grandes grupos económicos.
Durante a
intervenção, largamente aplaudida pelos congressistas, Bernardino tinha na
manga os “executores” dessa política, criticando duramente a lógica de
alternância no poder entre PS, PDS e CDS.
Mudar, mas pouco
“A alternância que praticam entre si é isso mesmo: mudar os protagonistas para procurar garantir que a política não muda”, acusou o líder da bancada parlamentar do PCP. E deu exemplos: “Sempre que necessário, PSD e CDS apoiaram os governos e as maiorias do PS, tal como o PS apoiou os governos e as maiorias do PSD e do CDS. O PS assinou o pacto de agressão, o PSD e o CDS subscreveram-no. O PSD e o CDS aplicam-no no Governo e o PS subscreve as decisões fundamentais.”
Também nesta manhã,
foi a vez de Carlos Carvalhas, ex-secretário-geral, intervir perante uma
audiência de mais de 1250 delegados. No discurso, Carvalhas acusou os mercados
de "sugar o máximo", defendeu que "o Estado transformou-se, de
facto, em prestamista dos bancos" e terminou a justificar a necessidade da
renegociação da dívida para pôr o país a crescer.
"Depois de
negarem a evidência começaram então a conjugar o “re”, de reavaliação, de
reanálise, de revisitação da dívida e dos termos acordados com a troika, para
evitarem chamar os bois pelos nomes: renegociação", disse Carvalhas.
Também o ex-líder
do PCP, à semelhança de Bernardino, criticou o "rotativismo" entre os
três maiores partidos. Já no final da intervenção, Carlos Carvalhas defendeu a
formação de um governo de esquerda. Os delegados ao Congresso aplaudiram de pé.
Preparar a saída do
euro
A ideia de um Governo de esquerda também esteve presente na intervenmção do deputado Agostinho Lopes, eleito por Braga. E um dos trabalhos desse executivo, defendeu é preparar o país para abandonar a moeda única europeia.
“Há duas ilusões a
evitar. A de que é possível uma alternativa com a manutenção do euro e mais
federalismo, como querem o PS e o Bloco de Esquerda; e a ideia de que tudo se
resolve com uma saída pura e simples do euro, qualquer que seja a forma como se
sai e as condições de saída”, advertiu Agostinho Lopes.
Nesse sentido, um
governo “patriótico e de esquerda” deve preparar o país para “a reconfiguração
da zona euro, nomeadamente a saída da união económica e monetária, por decisão
própria ou crise na União Europeia, salvaguardando os interesses de Portugal”.
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